Alexander
Consigo lidar com qualquer situação: com terroristas, com abusadores malditos, com cretinos como Brandon. Mas com ela... com Evelyn... nunca sei exatamente como agir. Me descubro a cada dia. Há momentos em que gosto do que estou me tornando para ela, mas, ao mesmo tempo...
Prometi curá-la de todos os seus traumas. E vou fazer isso acontecer. Só que resistir a ela hoje foi a coisa mais difícil que já precisei fazer. Toda vez que fecho os olhos, me vem a imagem dela, tão entregue para mim naquele quarto. Minha vontade era jogá-la na cama e mostrar para ela o que é ser minha. Mas aquelas palavras dela:
“Eu quero você.”
Elas tiveram um impacto dentro de mim. Eu também a quero. Ela já é minha. Só preciso consumar isso. Mas Evelyn não está pronta. E quando ela descobrir que o que teve com Brandon nunca foi amor... isso vai destruí-la.
Inventei mil desculpas e me escondi na sala de reuniões. Minha cabeça era um turbilhão, meu corpo gritava por ela. O melhor seria me afastar, deixar as coisas se acalmarem.
Estava distraído, olhando para o nada, deixando meus pensamentos vagarem entre o que eu queria e o que devia fazer. Só percebi que não estava mais sozinho quando ouvi a voz da Jordan.
— O que a coitada da garrafa te fez?
Olhei para ela, confuso, mas não respondi. Ela deve ter notado minha expressão.
— Desculpa, eu bati, mas você não me ouviu. Precisava sair de lá. Se eu passasse mais cinco minutos ouvindo a Emily falando aquelas besteiras com a Abigail... — ela bufou. — Eu juro que abriria a porta e a jogava pra fora.
Um sorriso escapou dos meus lábios. Fiz sinal com a cabeça para que ela se sentasse.
— E a Evelyn?
Perguntei, levando o copo à boca.
— Não saiu do quarto desde que entrou.
Ouvir aquilo me fez querer ir até lá, ver como ela estava. Talvez sozinha, a mente dela começasse a brincar com ela de novo... e ela surtasse.
— Cara...
A voz da Jordan me tirou do meu caos interno.
— Você tá completamente de quatro pela mulher.
A fuzilei com os olhos, e ela levantou as mãos como se estivesse se rendendo. Por um momento, o silêncio se instalou entre nós. Eu tomava minha bebida, lutando contra os pensamentos, e Jordan estava sentada ao meu lado, com os pés na poltrona e os joelhos abraçados. Mas ela é hiperativa demais. Não aguentou ficar calada e quebrou o silêncio.
— Ela. A sua garota...
Virei o rosto para ela.
— É a Evelyn Parker, né?
Fui resetado no momento em que ela disse o nome da Evelyn. Era como se meu corpo tivesse recebido um comando para ficar em alerta.
— Qual seu interesse nisso?
Meu tom era frio. Calculado.
— Ouvia o Brandon falar sobre ela quando me prendia, e eu fingia estar dormindo.
Jordan puxou o capuz ao mencionar a lembrança. Brandon realmente tinha o dom de causar traumas.
— Eu vou querer saber o que ele falava?
Ela levantou os ombros, como se tanto fizesse contar ou não.
— Depende. Depois que vi como você ficou quando ela sumiu, e seu jeito agora há pouco... talvez não goste muito.
Me recostei na cadeira, tomando mais um gole da bebida. Olhei para ela, e Jordan simplesmente assentiu. Era esperta, e pelo visto já me conhecia.
— Brandon sempre dizia como era bom ter ela: jovem, bonita, dócil. Disse que quando a conheceu ela estava quebrada, os pais tinham morrido. E que quando descobriu que ela nunca tinha tido ninguém... ela era pura. Foi essa a palavra que ele usou.
A raiva começou a borbulhar dentro de mim, mas deixei que ela continuasse.
— Foi isso que o atraiu. No começo era só isso que ele queria. Depois descobriu os benefícios: um lugar pra morar, pra se esconder...
Jordan tirou os pés da poltrona. Comecei a perceber os sinais de desconforto.
— Ele a usava como troféu para aqueles babacas. Nunca gostou dela de verdade. Sempre que vinha para Berlim, trazia outras mulheres com ele.
Ela apoiou os cotovelos nos joelhos.
— Todas somos troféus para aquele cretino. Eu, Evelyn... todas as conquistas que ele teve ao longo da maldita vida.
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