Evelyn
Todos os meus medos, dúvidas e receios caíram.
Se houve uma muralha um dia na minha vida, ela veio abaixo.
Hoje, eu conheci o verdadeiro Alexander. E gostei de cada pedacinho dele.
Tivemos um momento maravilhoso. Foi muito mais que sexo, desejo e prazer.
Foi amor.
Tudo parecia melhor, como se agora fôssemos, de verdade, um casal.
Ele disse que precisávamos ir até minha casa. Acredita que Brandon deixou alguma pista para ele.
Eu não discuti nem questionei.
Depois dos últimos acontecimentos e das nossas brigas, tudo que eu menos queria era contrariá-lo.
A viagem foi tranquila.
Alex percebeu que estávamos sendo seguidos, mas ele e Jackson têm uma conexão incrível, e logo, quem quer que estivesse atrás de nós, desapareceu.
Quando chegamos, Alex quis entrar sozinho para verificar a casa.
Fiquei na varanda o esperando.
Notei o carro de Jackson, mas ninguém saiu de lá.
Alguns minutos se passaram até Abby, sempre escandalosa chegar.
Eu já havia avisado a ela, no caminho, que estava vindo.
No mesmo instante, Jordan saiu do carro, e logo em seguida Jackson.
Me levantei do balanço e fiquei em pé, observando de longe a interação dos dois... até que Jordan praticamente correu até mim.
Desci os degraus para encontrá-la.
— Tudo bem? — perguntei, preocupada.
— Sim. — respondeu rápido, mas eu a conhecia bem demais pra cair nessa mentira.
Desde que saí do hospital, ainda não sabia exatamente o que Schmidt tinha dito.
Mas sabia que aquilo não tinha mexido só com o Alex.
Tinha mexido com Jordan também.
E havia esse sentimento dela crescendo por Jackson... que, mesmo notando o quanto isso mexia com Alexander, eu via que, de alguma maneira, Jack retribuía.
— Minha menina, não guarda pra você. — A puxei pra perto. — Sabe que estou sempre aqui, né?
Ela assentiu, abraçada a mim.
Alex abriu a porta, e sua voz grave nos tirou do momento.
— Qual o problema?
Jordan levantou a cabeça para olhar para ele, mas Jackson e Abigail se aproximaram, e ela aproveitou o instante para escapar.
— Evie, pode me dizer onde é o banheiro?
A orientei rapidamente. Ela subiu as escadas feito um tufão.
Pensei em ir atrás, mas Alex se aproximou, envolvendo o braço na minha cintura.
— Jack, traga todo o material. Começaremos imediatamente. Pretendo ir embora amanhã de manhã.
Jackson assentiu e voltou para o carro.
Abby, que não desviava os olhos de Jack, só saiu do transe quando Alex falou comigo.
— Vou precisar da sua ajuda. — Ele apertou de leve minha cintura e se virou para Abby. — E preciso que você vá embora.
— Alex?! — chamei sua atenção.
— Evelyn, não estamos aqui a passeio.
Olhei pra ele, incrédula.
Ele respondeu com a maior naturalidade, como se estivesse falando com um dos seus funcionários.
Jackson se aproximou, e Abby se despediu sem graça.
Entramos, e Jordan já nos esperava.
— Vou até o carro buscar meu computador. Depois vou andar por aí, preciso avaliar as câmeras e mandar umas fotos para o Diego.
Ela se dirigia ao Alexander, mas foi Jackson quem respondeu:
— Não vai sair sozinha. Ainda não temos certeza se despistamos aqueles caras.
— Estou só avisando o que vou fazer. Não pedi autorização. Me chamaram pra um serviço, e é isso que vou fazer.
Enquanto aquilo irritou Jackson, arrancou um sorriso do Alexander.
Passei meus braços pelos dela.
— Você pode ir… depois que tirar esse agasalho. Está mais de trinta graus lá fora, é verão! Vamos subir, pegar uma roupa minha.
Não dei tempo de ela protestar.
Subimos e deixamos os caras fazerem o que vieram fazer.
Assim que passamos pela porta do meu quarto, fechei-a e a puxei para sentar na cama.
— Agora me fala.
Ela me olhou confusa.
— O quê? — revirei os olhos.
— Você nunca trata o Jack assim. O que aconteceu?
Tirei seu cabelo do rosto para vê-la melhor.
Ela deitou na cama e ficou encarando o teto.
Fiquei sentada a observando.
Sabia que havia algo para me contar, mas seria no seu tempo.
Alguns minutos se passaram até que ela quebrou o silêncio:
— Você acharia muito estranho… — ela pausou — Jack e eu? — agora seus olhos encontraram os meus.
— Claro que não! — respondi de imediato. — O que teria de estranho?
— Ele começou a gritar comigo. — vi quando ela agarrou os lençóis. — Dizia que eu parecia com ela.
A voz dela embargou.
— Que eu fazia de propósito. Que queria foder com a mente dele.
Ela soltou os lençóis e envolveu os braços ao redor de si.
“Ela morreu! Morreu nos meus braços.”
“Você nunca vai ser ela. Você é uma maldita, como seu irmão!”
— Ele gritava essas coisas sem sentido.
Jordan foi se encolhendo na cama, e naquele momento… me arrependi de ter forçado a pergunta.
Minhas lágrimas agora se misturavam às dela.
— Brandon pegou o ferro quente… que Rosario tinha acabado de usar no meu vestido. Me segurou. E sem aviso... em um único movimento... o colocou no meu rosto.
Senti meu estômago revirar.
Brandon era ainda pior do que eu imaginava.
Sem dizer nada, a puxei para meu colo.
Abracei e comecei a balançá-la, como se aquele embalo pudesse, de alguma forma, amenizar sua dor.
Mesmo sabendo que nada tiraria aquilo dela.
— Eu nunca soube com quem parecia. Nem por que ele odiava meu irmão. — Passei a mão por seus cabelos. — Naquele dia… desmaiei de dor. Quando acordei no hospital, ele estava lá.
Ela saiu do meu colo, sentando-se na cama.
— Implorando perdão. Dizendo que lembrar dela doía demais.
— Me separou da Rosario. Me levou pra Berlim. Me deixava presa quase o tempo todo.
— Hugo… que trabalhava com ele, foi quem me ensinou tudo o que sei. Tinha orgulho de dizer que eu aprendia rápido.
Ela abaixou a cabeça.
— Brandon me tirou tudo. Minha mãe. Meu irmão. Rosario. Hugo…
Seus olhos encontraram os meus.
— Eu nunca vou ser capaz de perdoá-lo.
E é uma pena que ele esteja morto.
Porque a verdade é que...
Meu sonho sempre foi matá-lo.
Naquele momento eu entendi todo ódio dela por ele, toda dor.
E uma pergunta ecoou em minha mente.
Como me enganei tanto com alguém?
Como me deixei enganar dessa forma por Brandon?
Como isso foi possível?

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