Jackson
Eu fui treinado pra manter o foco. Pra não me distrair com nada que pudesse comprometer uma missão.
Mas, naquele acostamento… com a mão dela na minha, o cheiro do cabelo dela, o jeito como desviava o olhar…
Jordan era exatamente tudo o que eu não podia querer.
E tudo o que eu já não conseguia mais evitar.
Venho fugindo desse sentimento há dias. Tentando colocar na minha cabeça que isso não pode acontecer. Que esse sentimento… eu não posso sentir.
Ela tem dezoito anos. É jovem, bonita, inteligente. Marrenta na maioria das vezes, mas uma mulher deslumbrante.
Eu sou um workaholic, casado com o meu trabalho, e ainda por cima dez anos mais velho que ela.
O que uma garota como ela iria querer com um cara como eu?
Diego está logo ali. Jovem como ela. Gostam das mesmas coisas.
Mas eu sou um maldito egoísta.
Não estou disposto a me afastar pra que ele, ou qualquer outro, se aproxime.
Isso não está certo.
Mesmo sabendo que isso não pode acontecer, prometi que conversaríamos sobre ela me hackear… e sobre a irritação com a Abigail.
Me lembrei das palavras dela mais cedo:
“Eu sempre tô de olho em você.”
Ah, essa marrenta... Agora tudo faz sentido. Ela literalmente estava de olho em mim.
Segurei suas mãos nas minhas durante o caminho todo. Sempre acariciando, e às vezes entrelaçando nossos dedos.
Esse gesto simples mexia comigo de tantas formas.
E todas elas eram inéditas.
Ela não recusou minhas carícias.
Mas também não disse uma palavra.
De vez em quando, a pegava me olhando com aqueles olhos negros.
Mas assim que encontrava os meus, ela desviava o olhar rapidamente.
Chegamos em Boerne.
Parei próximo à casa da Evelyn. O carro do Alexander já estava ali.
A mão dela ainda descansava sobre minha perna. A peguei novamente, e fiquei olhando para nossas mãos, sem dizer nada.
Notei que ela havia tirado o cinto e se virado de frente pra mim.
Me voltei também, e levei a mão livre até o seu rosto.
— Quer conversar agora? — perguntei, enquanto acariciava sua pele com a ponta dos dedos.
— Não sei o que falar — ela respondeu, com os olhos presos nos meus.
— Talvez possa começar com o porquê de ter me hackeado — disse, no tom mais suave que consegui.
— Não sou nenhuma louca.
Sorri com suas palavras.
— Jamais pensaria isso de você, marrenta.
Ela sorriu de volta.
Os sorrisos da Jordan eram raros.
Mas quando apareciam...
Era como o sol da manhã aquecendo minha pele gelada.
Soltei um leve suspiro, baixando os olhos por um segundo, tentando encontrar palavras.
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