Jackson
Eu já estava nervoso por Abigail ter interrompido meu momento com Jordan, mas… quando ouvi sua conversa com Evelyn, minha mente explodiu.
Eu era um turbilhão de sentimentos e pensamentos, e juntos eles me causavam o maior conflito interno que já tive em toda a minha vida.
Queria ir até aquele quarto, tirá-la de lá e levá-la para bem longe de toda essa merda. De tudo que lembrasse aquele maldito.
Mas também havia algo dentro de mim.
Algo que passou pela minha mente na primeira vez que a vi.
Só que eu tinha medo de verbalizar, porque seria demais pra digerir.
Seria a confirmação de que Brandon era mais do que um cretino.
Ele era o próprio diabo reencarnado na Terra.
E eu o odiava.
Com cada célula do meu corpo.
Com cada pedaço do meu ser.
Alexander tentou me trazer pra realidade. Tentou me fazer enxergar como ele via as coisas.
No começo, não deu certo.
O enfrentei como nunca tinha feito antes.
E ele sentiu isso.
Mas quando ele disse:
“Mas ela já sofreu demais. E não vou permitir que Brandon, mesmo morto, continue fazendo-a sofrer.”
A ficha caiu.
Ele estava certo.
Precisamos descobrir a verdade.
Não quero que ela sofra nunca mais.
Nossa conversa se encerrou com a lembrança de uma promessa:
“Cuidar dela, pelo resto da vida.”
“Como prometemos.”
Foi nesse momento que ela entrou na sala, com Evelyn ao seu lado.
Quando meus olhos encontraram os dela, eu esqueci de respirar.
Seus olhos pareciam atravessar a minha alma.
Mas eu precisava fingir que não sabia de nada.
Que não tinha ouvido sua conversa.
E ainda tinha a história com a Abigail, onde ela entendeu tudo errado…
E pra completar: o motivo de estarmos aqui não era a passeio.
Tínhamos um serviço.
Mas minha cabeça estava completamente fodida.
Eu não ia conseguir focar em nada.
Sem dizer uma palavra, desviei o olhar do dela.
Virei para Alexander:
— Não consigo, cara. Não agora.
E sem dizer mais nada, saí da sala em direção à porta.
Eu precisava sair dali.
Colocar a cabeça no lugar.
Nem que fosse por alguns minutos.
Precisava voltar a respirar.
Socar alguma coisa.
Gritar.
Ou até mesmo... matar alguém.
Quando cheguei no carro, encostei a cabeça no teto, como se aquilo, de alguma forma, fosse me segurar.
Me ancorar.
Me trazer de volta pra realidade.
Fechei os olhos e fiquei ali, repassando o dia na minha mente.
Senti uma presença se aproximar, mas não me movi.
Me mantive exatamente onde estava.
Ela encostou as costas no carro, ao meu lado.
Mas não disse uma palavra.
Não precisava abrir os olhos pra saber que era ela.
O cheiro suave que sempre vinha dos seus cabelos já tinha me atingido.
Por alguns minutos, continuei do mesmo jeito: calado, olhos fechados.
Até que decidi abri-los e me desencostar do carro.
Assim que o fiz, os olhos dela encontraram os meus.
Tinha algo diferente ali, mas eu não identifiquei de imediato.
— Pode me dizer o que aconteceu? — sua voz era suave, e o rosto carregava uma preocupação sincera.
Levei os dedos até o seu rosto e a acariciei.
Ela não desviou o olhar do meu. Nem recuou ao meu toque.
— Raiva. Frustração. Medo…
Uma junção de sentimentos.
E eu não tô conseguindo controlar.
Ela se desencostou do carro, se aproximou e envolveu os braços em torno da minha cintura.
Deitou a cabeça no meu peito, e na mesma hora, senti meu coração acelerar.
Eu não estava preparado para algo assim.
Por mais que quisesse, por mais que gostasse…
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