Evelyn
Depois de consolar Jordan, dei a ela uma roupa fresca para vestir e decidimos descer para nos encontrar com os meninos.
O clima na sala estava pesado. Quase palpável.
Jackson saiu… e Jordan foi atrás.
Ficamos eu e meu namorado.
Que, aparentemente, estava vivendo um conflito interno.
Tentei entender o que era.
Ele só me falou por cima, sobre a urgência em encontrar o tal cofre, aquele que todo mundo parece achar que eu sei onde está.
Sentei em seu colo, na tentativa de oferecer algum conforto.
Mas, de repente, Alex pressentiu algo.
Se levantou, avaliou o ambiente lá fora e saiu.
Minutos depois… o caos se instalou.
O som seco dos tiros me causava arrepios.
Queria sair pra ver como eles estavam.
Pela janela, consegui ver a movimentação.
Alex protegendo Jordan.
Atirando nos homens que ousaram enfrentá-lo.
Vi Jackson tirar a camisa, revelando o colete.
Abri a porta com cuidado, ao perceber que a ameaça havia sido controlada.
Foi aí que ouvi passos atrás de mim.
Quando me virei, meu coração gelou.
Um homem. Alto. Usava roupas de couro e uma bandana na cabeça.
Ele avançou.
Por reflexo, me esquivei.
— ALEX! — gritei. A porta estava aberta. Ele com certeza me escutaria.
O homem não carregava arma.
Só a vontade estampada no rosto de me pegar.
Corri pelo corredor, em direção ao escritório.
Fui eu quem retirou todas as armas que Brandon deixou naquela casa.
Mas havia uma que eu jamais conseguiria me desfazer:
a arma do meu pai.
Estava guardada na gaveta da escrivaninha, como um lembrete... e uma proteção.
Quando entrei no cômodo, ouvi um baque na porta da frente.
Alex estava chegando.
Me posicionei atrás da mesa. Encarei o homem.
— Não vai conseguir escapar, senhorita Parker — disse ele. A voz carregada de ameaça.
— Posso até não levá-la hoje. Mas outros virão.
Ele não vai desistir até conseguir o que quer.
— Eu não sei onde está esse cofre! Brandon nunca me contou nada! — gritei, abrindo a gaveta secreta da mesa.
— Cofre? — ele riu, debochado.
— Não é isso que o chefe quer.
Olhei para ele, confusa.
Ele notou. E antes que eu perguntasse, respondeu:
— Ele quer você.
Um arrepio percorreu meu corpo inteiro.
Como se aquelas palavras carregassem um mau presságio.
Alex entrou. Avançou no homem.
No mesmo instante, alcancei a arma.
Engatilhei. Mirei.
Alex e o homem lutavam.
Meu namorado tinha vantagem…
Mas o desgraçado sacou uma faca.
Eu precisava agir.
Mas minha mão tremia.
Tinha medo de errar.
"Respira. Mão firme. Mantenha o alvo na mira. Atira."
As instruções do meu pai vieram à tona.
Bang.
Um baque seco.
O homem caiu.
"Boa mira, gatinha."
A voz dele ecoou na minha mente.
Fiquei ali. Parada.
Encarando o corpo no chão.
Alex ofegava por causa da luta.
Eu ainda apontava a arma para o homem.
Mesmo sabendo que ele estava morto.
— Amor… — a voz de Alex me tirou do transe. Eu nem percebi ele se aproximar.
Com cuidado, ele tirou a arma da minha mão e a colocou sobre a mesa.
Eu não me movia.
Mas meu corpo inteiro tremia.
Senti os braços dele me envolvendo pela cintura.
Me puxou de lado, me abraçou.
— Acabou, querida. Eu tô aqui.
A voz dele era suave.
Nem parecia o mesmo homem que, minutos atrás, tinha acabado com os caras lá fora e enfrentado o desgraçado aqui dentro.
Quando a ficha caiu, as palavras daquele homem voltaram a me assombrar.
“Ele quer você.”
— Evie — Alex me chamou.
— Desculpa, amor. Eu tô bem... só fiquei um pouco perdida com tudo.
Ele me puxou e me beijou.
Um daqueles beijos que são capazes de despir até minha alma.
Quando nos separamos, ele encostou a testa na minha.
— Jack foi ferido, e Benjamin já está a caminho.
Vou te tirar daqui. Pelo visto, você não está segura em lugar nenhum.
Agora ele não era só o Alex.
Era o Senhor Sterling.
O CEO implacável, que não deixava nada barato.
Sabia que sua mente, nesse exato momento, estava em chamas, avaliando riscos, buscando culpados, apontando falhas...
Pensando em como me esconder. Ou me manter debaixo de seus olhos.
Antes que eu pudesse responder, Jordan apareceu afobada na porta.
— Alex! — chamou, com o desespero evidente.
— Jack está sangrando muito... e não me responde há dois minutos.
As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto.
— Eu não sei o que fazer.
Alex e eu a seguimos.
Quando chegamos na sala, Jack estava com os olhos fechados.
— Ele disse que tinha sido de raspão... — Alex murmurou, e pude notar o medo escondido na voz dele.
Ele se ajoelhou ao lado do sofá, avaliando a ferida.
Quando seus dedos tocaram o local, Jackson gemeu.
— Jack… — Jordan o chamou, passando a mão em seus cabelos.
Mas ele não respondeu.
Eu precisava daquilo.
Precisava do lugar onde mais me sentia segura.
Nos braços dele.
— Como está se sentindo? — ele perguntou, passando os dedos nos meus cabelos.
— Melhor do que antes. Mas ainda temerosa… principalmente por Jack.
Ele beijou o topo da minha cabeça.
— Ele vai ficar bem.
Reynolds é um dos filhos da puta mais fortes que conheço.
Sorri com a forma dele falar.
Até pra elogiar, Alexander era implacável.
Mas um pensamento me atingiu.
Um que eu vinha tentando afastar desde que tudo aconteceu.
Minha breve conversa com o homem que me atacou.
Sabia que, assim que contasse a Alexander, ele viraria o mundo de cabeça pra baixo.
Só pra descobrir quem era essa pessoa que... me queria.
Virei pra ele, apoiei as mãos em seu peito.
Levei meus lábios até os dele.
O beijo começou lento. Doce. Suave.
Mas quando suas mãos alcançaram minha nuca, me puxou mais pra perto.
Tudo começou a ficar mais intenso.
Mas… aquele não era o momento.
Encerrei o beijo e o encarei.
— Preciso te contar uma coisa — disse com a voz baixa, tentando passar tranquilidade.
Mesmo que, por dentro… eu fosse uma tempestade.
Aqueles olhos jabuticaba me encaravam.
Buscando algo em mim que o ajudasse a entender o que estava por vir.
Esse era Alexander Sterling.
Maníaco por controle.
E também, o amor da minha vida.
— Antes de você chegar ao escritório… troquei algumas palavras com aquele homem.
Lembrar dele me causava arrepios.
Saber que, mesmo em defesa própria, eu matei alguém…
— Eu quis deixar claro — continuei — assim como fiz com Schmidt, que não fazia ideia de onde estava o tal cofre.
Passei as mãos lentamente por seu peito.
Alex não dizia nada.
Só me olhava.
Absorvendo cada palavra.
— Foi aí que ele disse:
“Ele quer você.”
Alexander sentou na cama em um pulo.
Me puxou junto, fazendo com que eu também me sentasse.
— O que isso quer dizer, Evelyn?
A voz dele saiu grave.
Carregada de autoridade.
— Eu não faço ideia, Alex.
Mas seja quem for esse cara…
Ele não está em busca de dinheiro.
Nem de um cofre.
Ou de qualquer coisa que Brandon tenha escondido.
Abaixei a cabeça. Suspirei. E concluí:
— Ele me quer.

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