Alexander
Deixei Viper ir embora. Precisava que o meu recado chegasse até o maldito que quer a minha irmã.
Sim.
Minha irmã.
Depois de todo esse caos... eu ganhei o melhor presente de todos: a certeza de que Jordan é Sophia.
Mas minha alegria morre na lembrança de Brandon.
Aquele cretino escondeu minha irmã todos esses anos.
A prendeu.
A maltratou.
A marcou — emocionalmente e fisicamente.
Depois de uma longa conversa com o xerife — porque, aparentemente, eu acumulei mais corpos em Boerne em um único dia do que a cidade inteira em um ano — caminhei para a saída.
E assim que meus pés cruzaram a porta...
Lá estava ela.
Minha pequena.
Sophia.
Encostada no carro, agarrada ao Jackson.
Se eu acreditasse nessa coisa de destino, diria que ela e Jack foram feitos um para o outro.
Lembro dela pequena, correndo atrás dele e dizendo a todos que se casaria com ele quando crescesse.
E ele… ele sempre teve por ela um amor intenso.
Forte, como o meu de irmão.
Queria ir até lá.
Abraçá-la.
Dizer quem ela é de verdade.
Mas tinha essa coisa dentro de mim que me impedia.
Ainda não sabia o motivo de Brandon ter feito o que fez.
Nem quem é essa pessoa que a quer.
E também…
Tinha algo ainda mais forte dentro de mim.
Medo.
De ela não me aceitar.
De me rejeitar.
De não me amar.
Fui me aproximando deles com cautela.
A senhorita Sterling é muito boa em ler pessoas — me notaria em um piscar de olhos.
E ela notou.
Minha confusão interna estava ali, escancarada no meu silêncio.
— Tudo certo, chefe? — Jack perguntou.
— Sim. Podemos seguir. — Tentei soar da forma mais natural possível.
Me aproximei dela.
Ela se soltou do Jackson e parou bem na minha frente.
Fiquei ali, parado, apenas a admirando por alguns segundos.
Os olhos dela...
Lembravam os meus.
Mas havia um toque da Rachel.
Um brilho intenso, mas ao mesmo tempo doce.
Era o contraste entre nós dois.
— Posso te dar um abraço? — minha voz saiu num sussurro. Baixo.
E tenho certeza de que ela percebeu a vulnerabilidade escondida no meu tom.
Ela não respondeu com palavras.
Apenas me envolveu com seus pequenos braços, encaixando-se em mim como se aquele espaço tivesse sido feito só pra ela.
Ela me abraçou.
E eu a abracei de volta — tão forte.
Minha vontade era nunca mais soltá-la.
Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto.
Achei que minhas lágrimas por ela e por Rachel já haviam secado…
De tanto que chorei.
Mas não.
Elas ainda estavam ali.
Por ela.
Senti os olhos de Jackson sobre mim.
Ele era meu melhor amigo.
Crescemos juntos.
E ele me conhecia bem demais.
Não precisávamos de palavras entre nós.
Olhares.
Gestos.
Eram mais claros do que qualquer coisa que saísse da minha boca.
Ele viu.
Sentiu.
Ele sabia.
Quando me separei dela, ele olhou bem dentro dos meus olhos.
E com um simples aceno de cabeça… eu deixei claro.
É ela.
— Acho melhor voltarmos — ela disse, tirando tanto a mim quanto Jackson do transe que essa revelação nos causou.
— Evie deve estar preocupada. E odeio pensar em deixá-la assim.
Sorri com suas palavras.
Saber que ela amava minha garota tanto quanto eu…
E que agora seríamos, enfim, uma família completa.
Jordan voltou com Jackson.
Eu queria que ela viesse comigo.
Mas entre o “chefe” e o namorado... não havia dúvidas sobre quem ela escolheria.
No caminho até a casa da Evelyn, minha mente — às vezes traiçoeira — me levou dez anos atrás.
Ao dia em que descobri a primeira merda do Anderson.
Fui obrigado a reportar ao nosso imediato.
As coisas começaram a desandar ali.
E eu… fui idiota demais pra não acreditar naquilo que meus olhos me mostravam.
Como os outros, acreditei que tinha sido só um deslize.
Saí das minhas lembranças, e foquei no meu retorno.
Chegamos juntos.
Respirei fundo. Me lembrar de como fui cego ao caráter dele ainda me corroía.
Mas não era tristeza. Era ódio.
Alimentado por cada atitude dele.
— Ele conseguiu contato com um grupo de mulheres que buscavam ajuda humanitária. O que realmente acontece numa guerra, Evie… não passa na TV.
Notei o desconforto nos olhos dela. Voltei minha atenção brevemente à estrada antes de continuar.
— Brandon dava a elas migalhas. Só pra que se entregassem aos soldados.
Evie tirou a mão da minha perna e a levou até a boca.
O choque dela… foi o mesmo que o meu quando descobri.
— Ele… ele as… — ela tentou dizer, mas não conseguiu.
— Sim. Ele pegava o dinheiro dos soldados. E, para as mulheres, ele não dava mais do que um prato de comida.
O canalha se aproveitou da necessidade… do desespero.
— Sei que vai dizer que os soldados também erraram. E sim… erraram.
Mas desde que o mundo é mundo, homens pagam por prazer.
O problema é que eles não sabiam que Brandon estava por trás. Fui eu quem descobriu.
— Todos achavam que as mulheres se ofereciam. Mas a verdade é que Brandon se aliou a uma cretina como ele.
Ela intermediava tudo. Ele arrumava os caras. Ela as mulheres. E no final, os dois dividiam o dinheiro.
Notei lágrimas nos olhos dela.
Mas agora que comecei…
Vou até o fim.
— Eu descobri o esquema. Acabei com aquela palhaçada. E reportei ao nosso imediato.
O que resultou em uma advertência.
— Eles não o expulsaram.
Levaram em consideração a idade dele… o fato das mulheres estarem ali por vontade própria — segundo o que alegaram.
Acharam que um afastamento temporário seria suficiente.
— Brandon me odiou. Quis me bater.
Mas como eu te disse antes… eu sou o melhor.
Ele não tinha chance.
— Eu e os caras tentamos mostrar pra ele como aquilo era errado.
E que o que eu fiz… foi pro bem dele.
Paramos no semáforo.
Apertei o volante, tentando me acalmar.
Lembrar… doía demais.
Evelyn colocou a mão no meu rosto.
— No seu tempo, amor.
Se quiser… continuamos depois.
Ela me acariciava com delicadeza.
Virei os lábios até sua mão e depositei um beijo ali.
— Obrigado, querida.
Mas você precisa saber.
Porque, quando descobrir tudo… sua visão sobre o Brandon vai mudar completamente.
— Hoje… você vai descobrir.
Quem era o seu noivo
Quem era o maldito que acabou com a minha vida
Vai descobrir a verdade sobre Brandon Anderson.

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Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu noivo Morreu e me deixou para o Inimigo