Leonardo
O quarto estava mergulhado em um silêncio pesado, como se até o ar tivesse parado, carregado pelo peso das palavras não ditas. Eu esperava, ajustando os travesseiros às minhas costas para aliviar a dor no ombro. Quando ouvi passos suaves no corredor, meu coração disparou. Não pela dor física, mas pela incerteza do que estava prestes a acontecer.
Amber entrou, hesitante. Seus olhos estavam vermelhos, provavelmente de chorar, e seus dedos brincavam nervosamente com a barra da blusa. Ela parecia tão delicada, tão frágil, mas havia uma força nela que me cativava há anos.
"Vem aqui," disse, minha voz suave, tentando não a assustar mais do que ela já parecia estar. Estendi a mão boa, convidando-a a se aproximar. "Senta-se do meu lado."
Ela se moveu devagar, quase como se precisasse testar o chão antes de cada passo. Quando finalmente se sentou, peguei sua mão. Estava gelada e levemente trêmula. Acariciei seus dedos, um gesto instintivo, tentando transmitir um pouco de calma.
"Como você está?" perguntei, inclinando-me levemente para ela, ignorando a dor que isso provocava.
Amber hesitou antes de responder, sua voz um sussurro frágil. "Confusa. Não sei bem como reagir a tudo isso. Parece que estou vivendo a vida de outra pessoa."
Eu assenti, compreendendo perfeitamente o que ela queria dizer. "Eu entendo." Apertei sua mão com firmeza, mas sem a machucar. "Mas preciso muito da sua ajuda agora. Precisamos acabar com Martina de uma vez por todas e proteger você e as crianças."
Ela respirou fundo, mordendo o lábio como costumava fazer quando estava nervosa. Era um gesto tão familiar que doeu vê-lo novamente, carregado de medo. "Não sei se sou forte o suficiente para isso."
Sem soltar sua mão, inclinei-me um pouco mais, aproximando meu rosto do dela. "Não precisamos de força, Amber. Precisamos de inteligência. Martina é esperta, mas nós precisamos ser mais."
"Como você quer fazer isso?" ela perguntou, sua voz quebrando no final da frase.
"Quando você hackeou meus documentos," comecei, observando-a atentamente, "havia pastas lá. Pastas que contêm todas as provas que precisamos para mandar Martina para a cadeia. Provas dos crimes dela, de tudo que ela fez. Preciso que se lembre dos acessos. Que volte a ser a Amber de antes, só assim vamos conseguir derrotá-la."
"E como vou fazer isso? Eu não sei nem como acessar o sistema da empresa direito." ela tentou se afastar, mas não deixei, segurando seu rosto e colando minha testa a dela.
"Magnus já marcou a terapia para hoje a tarde. Nós não temos muito tempo, Amber, e eu preciso que você se esforce ao máximo para resolvermos essa situação."
"Hoje, mas..."
Amber suspirou, sua respiração ainda trêmula, mas havia algo em seus olhos, uma fagulha de determinação talvez? Ela se aconchegou mais contra mim, como se estivesse buscando conforto em minha presença.
Eu a segurei, deixando que o calor dela aquecesse as partes mais frias e vazias de mim. Ali, naquele momento, nada mais importava além da promessa que acabara de fazer. Sabia que cumprir essa promessa exigiria cada parte de mim. Mas faria. Por ela. Pelas crianças. Por nós.
"Vou proteger vocês," murmurei em seu ouvido. "Nem que seja a última coisa que eu faça."
O silêncio voltou a preencher o quarto, mas agora parecia menos denso. Olhei para Amber em meus braços, e pela primeira vez em muito tempo, senti algo diferente.
Esperança.
"Eu farei o que você está pedindo, mas preciso que você me prometa... prometa que nada vai acontecer com meus filhos." ela sussurrou, seu corpo ainda tenso.
"Nossos filhos."

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