Leonardo
O quarto estava abafado, o peso do dia sufocando qualquer esperança de alívio. Observei meus pais, seus rostos marcados pela confusão e preocupação, antes de respirar fundo e reunir forças para falar.
"Per favore, (por favor)" minha voz saiu grave, quase um sussurro. "Preciso de um momento a sós."
Papà hesitou, mas quando fizeram menção de sair, segurei seu braço com firmeza, sentindo o calor familiar que sempre me confortou em tempos difíceis. "Não deixem que o que aconteceu com Francesca se repita com meus filhos. Me ajudem a protegê-los, assim como tentei fazer com minha irmã."
Mamma parou na porta, virando-se lentamente, a expressão desconfiada. "Figli? Você realmente acredita que...?"
Assenti, exausto, mas determinado. "Sim, mamma. Agora que Martina sabe a verdade, ela fará de tudo para destruí-los." Fiz uma pausa, lutando contra o aperto no peito. "Se Amber não tivesse desaparecido, eu já teria resolvido isso há anos. Estaríamos tranquilos, juntos, como deveria ter sido. Mas agora... agora preciso lidar com a loucura de Martina e com Calton nos rondando."
Papà ajeitou os ombros, o olhar endurecido. Era a postura que eu sempre reconhecera como a promessa silenciosa de que ele não fugiria de uma batalha. "Farei de tudo para proteger meus netos. Não se preocupe. Nenhum desses malditos vai chegar perto deles."
Mamma deu um passo à frente, os olhos marejados, mas sua voz carregava uma força que eu não ouvia há tempos. "Se você acredita fielmente que é pai deles, eu os defenderei com a minha vida contra aquela cobra que arrancou minha joia preciosa."
Engoli em seco, uma onda de gratidão me inundando. "Grazie. (obrigada)" A palavra saiu pequena, mas carregava um peso enorme.
Papà colocou a mão firme sobre a minha, o gesto carregado de amor e determinação. "Não esconda mais nada, figlio. Somos uma família. Vamos superar isso juntos."
Pela primeira vez em anos, senti o peso no meu peito começar a se dissipar, como se uma rachadura finalmente permitisse que um pouco de luz entrasse. Concordei com a cabeça, e eles saíram, fechando a porta suavemente atrás de si.
Peguei meu celular com dedos trêmulos. Cada movimento me lembrava da dor que latejava no ombro, mas eu não podia parar agora. O mundo estava desabando, e alguém precisava segurá-lo.
"Hobbins?" Minha voz era firme. "Preciso que venha até minha casa. Imediatamente."
Enquanto esperava, me ajeitei na cama. O movimento foi o suficiente para que uma pontada aguda de dor me subisse pelo braço, fazendo meu estômago revirar. Alcancei o frasco de remédios no criado-mudo, engolindo um comprimido sem água antes de me recostar nos travesseiros, tentando encontrar um resquício de alívio.
Alguns minutos depois, a porta se abriu novamente. Magnus entrou acompanhado de Hobbins, que já carregava sua inseparável pasta de documentos.
"Vou deixá-los..."
Os dois trocaram olhares tensos, mas assentiram.
"Farei isso imediatamente," Hobbins garantiu, enquanto Magnus já digitava algo em seu celular.
"Se bem me lembro existe uma multa contratual e Martina vai exigi-la." Hobbins falou.
"Não darei nada a ela. Temos provas de que ela não vem cumprindo com o contrato há anos. Use isso a nosso favor."
"Sim, senhor. Como quiser."
"Agora podem ir..." falei respirando um pouco mais fundo e fechando os olhos por um momento."Magnus, mande a Amber vir até aqui. Está na hora dela se lembrar quem é para me ajudar a proteger nossa família."
Assim que fiquei sozinho, o quarto pareceu engolir o restante da tensão que eu carregava. Mas ainda havia muito a fazer. Puxei os travesseiros para apoiar meu corpo, tentando acalmar o latejar incessante no ombro. Lá fora, minha vida parecia estar desmoronando. Mas aqui, no pequeno refúgio que eu criara temporariamente, uma certeza começou a tomar forma: desta vez, eu não recuaria. Desta vez, Martina não sairia ilesa.
"Non questa volta, Martina," murmurei para o vazio. "Não desta vez."

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