Leonardo
O peso das revelações pairava no ar como uma nuvem carregada prestes a desabar. O som insistente do celular cortou o silêncio, trazendo ambos de volta ao presente. Amber, sentada ao meu lado, estendeu a mão e pegou o aparelho. Ao entregá-lo, seus dedos tocaram os meus por um instante longo o suficiente para me lembrar de tudo o que havia em jogo.
“Hobbins,” murmurei, vendo o nome do advogado na tela. Sem hesitar, coloquei no viva-voz, determinado a manter Amber a par de tudo.
“Leonardo,” começou Hobbins do outro lado. “O resultado do DNA está pronto. E o juiz marcou a audiência para segunda-feira, mas recusou o pedido de audiência online. Ele que a presença física de todos os envolvidos. ”
“Che cazzo!(Que merda!)” exclamei, a frustração me dominando. “Por quê? Qual é a justificativa?”
Amber olhou para mim, preocupada. Sua mão instintivamente apertou meu braço saudável, mas mantive a atenção em Hobbins.
“Ele não especificou,” o advogado respondeu, com hesitação evidente. “Mas acho que algo aconteceu nos exames.”
Pude ver o medo nos olhos de Amber, mas não queria deixar que isso a consumisse. Respirei fundo antes de responder: “Confirme nossa presença.”
"Farei isso."
“E os outros exames?” perguntei, tentando ignorar a sensação de que algo estava fora do lugar.
“Ainda não estão prontos, mas vou acelerar os laboratórios. Seja lá o que tenha dado esse exame, temos as contraprovas.”
“Faça isso. E mantenha-me informado, não importa a hora.”
“Claro, Leonardo,” Hobbins confirmou antes de desligar.
Amber ainda me olhava, seus lábios entreabertos como se quisesse perguntar algo, mas antes que ela pudesse, a porta se abriu abruptamente. Dois pequenos furacões invadiram o quarto, suas risadas infantis quebrando qualquer resquício de tensão. Louis e Bella estavam animados, com as babás logo atrás, tentando contê-los.
“Desculpe, senhor. Eles... escaparam,” disse uma delas, visivelmente aflita.
Sorri, acenando para que fossem embora. “Está tudo bem. Eu cuido disso.”
Louis já estava tentando subir na cama enquanto Bella observava o meu braço imobilizado com uma seriedade comovente.
“Calma, vocês dois!” Amber interveio, sentando-os na beirada da cama, com cuidado para mantê-los longe do meu ombro machucado.
“Tá doendo muito, tio Leo?” Louis perguntou, os olhos arregalados em curiosidade.
“Só um pouquinho,” menti, tentando aliviar sua preocupação. “Logo estarei bem.”
Amber suspirou, assumindo um tom firme. “Vocês precisam deixar o tio Leo descansar.”
A encarei, e depois olhei para os pequenos. Como aquela palavra tio me incomodava agora. Eu só queria que os pequenos me reconhecessem com seu pai, assim como eu já tinha certeza de que eles eram meus.
Enquanto o som familiar da introdução preenchia o quarto, olhei para os três. Amber estava acomodada na beirada, os olhos brilhando com uma mistura de alívio e alegria. Bella estava encostada em mim, seu calor irradiando uma segurança que eu nem sabia que precisava. Louis, do outro lado, observava a tela como se fosse a primeira vez que via Ariel cantar.
“Comfortable, piccola? (Confortável, querida?)” perguntei suavemente a Bella, que assentiu sem tirar os olhos da TV.
Amber olhou para mim, e por um momento, algo profundo passou entre nós. Uma promessa silenciosa. Aquilo era só o começo, mas estávamos chegando lá. Logo, pensei. Logo não seria mais “tio Leo”. Eles me chamariam de papai, e tudo estaria como deveria ser.
"Precisa de alguma coisa, Leo?" Amber questionou suavemente, seus olhos refletindo uma preocupação genuína.
"Preciso que vocês fiquem sempre assim, perto de mim," respondi, sentindo meu coração se apertar com a verdade daquelas palavras.
Ela sorriu, aquele sorriso que sempre me desarmava, e se acomodou na cama. Louis imediatamente se ajeitou contra ela, usando-a como travesseiro, enquanto Bella permanecia vigilante ao meu lado, como uma pequena guardiã.
"Não vamos a lugar nenhum," Amber sussurrou, seus dedos encontrando os meus por cima do lençol.
Observei os três, memorizando cada detalhe daquele momento: o calor de Bella contra meu lado, a respiração já pesada de Louis que começava a cochilar, o toque suave dos dedos de Amber nos meus. A televisão brilhava ao fundo, mas o verdadeiro espetáculo estava ali, naquela cama.
"Sabe," murmurei, apenas para Amber ouvir, "pela primeira vez em muito tempo, me sinto completo."
Seus olhos encontraram os meus, brilhantes de emoção contida. "Nós também," ela respondeu, e naquelas duas palavras havia uma promessa maior que qualquer outra.
Ali, naquele quarto que há pouco tinha sido palco de revelações dolorosas, agora testemunhava o início de algo novo. Algo que nem Martina, nem Calton, nem ninguém poderia tirar de nós.

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