Amber
Minhas mãos tremiam enquanto colocava os brincos. Pareciam normais, elegantes até, mas carregavam o peso da minha nova prisão. Deslizei o celular para dentro da bolsa, tentando escondê-lo entre o estojo de maquiagem e a carteira.
"Quando eu mandar mensagem, você responde em no máximo cinco minutos," Leonardo falou sem tirar os olhos do próprio celular. "Se demorar mais que isso, considerarei uma quebra do acordo."
O silêncio que seguiu era sufocante. O som dos dedos dele deslizando pela tela do celular parecia ensurdecedor no espaço confinado do carro.
"Que horas são?" perguntei de repente, um novo tipo de pânico me atingindo.
"Quase meia-noite," ele respondeu sem me olhar. "Ficamos fora por pouco mais de uma hora."
"Uma hora?" Minhas mãos voaram para o rosto. "Não, não, não..."
Abri a bolsa freneticamente, procurando um lenço. O rímel devia estar todo borrado, minha maquiagem arruinada. Peter odiava quando eu não estava impecável. Odiava quando eu desaparecia.
Uma risada seca me fez parar.
"Por que tanta preocupação com a aparência agora?" Leonardo perguntou, finalmente me olhando.
O medo que sentia dele tinha sido substituído por outro, mais familiar, mais terrível. Pela primeira vez, o encarei com irritação genuína.
Sem responder, peguei meu celular e liguei a câmera frontal. Como suspeitava, minha maquiagem estava um desastre. Comecei a limpar as manchas escuras sob meus olhos, tentando salvar o que podia.
Sua mão segurou meu pulso, me impedindo de continuar.
"Por que está fazendo isso?" sua voz tinha um tom diferente agora, quase... preocupado?
"Se não percebeu," puxei minha mão de volta, "estamos voltando para uma festa cheia de pessoas importantes. Como vou explicar minha aparência ao meu noivo?"
Seu rosto endureceu à menção de Peter, e ele voltou a se concentrar no celular.
"Você não podia ter feito isso comigo. Você não o conhece como eu..." sussurrei enquanto limpava as lágrimas escorridas. Aquilo não parecia melhorar.
"Não? Então me conte, porque tudo o que sei e o que descobri hoje só pioram o meu palpite." ele foi sarcástico, e bufei, sentindo minha mão tremer conforme nos aproximávamos do local.
O carro parou nos fundos do Plaza Royal. Quando fiz menção de sair, sua mão agarrou meu braço novamente.
"Lembre-se, temos um acordo," seus olhos penetraram os meus. "Vou confiar em você desta vez, Amber. Mas se quebrar sua palavra..." ele fez uma pausa, sua voz ficando mais dura, "nunca mais verá seus preciosos filhos."
"Querida, estavam perguntando por você." ele me puxou pela cintura, apertando com força, me machucando. Mantive a compostura, ignorando a dor que ele me infligia.
"Sinto muito, eu passei mal. Fiquei um tempo sendo amparada pela enfermaria do local." falei a primeira coisa que me veio à mente.
Peter me olhou com mais atenção, soltando seu aperto.
"Você está bem?" tentei sorrir para ele.
"Vou ficar. Estou medicada. Acho que comi algo que não devia. Posso ser alérgica e nem sabia." as pessoas na roda pareceram preocupadas comigo, e começaram a questionar coisas. Peter em seu tom de não perder a pose e o holofote, entrelaçou nossos dedos.
"Então acho melhor irmos embora, meu amor. Não quero que fique aqui por mim." as mulheres ficaram encantadas com as palavras dele, mas eu não. Eu conhecia meu noivo.
"Tão atencioso, você é uma mulher de sorte." uma mulher morena falou e concordei.
"Ligo para vocês durante a semana para fecharmos o negócio." Peter falou me puxando para mais perto e se despedindo dos amigos. Apenas acenei para eles, vendo de fundo, Leonardo estudar minha postura. Voltei a tremer e Peter percebeu.
"É bom mesmo que trema, vamos ter uma conversa séria quando chegarmos em casa."

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