Amber
O motor do carro roncou quando Peter pisou no acelerador. Me encolhi contra a porta, sentindo o cheiro de uísque em seu hálito, ele devia ter bebido após meu "desaparecimento". Minhas mãos tremiam tanto que as prendi entre os joelhos, tentando disfarçar.
As luzes da cidade passavam em borrões pela janela enquanto ele dirigia em silêncio. Era sempre assim antes de suas explosões, primeiro o silêncio sufocante, depois...
"Onde você estava?" Sua voz cortou o ar, baixa e controlada. Perigosa.
"Já disse," engoli em seco, rezando silenciosamente para que Leonardo tivesse pensado em tudo, "estava na enfermaria. Pode checar se quiser, eu-"
O carro freou bruscamente no semáforo, me jogando para frente. Peter virou-se em minha direção, seus olhos brilhando de uma forma que eu conhecia bem demais.
"Você realmente," ele alcançou meu rosto, seus dedos apertando meu queixo com força, "acha que eu sou idiota?"
"Peter, você está me machucando," tentei me soltar, mas ele apenas apertou mais.
"Machucar?" Sua risada era fria. "Querida, você não viu nada ainda. Continue mentindo e descobrirá o que é dor de verdade."
Algo dentro de mim estalou. Talvez fosse o medo pelos gêmeos, talvez fossem as revelações da noite, não sei. Mas me vi gritando:
"Por que está agindo assim? Eu não fiz nada!"
O sinal abriu e ele acelerou violentamente, me jogando contra o banco. As ruas estavam praticamente desertas àquela hora, e o velocímetro subia sem parar.
"Sabe o que é pior que uma mentirosa?" Ele nem olhava mais para a estrada, seus olhos fixos em mim. "Uma vadia ingrata que acha que pode me fazer de idiota."
"Peter, olhe para frente!" Agarrei o painel quando ele fez uma curva fechada. "Você vai nos matar!"
"Nos matar?" Outra gargalhada, mais histérica que a anterior. "Não, meu amor. Eu não vou morrer. E quer saber?" Ele acelerou ainda mais, ultrapassando perigosamente outro carro. "Ninguém sentiria sua falta."
"PARE!" Gritei desesperada. "Meus filhos precisam de mim! Louis e Bella-"
"CALA A BOCA!" sua mão voou para o meu lado, mas me abaixei instintivamente.
O carro entrou na nossa rua cantando pneus, parando brutalmente na garagem. Antes que eu pudesse me mover, ele já estava do meu lado, abrindo a porta e me puxando para fora pelos cabelos.
"Peter, por favor..." implorei enquanto era arrastada para dentro de casa.
"Não importa." falei tentando manter minha postura. "Quem é Amber Bayer, Peter?" ele desabotoou o blazer e o jogou no sofá de qualquer jeito. Seus olhos pareciam ter criado uma nova aura, e agora o medo voltava a me assolar, mais intenso.
"Achei que confiasse em mim." ele falou, dobrando as mangas, lentamente.
"Eu confio... por isso estou te perguntando quem é essa mulher." falei vendo o celular acender debaixo do sofá.
Eu estava com a escuta de Leonardo, ele estava ouvindo tudo.
Eu não sei se me sentia envergonhada pela forma como Peter me tratava ou segura por saber que alguém finalmente acreditaria em mim. Peter só tinha a cara de bom moço.
"Amber...Amber... você tem que ser mais esperta, querida." ele se aproximou lentamente, e em um movimento rápido me acertou novamente. "Eu não sei o que você lembrou, nem com quem você conversou essa noite, mas EU sou o dono da sua vida agora. EU!" Seu acesso de fúria foi descontrolado. Cada golpe em meu corpo me lembrava o quanto eu sempre quis fugir daquele maldito lugar, mas que nunca consegui.
Quando Peter se sentiu satisfeito, ele se levantou, me deixando jogada no chão. Meus gritos acordaram as crianças, e seus choros começavam a invadir a casa.
"OLHA O QUE VOCÊ FEZ!" Ele gritou e saiu a passos rápidos subindo a escada...
"Não..." falei desesperada, tentando me erguer para salvar meus filhos daquele homem.

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