Amber
O silêncio no quarto parecia sussurrar segredos, embalando-nos no calor confortável que ainda pairava no ar. Estava deitada no peito de Leonardo, ouvindo as batidas rítmicas do seu coração enquanto seus dedos traçavam círculos preguiçosos em minhas costas. Eu não queria me mover, não queria que o momento acabasse.
"Amber," sua voz grave quebrou o silêncio, vibrando contra meu rosto. Levantei o olhar e encontrei seus olhos brilhando com algo que eu não conseguia decifrar completamente.
"Hmm?" murmurei, ainda meio embriagada pelas emoções.
Ele sorriu de lado, aquele sorriso que sempre fazia meu estômago dar voltas. "Que tal um banho?"
Minha respiração falhou por um segundo, e ele pareceu notar, porque sua expressão suavizou. "Só quero cuidar de você. Nada além disso, prometo." Seu tom era tão terno que me peguei sorrindo, o calor subindo pelas minhas bochechas.
"Um banho..." repeti, hesitando apenas um instante antes de assentir. "Tudo bem."
Ele sorriu como se eu tivesse lhe concedido o maior presente. Com cuidado, ele se moveu, ajustando o peso do próprio corpo para não forçar o ombro. Estendeu a mão para mim, e eu a segurei, sentindo a firmeza e a segurança no seu toque.
O banheiro era grande e convidativo, com a banheira já chamando a atenção no centro do ambiente. Leonardo caminhou até ela e girou os controles da água, ajustando a temperatura com a precisão que parecia natural para ele. Eu me encostei na pia, observando cada movimento seu com um misto de curiosidade e encantamento. Havia algo nele que sempre parecia tão seguro, tão centrado.
"Pronto," ele disse, voltando-se para mim e estendendo a mão novamente. "Venha."
Dei um passo hesitante, mas seus olhos me encorajaram. Entrei na água, sentindo o calor me envolver como um abraço. Leonardo se juntou a mim logo em seguida, sentando-se ao meu lado. Por um momento, ficamos apenas ali, deixando a água lavar o cansaço do dia.
Ele pegou o sabonete e uma esponja, esfregando-os juntos até formar uma espuma leve. "Posso?" perguntou, sua mão pairando próxima ao meu braço. Assenti, incapaz de formar palavras.
Começou pelos meus braços, movendo a esponja em traços suaves, como se estivesse lavando algo mais profundo que a pele. Fechei os olhos, permitindo-me apenas sentir. Seus toques desceram até meus ombros e costas, cada movimento feito com um cuidado que me fazia querer chorar de novo, mas desta vez de gratidão.
"Está tudo bem?" sua voz quebrou o silêncio, e abri os olhos para encontrar o dele fixo em mim.
"Mais do que bem," respondi, minha voz quase um sussurro.
Ele continuou, agora lavando minhas pernas com a mesma delicadeza. Não havia pressa, apenas a intenção de cuidar, de me fazer sentir segura. Quando terminou, trocamos de lugar e, embora eu estivesse nervosa, ele deixou que eu o ajudasse também. Limpei suas costas, sentindo os músculos tensos sob minhas mãos e lembrando-me do quanto ele fazia por nós.
Quando finalmente saímos da banheira, ele me envolveu em uma toalha felpuda, secando meu corpo com gestos gentis. Fiz o mesmo por ele, rindo baixinho quando ele murmurou algo sobre minha dedicação ser quase profissional.
De volta ao quarto, o cansaço nos pegou de vez. Eu me deitei na cama, sentindo o colchão moldar-se ao meu corpo exausto. Leonardo deitou-se ao meu lado, puxando-me para perto. Sua mão traçou um último círculo preguiçoso em minha cintura antes de sua respiração começar a se acalmar, indicando que o sono estava próximo.
Fechei os olhos, permitindo-me relaxar completamente. Pela primeira vez em muito tempo, me senti não apenas amada, mas também completa.
***
O quarto estava imerso em um silêncio reconfortante, quebrado apenas pelas respirações suaves de Leonardo e minhas. O peso de seu braço sobre minha cintura era um lembrete de segurança e proximidade. Pela primeira vez em muito tempo, senti-me inteira, aninhada naquele momento.
"Eles acordaram assim, carentes," ela explicou. "Ninguém conseguiu acalmá-los."
Balancei os dois suavemente, tentando encontrar algo para dizer. "Bella, meu amor, nunca pense isso. Eu sempre vou amar você. Você é minha princesa. E o tio Leo te adora. Estamos aqui com vocês, sempre."
A porta do quarto se abriu novamente, e Leonardo surgiu, vestindo apenas uma calça e com a tipoia no braço. Sua expressão era séria, mas seus olhos estavam cheios de ternura enquanto caminhava até nós, ignorando qualquer desconforto.
"Está tudo bem agora," disse ele, sua voz firme, mas reconfortante. Ele colocou a mão boa no ombro de Bella, e ela levantou os olhos marejados para ele. "Você sabe que é minha princesa, não sabe? E o Louis, meu pequeno valente."
Louis levantou o rosto úmido do meu pescoço, ainda segurando meus cabelos. "Nãooo!" Bella choramingou, mas agora seu tom parecia mais manhoso do que desesperado.
Leonardo estendeu os braços para Bella. "Venha cá, principessa," chamou com suavidade. Mesmo hesitante, ela pulou para ele, envolvendo seus bracinhos em volta do pescoço dele. Ele a segurou com cuidado, beijando o topo de sua cabeça.
Louis ainda estava agarrado a mim, mas sua respiração começava a se acalmar. Senti o peso do cansaço, tanto físico quanto emocional, mas a presença firme de Leonardo ao meu lado era um alívio silencioso.
"Obrigado, Aretah," ele disse, dispensando a babá com um aceno. Ela lançou um sorriso cansado e agradecido antes de sair.
Enquanto balançávamos as crianças juntos, nossas expressões se encontraram por um momento. Era como se estivéssemos reafirmando silenciosamente a promessa de que, não importa o que acontecesse, cuidaríamos deles juntos.
Os pequenos eram nossa prioridade, e naquele instante, percebi que, apesar de tudo, estávamos construindo algo real, algo inquebrável.

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