Amber
A voz da Dra. Gabriela flutuava em algum lugar distante, abafada pelo peso do meu próprio medo. Apesar disso, os espasmos começaram a diminuir, deixando apenas um tremor fraco em minhas mãos e o eco das ameaças ainda martelando em minha mente.
"Amber," ela chamou suavemente, puxando minha atenção. "Você consegue me ouvir?"
Pisquei lentamente, tentando atravessar o nevoeiro em minha mente. Assenti, mesmo que a verdade fosse que ainda parecia estar presa no caos.
"O que você sentiu quando percebeu o que estava acontecendo?" ela perguntou, sua voz um equilíbrio perfeito entre profissionalismo e empatia.
Evitei seus olhos, fixando-me nas minhas mãos trêmulas. Minha voz saiu como um sussurro frágil. "Impotência. Eu... eu não consegui me defender. E se eu não posso me proteger... como posso proteger meus filhos?"
"Esse é um sentimento muito comum em situações como a sua," ela respondeu, inclinando-se levemente para frente. "Mas não significa que seja verdade. Vamos trabalhar isso juntas, ok? Primeiro, preciso que você respire comigo. Inspire por quatro segundos, segure por quatro, solte por quatro. Assim..."
Ela demonstrou, e eu tentei seguir, mesmo que no início meu peito ainda parecesse apertado. A cada respiração, no entanto, algo dentro de mim começou a ceder, e o peso parecia diminuir um pouco.
"Agora, vamos tentar um exercício para trazer sua mente para o presente. Quero que você note cinco coisas que pode ver no quarto," ela continuou, sua voz guiando-me como uma âncora.
Olhei ao redor, forçando-me a focar no ambiente ao invés do caos em minha mente. "O abajur... a cortina... o tapete... o quadro na parede... minhas mãos."
"Muito bem," ela encorajou. "Agora, quatro coisas que você pode tocar."
"O lençol... meu cabelo... o travesseiro... minha roupa," respondi, minha voz ficando um pouco mais firme.
A cada exercício, senti minha mente se afastar do pânico. Aos poucos, o quarto ao meu redor voltou a se tornar real, sólido.
"Pessoas como aquelas mulheres," Dra. Gabriela começou, sua voz firme mas compreensiva, "vivem de medo. Querem mantê-la em um estado constante de alerta e vulnerabilidade. Não podemos mudar o que aconteceu hoje, mas podemos trabalhar para que você se sinta mais preparada no futuro. Eu sugiro um treinamento de autoproteção, algo prático que a ajude a lidar com situações intimidadoras até que possa se aproximar de alguém para ajudá-la."
Fiquei em silêncio por um momento, considerando suas palavras. "Vou pensar nisso," murmurei, sabendo que ela tinha razão.
"Converse com o sr. Martinucci, talvez vocês possam fazer algo juntos. Trabalharem o desenvolvimento de vocês. Tenho certeza de que ele será um bom ponto de apoio." tentei sorrir, mas não consegui.
"Ele é o pai dos meus filhos..." falei e a olhei, seus olhos se arregalaram por um segundo.
"Amber, isso é maravilhoso, como está se sentindo?" ela parecia mais animada do que eu.
"Estou feliz por isso, mas com medo. Martina já tinha me ameaçado antes, e agora...ela já sabe que eles são de Leonardo."
Arrisquei uma olhada. Ele estava sentado em sua mesa, com um sorriso que misturava charme e uma provocação que só ele sabia fazer. Seus olhos não se desviavam, como se eu fosse a única coisa naquele espaço que importava. Tentei me concentrar no que estava fazendo, mas sua presença era magnética.
Leonardo se levantou, caminhando em minha direção com a elegância predatória que era sua marca registrada. Ele estendeu a mão, um convite silencioso que meu corpo não conseguiu recusar.
Quando me levantei, senti o calor de sua mão contra a minha. Em segundos, nossas bocas se encontraram, urgentes e carregadas de algo que parecia ter sido reprimido por muito tempo.
"Não podemos," murmurei contra seus lábios, minha voz fraca diante do turbilhão de emoções. "Estamos no trabalho."
"Não consigo mais fingir que não te desejo a cada segundo," ele respondeu, sua voz rouca e carregada de intensidade. Seus dedos deslizaram para minha cintura, puxando-me mais para perto. "A noite de ontem continua viva em minha memória, e não tive o suficiente de você."
"Leo," tentei resistir, mas a paixão em seus olhos e o calor de seu toque quebraram qualquer argumento que eu pudesse ter.
O sonho começou a se desfazer, mas a sensação permaneceu. A intensidade do toque dele, a urgência de seu beijo, eram tão reais que ainda podia sentir os resquícios quando despertei.
Lentamente abri os olhos, o encontrando sentado na poltrona onde a dra. estava a algumas horas atrás, como se ele tivesse sido projetado dos meus sonhos para a minha realidade.
"Como se sente?" sua voz era baixa e suave.

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