Amber
Andar pela empresa era uma experiência surreal. Cada corredor, cada sala, parecia carregar um fragmento de memória que minha mente ainda relutava em acessar. Era estranho e familiar ao mesmo tempo, como caminhar por uma casa da infância depois de muitos anos longe. Algumas pessoas me cumprimentavam com sorrisos educados, outras com um calor que sugeria que nos conhecíamos bem. Eu retribuía todos os acenos, tentando esconder o desconforto crescente.
Passei por uma sala quando a porta se abriu de repente, e Nadia saiu. Seu rosto se iluminou com uma surpresa que parecia quase teatral.
"Amber! Não sabia que você estava por aqui." Ela se aproximou com um sorriso que não chegava aos olhos. "Bom dia. Precisa de alguma coisa?"
Eu hesitei por um momento, mas forcei um sorriso educado. "Não, só estou me ambientando novamente ao lugar."
"Ah, claro," ela respondeu, inclinando a cabeça levemente. "Ficaria feliz em mostrar tudo para você, se quiser."
"Obrigada, mas prefiro fazer isso sozinha." Minha voz saiu firme, mas cordial. Não queria ser rude, mas também não tinha vontade de passar mais tempo com ela do que o necessário.
Nadia pareceu ligeiramente desconcertada, mas se recuperou rápido. "Entendo. Mas sabe, no passado éramos muito amigas," ela disse, o tom carregado de uma nostalgia forçada. "Gostaria que voltássemos a ser assim. Como nos velhos tempos."
Meu desconforto aumentou. Não tinha ideia do que responder a isso. "Eu... ainda preciso me sentir confortável com tudo isso. Voltar para a MGroup é um processo."
"Claro," ela disse com uma suavidade exagerada. "Mas quero que saiba que pode contar comigo para o que precisar. Foi um choque quando você sumiu. Ficamos todos arrasados. Principalmente o senhor Martinucci."
Concordei vagamente, tentando manter um sorriso no rosto. "Imagino." Dei um passo para trás, tentando sinalizar que queria encerrar a conversa, mas Nadia continuou a falar, agora me acompanhando pelo corredor.
"No começo, ele ficou muito bravo, mas depois... desolado. Foi difícil para ele, sabe? Mas ele não parou, claro. Como poderia? Ele é tão maravilhoso..."
Minhas pernas vacilaram por um segundo. Parei e me virei para encará-la. "O que você disse?"
Nadia deu de ombros, como se suas palavras fossem a coisa mais natural do mundo. "Você sempre soube que eu tinha uma quedinha por ele."
Mordi o lábio, sentindo a irritação subir como uma chama descontrolada. "É mesmo? Curioso, porque eu ainda não me lembrei disso."
Ela riu, mas havia algo provocativo em seu tom. "Ah, Amber, você sabe como as coisas são. Ele sempre foi fora do alcance, mas... houve uma chance. Tentei, mas não consegui conquistar o coração dele. O chefe é fiel às suas convicções."
Minhas mãos tremiam levemente, mas mantive a postura. Um sorriso frio se formou em meu rosto enquanto eu dizia: "Preciso voltar para a reunião. Podemos conversar mais tarde."
Nadia concordou, ainda sorrindo. "Claro. Ah, e sua mesa já está pronta na sala, só esperando por você."
Eu mal ouvi. Meu coração batia rápido, o ciúme e a raiva se misturando em uma tempestade dentro de mim. Não sabia se era pela audácia dela ou pelo fato de Leonardo não ter mencionado nada disso antes. Caminhei apressada para a sala dele, minha mente fervendo.


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