Amber
Minha mente estava um turbilhão.
As palavras do Dr. Moores ainda ecoavam em minha cabeça, girando sem parar como se eu não fosse capaz de processá-las.
Grávida.
Por mais que eu tivesse pensado nessa possibilidade, ainda assim parecia loucura. Eu tinha um DIU. Desde o nascimento dos gêmeos, Peter havia sido enfático sobre não querer mais filhos, e eu, na época, tinha aceitado sem questionar. Então, como isso podia ter acontecido?
Meus olhos estavam vermelhos, inchados de um choro silencioso que nem percebi quando começou. Meus dedos tremiam levemente, entrelaçados sobre meu colo, e meu coração batia rápido, como se meu corpo ainda estivesse tentando alcançar minha mente.
Senti a presença de Leonardo ao meu lado, quente e firme. Eu sabia que ele me observava atentamente, absorvendo cada microexpressão minha. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele se virou para o médico.
"Pode nos dar um minuto, Moores?"
O doutor assentiu com um sorriso gentil, pegando a prancheta e saindo da sala sem pressa. Assim que a porta se fechou, senti Leonardo se mover, se aproximando de mim, até que suas mãos cobriram as minhas.
"Amber." Sua voz era baixa, firme, mas suave.
Não consegui olhar para ele imediatamente. Meus olhos estavam fixos na parede à frente, tentando encontrar alguma lógica para a montanha de pensamentos que me inundavam.
"Amor," ele insistiu, apertando minhas mãos com delicadeza. "Por que você não está feliz?"
Suspirei pesadamente, finalmente encontrando coragem para olhá-lo nos olhos. "Não é isso," murmurei. "Eu só estou... atordoada."
Ele esperou pacientemente enquanto eu tentava organizar as palavras.
"Eu não imaginei que isso fosse possível," confessei, sentindo minha voz vacilar. "Mas, ao mesmo tempo... eu pensei que pudesse ser."
Seus olhos analisaram os meus com intensidade, mas sem pressa. Ele queria entender cada sentimento por trás da minha confusão.
Respirei fundo antes de continuar. "Eu uso DIU, Leo. Desde que os gêmeos nasceram."
Ele franziu levemente a testa, não de irritação, mas de surpresa.
"Falei com o Dr. Moores sobre isso," acrescentei rapidamente, apertando minhas mãos contra as dele. "Ele disse que o bebê não corre risco, que podemos acompanhar com mais cuidado, mas... ainda assim, eu não consigo evitar de me perguntar como isso aconteceu."
Leonardo assentiu devagar, absorvendo cada palavra minha. Suas mãos soltaram as minhas para subir até meu rosto, segurando-o com delicadeza. Seu toque era quente, reconfortante.
"Eu sei que você não é o Peter," continuei, minha voz saindo mais baixa. "Mas, Leo, eu ainda lembro de como foi quando descobri que estava grávida dos gêmeos. A forma como ele reagiu, o que ele me fez sentir."
Os olhos de Leonardo endureceram ligeiramente, e ele expirou lentamente pelo nariz, controlando sua própria raiva. Ele sabia. Ele sempre soube o peso que Peter deixou em mim, as cicatrizes invisíveis que ainda afetavam minha forma de ver o mundo.
Mas ao invés de me dizer algo raivoso sobre ele, Leonardo apenas deslizou os polegares suavemente sobre minha pele e se inclinou um pouco mais para perto.

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