Martina
A voz de Amber ecoava nos meus ouvidos como um maldito martelo batendo contra minha cabeça.
"Eu não sei se é ódio. Mas sei que eu não confio mais em você."
Os fones foram arrancados da minha cabeça com violência, voando para o outro lado da mesa. Meu peito subia e descia rápido, minha respiração descompassada enquanto tentava assimilar tudo o que eu acabara de ouvir.
Ela lembrou de tudo.
Amber lembrava.
E, como se isso não fosse o bastante, ela estava grávida de novo.
Minha visão ficou turva por um momento, e fechei as mãos com tanta força que minhas unhas se cravaram na palma. Como isso pôde acontecer? Como, depois de tudo, essa mulher ainda conseguia tudo o que eu sempre quis?
Minha vida estava em ruínas. Os Martinucci eram a causa disso.
Amber Bayer era a causa disso.
Agarrei o celular e disquei o número de Peter com força suficiente para quase quebrar a tela.
"Que merda você quer agora, Martina?", ele atendeu, a voz carregada de irritação.
"Vem para cá. Agora!"
"Martina, eu tenho coisas mais importantes para fazer do que—"
"AGORA, IDIOTA!"
Desliguei antes que ele tivesse tempo de me irritar ainda mais. Meu sangue fervia dentro das veias, e minha mente girava em um turbilhão de raiva e incredulidade. Onde foi que eu errei? Como essa vadia conseguiu escapar do que estava destinado a ela?
A vida de Amber era para estar destruída.
Ela devia estar sozinha. Sem memórias. Sem Leonardo.
E agora ela teria mais um herdeiro do meu Leonardo. MEU!
Meus dedos tamborilaram contra a mesa, impacientes.
A porta do meu escritório se abriu com um estrondo, e assim que vi Peter parado ali, algo dentro de mim explodiu. Antes que ele pudesse sequer fechar a porta, avancei contra ele, minhas unhas cravando no tecido do seu casaco como garras. Peter cambaleou um passo para trás, surpreso, mas sua expressão logo se transformou em puro tédio."
"Que merda está acontecendo, Peter?", rosnei, meus olhos selvagens encontrando os dele.
Peter ergueu as mãos, surpreso, mas sem se afastar. "Que caralho deu em você agora?"
Empurrei-o com força contra a parede.
"Como Amber pode estar grávida se você me garantiu que isso não aconteceria tão cedo?"
Ele piscou, confuso. "O quê? Do que você está falando?"
"Eu acabei de ouvir a briga deles!" minha voz saiu em um grito, meu peito arfando. "Amber se lembrou de tudo. E está grávida de novo!"
A confusão em seu rosto foi substituída por algo próximo à incredulidade.
"Isso é impossível", ele murmurou.
"Impossível? Pois é exatamente o que está acontecendo!", berrei.
Peter passou a mão pelo rosto, xingando baixo. "Ela usa DIU desde que ganhou os gêmeos. O médico disse que era eficaz. Eu nunca quis filhos. Como isso pode ter acontecido?"
O impossível aconteceu.
"Você é tão incompetente que nem um filho foi capaz de fazer. Já Leonardo, é só se enfiar entre as pernas dela, que gera mais uma criança."
Eu respirei fundo, tentando conter o impulso de quebrar alguma coisa. Isso não estava nos planos. Isso não podia estar nos planos!
"Então me diz, Peter", rosnei, minha voz carregada de veneno. "O que vamos fazer agora? Se Leonardo já estava cuidadoso, agora ele triplicará a segurança."
Ele franziu a testa, pensativo por um instante, então deu de ombros. "Pode ter sido aquela surra que as suas amiguinhas deram nela. Ou o acidente de carro."

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