Leonardo
Permaneci imóvel no asfalto quente do aeroporto até o jato particular desaparecer no horizonte, levando com ele três pessoas que, em menos de 24 horas, tinham virado minha vida de cabeça para baixo. Só então me permiti soltar o ar que nem percebi que estava segurando. Consultei o relógio, 8:15. Ainda tinha algumas horas até a reunião com os chineses.
"Está tudo pronto para recebê-los em Aspen, Magnus?" perguntei, voltando a realidade.
"Sim, senhor. Como solicitado. Equipe completa, despensa abastecida, segurança reforçada." Ele hesitou por um momento. "E brinquedos. Mandei comprar brinquedos para as crianças."
Sorri, grato pela iniciativa dele. "Obrigado, Magnus." Foi muito atencioso de sua parte."
"Achei que eles iriam gostar." ele deu de ombros.
"O que achou desse tempo que ficou com ela no carro. Parece que ela está fingindo?" questionei olhando para o meu segurança.
"Não, senhor. Na verdade, achei ela e as crianças quietas demais." ele parecia pensativo. "Tenho sobrinhos e quando estão empolgados, a gritaria é repleta, porém..." meus olhos se fixaram no homem a minha frente.
"Porém?" falei novamente. Eu não tinha experiência com crianças, e o que ele me dizia era sério.
"Eles não tem essa vontade de viver. Não correm e gritam... achei estranho." aquilo era algo que eu deveria pensar. Como tudo que era ligado a Amber me influenciava? Eu estava irritado com essa informação. Só de pensar o que Calton fez com os filhos da mulher que eu...
"Vamos para a empresa." falei interrompendo o fluxo que minha mente seguia. Eu não precisava de mais problemas agora. Precisava manter o foco no que era realmente necessário. "Tenho que revisar os últimos detalhes do contrato antes dos chineses chegarem. Cinquenta milhões não caem do céu todos os dias."
No caminho até meu Aston Martin, peguei o celular. Dez chamadas perdidas de Hobbins piscavam na tela. Claro que meu advogado já estaria tendo um ataque.
"Magnus, ligue para Hobbins e coloque no viva-voz." Pedi enquanto manobrava o carro para fora do aeroporto privado.
O telefone mal completou o primeiro toque. "Martinucci! Onde diabos você se meteu?"
"Bom dia para você também, Hobbins." Mantive minha voz calma, embora meus dedos apertassem o volante com mais força.
"Calton fez exatamente o que previmos, entrou com uma ação de sequestro contra você."
Um sorriso satisfeito se formou em meus lábios. "Perfeito. Já enviou o vídeo dele agredindo Amber e o pedido de socorro dela à polícia?"
"Claro. Já protocolamos tudo, incluindo a averiguação de identidade." Ele fez uma pausa que não me agradou. "Mas eles estão contestando. E tem mais, Calton entrou com pedido de guarda das crianças."
O sorriso morreu em meus lábios. Freei bruscamente no sinal, ignorando a buzina irritada atrás de mim.
"Que merda você está dizendo?" Rosnei, minha voz tremendo de raiva. "Eles não viram o desespero daquelas crianças no vídeo? O terror nos olhos delas?"
"Leonardo, já contestamos, mas..."
"E mais uma coisa ... quero uma medida protetiva contra Peter imediatamente. Ele não deve chegar perto de Amber ou das crianças até que tudo seja esclarecido."
"Entendido. Vou trabalhar nisso agora mesmo."
Desliguei sem me despedir, jogando o celular no console central com mais força que o necessário.
"O que pretende fazer, chefe?" Magnus questionou após alguns momentos de silêncio tenso. "Quer que eu vá para Aspen ficar com ela até você conseguir ir?"
"Não." Neguei, virando em direção à sede do MGroup. "Lá ela terá tempo para pensar. Para respirar." Passei a mão pelo rosto, sentindo o cansaço da noite em claro. "E quem sabe... se lembrar do tempo que passamos ali."
No próximo sinal vermelho, me virei para Magnus. "Preciso que descubra qual tratamento ela está recebendo, ou melhor, qual tratamento ela deveria estar recebendo para essa amnésia. Se aquele filho da puta negligência os próprios filhos e a trata daquela forma, provavelmente a está mantendo longe do tratamento adequado de propósito."
"Vou investigar isso imediatamente." ele segurou o celular entre os dedos e começou a digitar de forma rápida.
Voltei a dirigir, mas meus pensamentos se dividiam entre Aspen e a reunião que se aproximava. Como eu queria estar lá, ajudando a montar esse quebra-cabeça complexo que se tornou nossas vidas. Mas por enquanto, teria que me contentar em saber que ela estava segura. Livre.
"Layla," falei ao telefone com minha assistente, "prepare a sala de reuniões principal. Quero todos os documentos do contrato chinês revisados antes das 10h. E mande servir aquele chá verde especial que o Sr. Wong gosta."
"Amber Bayer está de volta." Murmurei para mim mesmo depois de desligar. "Agora é só questão de tempo até ela se lembrar de tudo. E assim que isso acontecer, eu garantirei que tenhamos a liberdade que merecemos."

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