Amber
Subi as escadas apressada, o coração ainda batendo acelerado, mas assim que me aproximei do quarto das crianças, reduzi o ritmo.
A porta estava entreaberta, e dali eu conseguia ver Bella e Louis aconchegados em suas camas, enquanto Nonna Rosa sentava-se em uma poltrona ao lado, sua voz calma e cheia de emoção contando uma história.
“E foi assim que o corajoso pescador atravessou o oceano, enfrentando tempestades e ventos impiedosos, até finalmente encontrar o caminho de casa, onde sua amada esperava por ele...”
O tom melódico da voz de Nonna preenchia o ambiente com aconchego. Bella já estava com os olhos fechados, segurando seu ursinho de pelúcia contra o peito, enquanto Louis piscava lentamente, lutando contra o sono.
Encostei-me ao batente da porta, observando aquela cena com o coração apertado.
Era um momento simples, mas carregado de significado. Nonna sempre foi a base daquela família, e agora, ali estava ela, protegendo meus filhos da única maneira que podia—com amor e histórias de um passado distante.
Quando a última palavra foi dita, um silêncio tranquilo preencheu o quarto. Nonna se levantou com cuidado, ajeitando os cobertores ao redor dos pequenos antes de apagar a luz do abajur.
Com passos leves, entrei no quarto e me abaixei ao lado de Bella, beijando sua testa suavemente.
"Boa noite, meu amor," murmurei contra sua pele macia.
Ela sorriu sonolenta e sussurrou um “te amo” antes de se virar para o outro lado, mergulhando no sono profundo.
Fiz o mesmo com Louis, que já estava praticamente inconsciente, mas sua mãozinha segurou meu dedo por um instante antes de soltar.
"Durmam bem, meus anjinhos," sussurrei, minha voz carregada de amor.
Quando me virei, encontrei Nonna parada do lado de fora da porta, me esperando com aquele olhar que sempre lia minha alma.
“Algo está acontecendo,” ela afirmou sem rodeios, e estendeu a mão para mim. "Venha, bambina. Você precisa de um chá."
Eu poderia ter negado, poderia ter dito que estava bem, mas a verdade era que eu precisava daquele momento.
Acompanhei Nonna até a cozinha, onde ela começou a preparar o chá com a paciência e precisão de quem fazia aquilo há anos. Enquanto a água esquentava, ela puxou uma cadeira para mim e sentou-se na outra, os olhos carregando lembranças antigas.
“Quando eu estava grávida de Tomaso,” começou ela, seu tom nostálgico, “meu marido decidiu que queria tentar a vida na América. Eu estava tão assustada, mas ao mesmo tempo tão animada.”
Eu a ouvi atentamente, observando seus dedos enrugados separando as folhas do chá com delicadeza.
“Não sabíamos se daria certo, mas ele dizia que o destino dos Martinucci sempre foi traçado pelo mar. Então, deixamos tudo para trás e viemos.”
Seus olhos brilhavam com lembranças de tempos difíceis, mas cheios de amor.
"Deve ter sido assustador," murmurei.
"Foi. Mas também foi a melhor coisa que fizemos," ela respondeu com um sorriso tranquilo. "Se não tivéssemos vindo, não teríamos construído tudo isso. Não teríamos essa família. Não teríamos nossos hotéis."
Eu absorvi suas palavras, percebendo que, de alguma forma, ela estava me tirando daquele turbilhão de preocupações sem que eu sequer percebesse.
Quando o chá ficou pronto, Nonna me entregou uma xícara. O aroma doce e familiar preencheu meu nariz antes mesmo de eu dar o primeiro gole.
"Tem maracujá aqui?" perguntei, soprando o líquido quente.
"Sim," ela sorriu de lado. "Percebi que precisava de algo para acalmar sua alma."
Eu pisquei, surpresa. Ela sabia exatamente o que estava fazendo.
Nonna Rosa nunca fazia nada por acaso.


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