Leonardo
Entrei na cozinha sentindo o aroma suave do chá se misturando ao perfume leve de Amber. O ambiente estava aquecido, aconchegante, e o simples fato de vê-la ali, ao lado de Nonna Rosa, trouxe um alívio momentâneo ao peso que eu carregava nos ombros.
Nonna foi a primeira a me notar. Seu olhar afiado se suavizou instantaneamente, e um sorriso satisfeito surgiu em seus lábios enrugados.
"Finalmente, ragazzo," ela disse, se levantando lentamente e vindo até mim. "Parabéns pelos novos herdeiros da família Martinucci!"
Amber sorriu suavemente ao me encarar, segurando uma xícara de chá.
"Obrigado, Nonna," murmurei, recebendo o beijo demorado que ela depositou em minha bochecha antes de segurar meu rosto entre as mãos, avaliando-me com aqueles olhos que sempre enxergavam além da superfície.
"E então?" Ela voltou a se sentar, ajeitando a bengala ao lado. "Já pensaram nos nomes? Nos preparativos? Amber, o que você acha que são?"
Amber sorriu levemente e pousou a xícara na mesa antes de responder.
"Eu acho que são meninas," disse, passando levemente a mão sobre o ventre ainda liso.
Nonna soltou um som de aprovação, balançando a cabeça como se já soubesse.
"E você, Leonardo?" Ela me encarou com expectativa.
Cruzei os braços e me encostei na bancada, observando Amber por um instante antes de responder.
"Outro casal," afirmei com convicção.
Amber riu baixinho, e Nonna soltou uma risada animada.
"Que maravilha seria," ela exclamou. "Mais Martinuccis para esse mundo!"
Mesmo entre sorrisos, algo me incomodava. Eu estava atento aos detalhes, sempre estive.
Os olhos de Amber voltavam para a janela com frequência.
Não era um movimento óbvio, mas sutil o suficiente para me deixar alerta.
"Amber," Nonna chamou, trazendo sua atenção de volta à mesa. "Tem algum palpite sobre os nomes?"
Amber hesitou por um momento, seus dedos deslizando pela lateral da xícara.
"Se houver uma menina..." Ela parou por um instante, seu olhar pousando no meu. "Gostaria de chamá-la de Francesca."
O silêncio caiu sobre a cozinha como uma onda avassaladora.
Senti um aperto súbito no peito, como se o ar tivesse sido arrancado dos meus pulmões.
Nonna Rosa ficou imóvel, os olhos arregalados e brilhando com algo profundo, algo que só quem já perdeu sabe reconhecer.
Minha irmã.
O nome dela ecoou na minha mente, trazendo de volta lembranças que eu passei anos enterrando.
Amber percebeu nossa reação, mas não recuou.
"Eu sei o quanto Francesca significava para vocês," ela continuou, sua voz suave, mas firme. "E sei o quanto ela ainda significa. Vocês sempre falam dela com tanto amor, com tanto carinho... Achei que seria bonito, que ela poderia ser homenageada. Que ela poderia continuar viva, de alguma forma, na nossa filha."
Minha garganta travou.
Por anos, eu tentei apagar a dor da morte da minha irmã. Tentei seguir em frente, mas Francesca sempre esteve ali, em cada lembrança, em cada momento em que senti sua falta e não pude dizer nada.
E agora, Amber…



VERIFYCAPTCHA_LABEL
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Os Gêmeos inesperados do CEO