Peter
O silêncio em meu escritório era sufocante, mas não de um jeito calmo e reconfortante. Era o tipo de silêncio que amplifica os pensamentos sombrios, que traz à tona as falhas e os erros que eu preferia esquecer. Sentado à minha mesa, encarava a tela do computador com frustração crescente.
O que antes era um fluxo constante de dinheiro entrando e saindo de contas cuidadosamente manipuladas agora estava morto. Cada tentativa de acessar os sistemas que eu dominava resultava no mesmo resultado: acesso negado.
“Malditas cretinas,” murmurei entre dentes, apertando o mouse com tanta força que o plástico rangeu. “Nádia, Layla... vadias incompetentes.”
Elas eram peças-chave nos meus esquemas dentro da MGroup, mas agora estavam fora de cena, presas, e meu castelo de cartas desmoronava diante dos meus olhos. Com a ausência delas, minha rede de manipulação se tornou um vazio completo. O hacker que contratei, a última linha de sustentação, também havia desaparecido, deixando tudo à deriva. Sem ele para manter as conexões e sem Nádia e Layla para continuar infiltradas, tudo desabou de uma vez.
Respirei fundo, tentando me controlar. Passei os olhos pela minha lista de clientes no computador, mas mesmo ali, algo parecia errado. Meus acessos estavam bloqueados. Não podia mover fundos, não podia checar transações. Era como se eu estivesse preso fora do próprio sistema que criei.
O telefone na minha mesa parecia uma solução óbvia. Disquei o número do TI, esperando uma resposta que resolvesse o problema.
"Departamento de TI," respondeu uma voz entediada do outro lado da linha.
"É Peter Calton. Meu acesso está bloqueado. Consertem isso agora," ordenei, minha paciência já desgastada.
A pausa do outro lado foi longa demais para o meu gosto.
"Senhor Calton," começou o técnico, com um tom cauteloso. "De acordo com o sistema, seus acessos estão normais. Não há bloqueios registrados. No entanto..." Ele hesitou.
"Porra, fala logo!" rosnei.
"Foi solicitado pelo senhor Owen que todas as questões envolvendo o seu acesso sejam tratadas diretamente com ele."
Desliguei o telefone com um estalo, sentindo a raiva subir como um vulcão prestes a entrar em erupção. Levantei-me com um movimento brusco e saí do escritório, indo direto para a sala de Owen. Cada passo era acompanhado por pensamentos cheios de fúria. O que esse imbecil estava fazendo?
Empurrei a porta da sala dele sem bater, entrando sem cerimônia. Owen estava apertando a mão de um homem mais velho, um sorriso falso estampado em seu rosto. O homem parecia satisfeito, e meu radar imediatamente detectou algo errado.
"O que está acontecendo aqui?" perguntei, tentando manter a compostura, embora minha paciência estivesse no limite.
Owen olhou para mim e depois para o homem. "Peter, que bom que chegou. Este é o senhor Davis. Ele estava de saída."
Forcei um sorriso para o tal Davis e apertei sua mão. "Investidor?" perguntei casualmente.
Davis sorriu educadamente. "Algo assim. Foi um prazer conhecê-lo."
Quando ele saiu, virei-me para Owen, cruzando os braços. "Quem é ele?"



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