Amber
O ar em Aspen estava fresco, com o aroma da neve recém-caída misturado ao sutil cheiro das árvores ao longe. Eu estava na sacada da casa, observando a pista de esqui abaixo, onde as pessoas deslizavam com facilidade ou tropeçavam desajeitadamente. A vista era um espetáculo de tranquilidade, mas minha mente não estava em paz.
Gabriela estava ali comigo, ao meu lado, silenciosa, os braços cruzados contra o peito como se tentasse proteger algo dentro dela. Desde que chegou, ela parecia... diferente. Mais reservada, mais inquieta.
"Está tudo bem mesmo?" perguntei, quebrando o silêncio. Minha voz soou mais suave.
Ela piscou e me olhou de lado, forçando um sorriso que não chegou aos olhos. "Claro. Por que não estaria?"
Suspirei, virando-me totalmente para ela. "Gabi, você sabe que não me convence com isso, certo?" Peguei suas mãos, que estavam geladas apesar das luvas. "O que está acontecendo? Você pode confiar em mim."
Ela hesitou, o olhar desviando para o horizonte. Por um momento, pensei que ela fosse continuar fingindo, mas então sua expressão vacilou.
"Talvez eu tenha que ir embora," murmurou, tão baixo que quase não ouvi.
Meu coração apertou. "O quê? Por quê?"
"Coisas do trabalho," respondeu rapidamente, mas seu tom não me convenceu. Era óbvio que ela estava inventando.
Balancei a cabeça, estreitando os olhos. "Não é só isso. Gabi, eu sei que tem algo mais grave acontecendo. Não tente me enganar."
Ela se encolheu um pouco, como se minhas palavras tivessem acertado um ponto vulnerável. "É isso, Amber. É só trabalho. Não tem mais nada."
"Não tem, ou você não quer me contar?" pressionei, sentindo a preocupação crescer dentro de mim. Gabriela era forte, mas algo estava quebrando essa força, e eu precisava saber o que era.
Ela puxou as mãos das minhas, se afastando alguns passos. Seus olhos estavam cheios de lágrimas quando finalmente se virou para mim.
"Eu não quero ir," confessou, a voz trêmula. "Pela primeira vez em anos, eu sinto que estou bem onde deveria estar. Mas... eu não posso ficar."
"Por que não?" perguntei, me aproximando novamente. "Magnus pode te convencer a ficar. Você sabe que ele faria qualquer coisa por você."
Ela soltou uma risada fraca, sem humor. "Ele é bom demais para mim, Amber. Mesmo que eu quisesse... não posso ficar com ele."
"Por quê?" Minha voz saiu mais firme agora. Eu precisava entender. "O que está te impedindo? Gabriela, por favor, eu estou aflita aqui."
Ela engoliu em seco, seus olhos brilhando com lágrimas. "É complicado. Tem... alguém no meu passado. Alguém que realmente eu preciso... eu..."

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