Leonardo
Magnus estava no telefone, a seriedade habitual em sua voz, mas havia algo diferente – suas respostas eram curtas, quase calculadas, como se ele estivesse me preparando para algo muito pior. Conforme começava a passar as informações sobre Albus Cannon, senti minha paciência se desgastando com cada palavra que ele dizia.
"O garoto é um fantasma," ele começou, direto ao ponto. "Não está no banco de dados do governo ou da polícia, nenhum registro, nada. Não há pistas sobre ele em lugar algum. Parece que ele é apenas um laranja, alguém que traz e leva informações para terceiros."
"Um laranja?" repeti, a frustração crescendo no meu peito. "Magnus, você está me dizendo que todo esse tempo, tudo o que temos é um moleque que nem sabe o que está fazendo?"
"Não exatamente," respondeu ele, com um tom cauteloso. "O garoto pode não ser o cérebro por trás disso, mas ele sabe muito bem o que está fazendo. Ele ainda não revelou quem pagou pela foto, mas está na delegacia agora. As coisas vão correr de forma mais ordenada daqui em diante e com a ameaça de prisão com certeza ele vai abrir a boca e começar a falar."
Ordenada. A palavra soou como um insulto. Eu respirei fundo, tentando não perder o controle.
"Eu não quero nada ordenado, Magnus," retruquei, minha voz mais baixa, mas carregada de raiva. "Eu quero o nome do infeliz que está nos perseguindo. Entendeu? Quero um nome para culpar e derrubar."
Do outro lado da linha, ouvi Magnus respirar fundo antes de continuar. "Encontramos alguns documentos na casa," ele disse, sua voz ganhando um tom mais sombrio. "Eram movimentações financeiras, documentos pessoais e... exames médicos. Os exames sobre a nova gravidez de Amber."
Meu corpo travou, como se uma onda de gelo tivesse percorrido minha espinha. Por um momento, as palavras dele não fizeram sentido. Mas então, a realidade me atingiu como um soco no estômago.
"O que você está dizendo?" minha voz saiu tensa, quase um rosnado.
"Leonardo," Magnus continuou, a hesitação clara em sua voz. "O foco do garoto parecia ser ela. Tudo indicava que ele estava reunindo informações sobre Amber e a nova gravidez. Ele tinha todos os prontuários dos dias que ela ficou no hospital, assim como as informações dos bebês."
A raiva tomou conta de mim como um incêndio descontrolado, queimando cada resquício de lógica ou contenção. Meu peito parecia apertado, a respiração pesada enquanto a frustração transbordava. Não pensei – não podia pensar. Tudo o que queria era liberar a pressão que ameaçava me consumir por inteiro.
Com um movimento brusco, meu punho encontrou a parede ao lado, e o impacto reverberou pelos ossos do meu braço. O som foi alto, seco, como uma explosão em meio ao silêncio. Minha mão doeu, mas a dor física era insignificante comparada ao caos que fervilhava dentro de mim.

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