Amber
Leonardo se sentou na beira da cama, soltando um longo suspiro enquanto passava as mãos pelo rosto. Seus ombros estavam tensos, e o peso do dia parecia pressioná-lo como uma maré implacável. O silêncio entre nós se alongou, pesado e carregado de palavras não ditas.
"Vai me dizer por que não me contou na hora o que aconteceu, ou pretende continuar me escondendo as coisas sempre que algo fugir do seu controle?" Minha voz saiu firme, mas sem agressividade. Eu não queria começar uma briga, mas precisava entender o que se passava na cabeça dele.
Ele ergueu os olhos para mim, visivelmente cansado. O olhar dele vagou pelo quarto por um segundo antes de finalmente me encarar. "Amber, eu..." Ele hesitou, escolhendo as palavras. "Eu não queria te preocupar mais do que já está."
Cruzei os braços, inclinando-me um pouco para frente. "Essa desculpa já está ficando velha, Leo."
Ele soltou um riso sem humor e balançou a cabeça. "Eu sei."
"Então por que você faz isso?" continuei, minha voz mais baixa agora. "Por que você insiste em carregar tudo sozinho? Você acha que me manter afastada vai resolver alguma coisa?"
Leonardo desviou o olhar por um momento, esfregando a nuca, um gesto que ele sempre fazia quando estava tentando encontrar uma resposta para algo que não queria admitir.
"Não é isso," ele disse, finalmente. "Eu não quero te afastar. Eu só... Meu instinto é proteger você, proteger as crianças. E às vezes, a melhor forma de fazer isso é lidando com as coisas sozinho."
Soltei um suspiro, sentindo a frustração crescer dentro de mim. "Você realmente acha que isso é proteção, Leonardo? Me manter no escuro, me ignorar o dia inteiro enquanto se afunda nos problemas? Não importa o quanto tente esconder, eu vejo tudo no seu rosto. Você é transparente para mim, quer queira, quer não."
Ele passou as mãos pelos cabelos, claramente lutando contra suas próprias convicções. "Eu não queria te magoar, Amber."
"Mas magoou," admiti, minha voz embargada. "Eu passei o dia inteiro me perguntando o que estava acontecendo. As crianças perguntaram por você o tempo todo. Você estava tão consumido por essa raiva, por essa necessidade de resolver tudo sozinho, que esqueceu que não está sozinho."
Ele fechou os olhos por um momento, como se minhas palavras estivessem atingindo algo dentro dele.
"Eu não sei fazer diferente," ele confessou, baixinho.


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