Peter
A dor era insuportável. Cada respiração fazia minhas costelas latejarem, como se estivessem sendo esmagadas por dentro. Meus pulsos ardiam contra as cordas apertadas que prendiam meus braços para trás, e minhas pernas estavam igualmente amarradas, dificultando qualquer tentativa de movimento. O chão frio e úmido do porão onde fui jogado parecia sugar qualquer resquício de dignidade que ainda me restava.
Minha mente gritava que aquilo não podia estar acontecendo. Eu fui reduzido a um prisioneiro amarrado como um animal, sem saber se veria a luz do dia novamente.
Acima de mim, passos pesados ecoaram pelas tábuas do assoalho. O desgraçado que me mantinha refém estava lá em cima, provavelmente se embebedando ou, pior, planejando qual seria meu destino. Eu sabia que Martina tinha algo a ver com isso. Depois de tudo que fizemos juntos, ela não hesitaria em me vender para salvar a própria pele.
A porta de metal do porão se abriu com um rangido, e a luz crua do corredor iluminou a escada. Meu captor desceu os degraus lentamente, seu sorriso torto transbordando diversão ao me ver naquele estado deplorável.
"Gostando do tratamento, Calton?" ele zombou, cruzando os braços enquanto me olhava de cima. "Deve ser uma mudança e tanto, hein? De empresário influente para saco de pancadas." Ele soltou uma risada áspera.
"Escuta..." tentei dizer, minha voz rouca. "Quanto Martina está te pagando? Posso te dar o dobro. O triplo."
Ele gargalhou, jogando a cabeça para trás, como se minha proposta fosse a coisa mais ridícula que já tinha ouvido. "Ah, eu sabia que você tentaria essa novamente. Sempre tentam." Ele se abaixou, aproximando o rosto sujo e suado do meu. "Mas, veja bem, Calton... Eu não trabalho pelo dinheiro. Trabalho porque gosto de torturar pessoas."
Meu estômago revirou. Esse cara não era um simples capanga comprável. Ele era um lunático.
"Por favor," engoli seco. "Você não precisa fazer isso."
Ele inclinou a cabeça, como se realmente estivesse considerando minha súplica. "Ah, claro que preciso." Então, sem aviso, agarrou o colarinho da minha camisa e me arrastou pelo chão de pedra, subindo os degraus do porão comigo se debatendo inutilmente. O atrito das cordas queimava meus pulsos enquanto eu tentava me soltar.
"Para onde está me levando?" perguntei, meu tom desesperado.
Ele não respondeu. Simplesmente me arrastou pelo corredor mal iluminado e me jogou contra o chão de madeira de uma sala que parecia ter sido abandonada há anos. Poeira dançava pelo ar, e os móveis estavam cobertos por lençóis encardidos.
"Tenta alguma gracinha, e eu quebro sua cara de um jeito que nem sua própria mãe o reconheceria," ele disse, pisando forte no meu estômago. Um grito de dor escapou de mim, e eu me encolhi instintivamente.
"Adoro esse som de ossos estralando..." Ele riu, olhando para mim com desprezo. "Mas você grita igual uma donzela."
Minha respiração veio em arfadas dolorosas. Eu não tinha forças para revidar. Cada parte do meu corpo doía, e eu sabia que mais resistência só me traria mais sofrimento.
"Vou dormir para repor minhas energias para as ordens da senhora. Melhor você rezar para que eu acorde de bom humor amanhã de manhã," ele disse, virando-se para sair.
Eu me mantive imóvel, apenas ouvindo o barulho de suas botas pesadas subindo as escadas de madeira. Então, ouvi a porta ranger e se fechar com um baque seco.
O silêncio reinou.
Minha mente trabalhou rápido. Eu não podia ficar ali esperando para descobrir qual seria meu destino. Eu tinha que sair. Tinha que fugir.
Respirei fundo e comecei a mexer os pulsos, ignorando a dor cortante da corda apertando minha pele já ferida. O tempo passou de forma arrastada enquanto eu forçava as mãos, movendo os dedos na tentativa de criar um vão.
Cada minuto parecia uma eternidade.



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