Leonardo
O ar ao meu redor parecia ter ficado mais pesado. Eu ainda sentia a raiva vibrando no meu peito, como um animal enjaulado pronto para atacar. Mas quando Martina arqueou uma sobrancelha e sorriu com malícia, senti que o pior ainda estava por vir.
"Felipe te contou sobre o meu plano…" Ela inclinou a cabeça. "Mas será que ele também te contou que nós éramos amantes naquela época?"
Minha respiração parou por um segundo.
O choque me atingiu como um golpe no estômago.
Felipe?
Minha mente se recusava a processar a informação.
"Não minta, Martina." Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, mas carregada de fúria.
Ela riu suavemente, caminhando devagar até o aparador de bebidas.
"Ah, querido, não estou brincando." Ela pegou uma garrafa e começou a servir uma dose de uísque. "Você realmente nunca desconfiou? Felipe sempre teve uma queda pelo proibido. Principalmente pelo que era seu."
Minha visão ficou turva por um instante.
Felipe? Ele era apaixonado por Francesca, não era?
Martina virou-se para mim, estendendo o copo.
"Quer um para se acalmar?"
"Você está mentindo." Minha voz saiu mais firme dessa vez.
Ela tomou um gole da própria bebida e sorriu. "Se é mentira, por que você está pálido?"
Eu queria rir. Queria gritar. Mas tudo que consegui fazer foi travar a mandíbula e cerrar os punhos.
"Você sempre gostou de me ver desmoronar, não é?"
Martina riu de novo e se aproximou, sua presença sufocante. "Admito que é um dos meus passatempos favoritos. Mas, para ser justa, nem sempre sou eu quem te decepciona, Leonardo. Às vezes, você se cerca das pessoas erradas."
Minha cabeça estava a mil. Eu sabia que Martina era ardilosa, mas não esperava que ela tivesse esse tipo de poder sobre mim. Felipe não podia ter feito isso.
"Você está fazendo isso para me fazer duvidar dele." Repeti, tentando me agarrar a essa única certeza.
Martina suspirou, olhando para o líquido âmbar no copo. "Infelizmente, ele é culpado, tenho algumas fotos para provar, quer ver?"
Minha expressão ficou fria. "Vá se foder."
"Eu queria que você fizesse isso comigo, mas sempre me rejeitou." ela fez um beicinho, passando a mão livre pelo corpo. "Já Felipe, nunca foi imune. Como nunca consegui te levar para cama..." Ela falou, bebendo mais um gole. "Nem mesmo quando você estava caindo de bêbado, resolvi achar um substituto. De quem você acha que eu conseguiria um bebê?"
O impacto daquelas palavras me atingiu como um raio.
Minha respiração ficou irregular.
A verdade estava ali, crua. Ela tentou me dopar, tentou me manipular… mas falhou.
E mesmo assim, ela teve a coragem de fingir por todo esse tempo.
A vontade de matá-la se intensificou.
"Você é doente." Me aproximei, minha voz baixa e cheia de fúria contida.
Ela apenas sorriu. "Não seja tão dramático, querido. Você está vivo, não está?"
O sangue fervia dentro de mim. Mas então, outra peça do quebra-cabeça se encaixou.
"Felipe também sabia que você sabotaria o carro de Francesca?"
O sorriso de Martina diminuiu por uma fração de segundo.
Ela piscou. O suficiente para eu ter certeza.
Então ela riu, mas dessa vez, sem a mesma confiança.
"Infelizmente, não." Ela girou o copo em mãos, como se aquilo fosse um detalhe sem importância. "Ele era um romântico incorrigível. Amava Francesca de um jeito que me irritava. E quando ela morreu, ele me acusou." Então ele não mentiu quando ficou surpreso com relação a isso.

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