Leonardo
A tensão no ar era sufocante. Meu olhar estava cravado em Martina, tentando decifrar cada palavra não dita, cada movimento discreto, cada m*****a intenção oculta.
Eu queria acreditar que tudo aquilo era apenas mais um jogo dela, que era apenas sua forma doentia de tentar me manter sob seu controle. Mas uma voz persistente no fundo da minha mente gritava que eu havia cometido um erro.
E se ela me atraiu até aqui apenas para me afastar da minha família?
Senti um frio na espinha, minha mente trabalhando em um milhão de possibilidades ao mesmo tempo.
E se eu tivesse caído na armadilha dela como um completo idiota?
Ela sorriu, os olhos cheios de diversão ao perceber minha hesitação.
"O que foi, Léo? Finalmente percebeu que veio direto para a jaula da leoa?"
Minha mandíbula travou. Eu tinha que ganhar tempo.
Me mantive impassível, cruzando os braços, meu olhar afiado cravado no dela. "Você fala muito, Martina. Só fala. Mas a verdade é que você não passa de uma mulher desesperada para ter uma coisa que nunca foi sua."
Ela inclinou a cabeça de lado, como se estivesse se divertindo. "Oh, querido… É exatamente por isso que eu adoro você. Sempre tentando manter essa fachada de controle absoluto, quando na verdade, está apavorado."
Fingi não me abalar, mesmo quando uma parte de mim sabia que ela estava certa.
"Tenho certeza que apavorado não é uma palavra que me define agora. Podemos tentar, irado, com pensamentos assassinos, psicopata. Todos esses adjetivos me definiriam muito bem, agora apavorado? Acredito que não." Ela tentou se aproximar, mas me esquivei de seus dedos, se ela encostasse em mim, era capaz de eu cometer uma loucura.
"Me diz então, o que a ruiva tem que eu não tenho?" sua voz tremulou e gargalhei, deixando meus olhos se fecharem, tamanha a graça de suas palavras. "O que é? Está zombando de mim?"
"Você mesmo faz isso, ninguém precisa fazer nada."
"Não entendo como uma mulherzinha que veio do nada, órfã de mãe. Delinquente na infância conseguiu chegar tão longe..." ela bufou apertando a taça entre seus dedos.
"Vejo que estudou bem o passado da minha mulher," ela revirou os olhos.
"Ela não é sua mulher, tecnicamente ainda é sua noiva, então..."
"Tecnicamente." respondi rindo novamente dela.
"É porque ela conseguiu te dar filhos? É isso que nos difere?"
"Já ouviu falar em caráter? Decência? Pureza? Nobreza? Não, claro que não...você não possui nenhum deles.
Martina riu, um riso carregado de falsa ternura.
"Suas palavras não me machucam, Léo." Ela deu um passo à frente, os olhos predatórios. "Sei que suas palavras são apenas um reflexo de não me conhecer direito, se me desse uma chance saberia que..."
Minha paciência esgotou ali.
"Essa conversa acabou." Falei, minha voz soando mais fria do que nunca.
Girei nos calcanhares e fui até a porta. Mas antes que pudesse tocar na maçaneta, dois dos seguranças dela se colocaram no meu caminho.
Soltei um suspiro pesado, sentindo meu maxilar se contrair.

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