Leonardo
A tensão no ar era quase palpável. Eu precisava sair daquele hospital. Precisava agir antes que fosse tarde demais.
Meus músculos ainda estavam rígidos, meu corpo reclamava pelo esforço, mas eu não podia ficar parado.
Me movi devagar, tentando levantar da cama. Amber imediatamente ficou em alerta, segurando meu braço com força.
"Leonardo, não." Sua voz era aflita, carregada de preocupação. "Você acabou de acordar, não pode simplesmente sair andando por aí!"
Parei por um segundo, olhando para ela.
Meu amor. Minha mulher. A mãe dos meus filhos.
Mesmo exausta, mesmo com os olhos vermelhos, ela ainda estava ao meu lado, preocupada comigo antes de pensar em si mesma.
Respirei fundo e segurei seu rosto entre minhas mãos.
"Você não precisa se preocupar." Minha voz saiu firme, mas ainda carregada de carinho. "Nós vamos sumir por um tempo, apenas o necessário para acabar com esse caos."
Ela fechou os olhos por um instante, respirando fundo, tentando absorver minhas palavras.
"Leo…"
"Martina está psicótica, Amber." Apertei meu polegar contra sua bochecha, acariciando-a suavemente, tentando acalmá-la. "Ela não é apenas obsessiva. Ela é um monstro. Um psicopata. Deseja a morte de vocês, tanto quanto deseja que eu sucumba a suas vontades. Ela não vai parar, não até ter o que quer e já deixou claro que vocês são obstáculos que ela está disposta a retirar do caminho."
Ela tremeu levemente, e eu me odiei por precisar dizer isso tão cruamente.
"Não vale a pena esperar seu próximo movimento." Continuei. "Não podemos dar esse luxo a ela. Precisamos agir primeiro."
Amber abriu os olhos novamente, e eu vi a luta interna dentro dela. Ela sabia que eu estava certo, mas não queria aceitar que estávamos sendo forçados a fugir.
Ela olhou para baixo, seus dedos apertando os lençóis.
"Eu não quero viver fugindo, Leo…" Sua voz saiu um sussurro.
"Eu sei, meu amor." Inclinei-me e beijei sua testa. "E não vamos. Isso é temporário. Apenas até garantirmos que ninguém pode nos machucar."
Ela me encarou por longos segundos, e então suspirou pesadamente.
"Eu odeio isso."
"Eu também." Passei os dedos pelo seu cabelo. "Mas eu prefiro odiar isso do que te ver machucada."
Ela engoliu em seco, e finalmente assentiu.
Convencê-la era apenas a primeira parte do problema.
Estava prestes a continuar quando a porta do quarto se abriu de repente.
Magnus entrou, acompanhado pelo médico, que segurava uma prancheta e já me lançava um olhar de advertência.
"Senhor Martinucci, vejo que já está testando os limites do próprio corpo." A voz do médico soou reprovadora. "Espero que tenha uma boa explicação para estar fora da cama."
Revirei os olhos, sentindo minha paciência se esgotando rapidamente.
"Preciso sair daqui ainda hoje." Cruzei os braços. "Não é seguro permanecer nesse hospital."
Amber me olhou de canto, provavelmente percebendo que eu não aceitaria um não como resposta.
O médico suspirou e se aproximou, me avaliando com o olhar.
"Vamos realizar mais alguns exames antes de considerar sua liberação." Sua voz era calma, mas firme. "Você ficou inconsciente por três dias, e a droga usada contra você ainda precisa ser completamente eliminada. Veremos se as taxas estão em um nível seguro para que o senhor possa ir para casa."
"Não temos tempo para isso." Minha mandíbula travou. "Eu—"
"É necessário." O médico me cortou. "E além disso…" Ele olhou para Amber.
"Você está pálida novamente." O médico disse diretamente para ela. "O estresse não vai melhorar seu quadro. Eu recomendo que fique pelo menos mais um dia. Vou pedir mais um monitoramento e verificar se conseguimos estabilizar o risco."
O mundo parou.
Minha respiração ficou presa na garganta, e meu coração disparou em pânico absoluto.
"Quadro? Que quadro? O que vocês não me contaram? De que riscos estão falando?" Minha voz saiu mais forte do que pretendia, meu olhar indo direto para Amber, que parecia prestes a desabar novamente.
Ela abaixou a cabeça, os olhos evitando os meus.
O silêncio dela foi como um soco.
Ela já sabia.
"Suas filhas estão em risco de um parto prematuro. Sua noiva deu entrada no hospital apresentando contrações, o que é extremamente preocupante para uma gestação de apenas 18 semanas. Administramos a medicação necessária e a mantemos sob observação rigorosa para evitar complicações."
"Amber…" Minha voz tremeu, porque, pela primeira vez desde que acordei, o medo real me atingiu. "Me diz que isso não é sério."
Ela engoliu em seco, os dedos apertando os lençóis.
"Eu… já estava sentindo algumas cólicas antes, você sabe." Sua voz saiu tão baixa que quase não escutei. "Mas achei que fosse normal."
Fechei os olhos por um segundo, sentindo a raiva e o desespero se misturarem em um nó dentro de mim.
"Por que você não me disse nada?" Minha voz não foi dura, foi quebrada. "Por que não me alertou de que poderia ser algo mais grave?"
Ela finalmente me olhou, e o que vi em seus olhos fez meu peito apertar ainda mais.
Medo.
Mas não por ela.
Pelas nossas filhas.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Os Gêmeos inesperados do CEO