Entrar Via

Os Gêmeos inesperados do CEO romance Capítulo 29

Amber

O quarto minúsculo do hotel de beira de estrada era nossa nova realidade. Observei Bella e Louis explorando o espaço com olhares confusos, suas pequenas testas franzidas enquanto tentavam entender nossa mudança repentina da mansão luxuosa para este cubículo com papel de parede descascando.

"Mamãe, poque não podemos vota pa casa bonita?" Bella perguntou, agarrada à boneca que Valéria nos dera como último presente.

Engoli em seco, tentando mascarar a dor lancinante em minha mão queimada. "A senhorita Martina não precisa mais do meu trabalho, anjinho. Mas vai ficar tudo bem, vamos encontrar outro lugar legal para morar , logo logo."

Louis abraçou seu urso de pelúcia com força. "Pomete, mamãe?"

"Prometo, meu amor." Menti, porque às vezes mentiras são necessárias para proteger aqueles que amamos.

Através da janela embaçada, observei nuvens escuras se aproximando rapidamente. O vento começou a uivar, fazendo as velhas janelas do hotel rangerem, trazendo consigo o presságio de uma tempestade. As árvores do lado de fora se curvavam violentamente, suas sombras dançando nas paredes do quarto como fantasmas inquietos.

"Vamos, pequenos, hora do banho antes que a tempestade fique mais forte." Minha voz tentava soar alegre, transformando aquele momento em uma pequena aventura. "Bella, você primeiro, princesa."

Conduzi minha pequena até o banheiro minúsculo, onde a luz fluorescente piscava ocasionalmente. Bella, sempre minha ajudante, ergueu os bracinhos com cuidado quando pedi, seus olhos atentos ao curativo em minha mão.

"Mamãe, tá dodói ainda?" ela sussurrou, tocando delicadamente meu pulso.

"Só um pouquinho, amor." Sorri, enquanto a enxugava com a única toalha limpa que tínhamos. O tecido áspero contra sua pele delicada me fez sentir uma pontada de culpa. Vesti-a com seu pijama emprestado, já um pouco desbotado das muitas lavagens.

Louis foi mais desafiador. Meu pequeno furacão estava agitado, talvez sentindo a eletricidade no ar. Em meio à sua energia infantil, um movimento brusco acertou em cheio minha mão ferida. A dor explodiu como fogos de artifício, e precisei morder o lábio para conter um grito.

"Dicupa, mamãe!" Seus olhos castanhos se encheram de lágrimas, o lábio inferior tremendo.

"Está tudo bem, meu amor." Engoli o nó na garganta, piscando rapidamente para afastar minhas próprias lágrimas. "Vamos terminar seu banho." Com esforço extra, consegui secá-lo e vesti-lo com a ajuda de Bella, que segurava as peças de roupa como uma enfermeira dedicada.

De volta ao quarto, vasculhei minha bolsa, encontrando alguns papéis amassados e lápis de cor. "Olha só o que eu achei! Que tal fazerem um desenho bem bonito enquanto mamãe toma banho rapidinho?"

O vento rugia cada vez mais forte lá fora, e eu podia sentir o tempo se esgotando. Entrei no banheiro, ligando o chuveiro que cuspia água morna de forma irregular.

"Preciso me apressar antes que..." O pensamento ficou suspenso no ar quando as luzes começaram sua dança macabra, um piscar, dois, e então...

Escuridão absoluta.

"Mamãe!" O grito assustado dos gêmeos ecoou pelo quarto, atravessando as paredes finas como papel.

"Shh, está tudo bem, meus amores!" Respondi imediatamente, o coração disparado. Ainda molhada, tateei às cegas pelo banheiro, encontrando a toalha. "Fiquem sentadinhos na cama, a mamãe já vai!" Com movimentos apressados, sequei-me como pude e vesti a roupa, ignorando os pingos que escorriam por meus cabelos. No escuro, encontrei o caminho até eles, guiada pelo som de suas respirações agitadas.

Seus pequenos corpos tremiam quando os alcancei, e os abracei, tentando transmitir uma segurança que eu mesma não sentia. O temporal agora estava sobre nós, transformando aquela noite em um desafio ainda maior do que eu poderia imaginar.

"Mamãe, estou com fome," Bella choramingou.

"Não mais, querido." Mais uma mentira necessária, enquanto a queimadura pulsava impiedosamente sob as ataduras.

Quando os bocejos começaram, arrastei a velha cama de ferro para junto da parede, seu rangido ecoando no quarto. Aconcheguei meus pequenos tesouros sob o cobertor fino, verificando suas fraldas uma última vez.

"Brilha, brilha, estrelinha..." Comecei a cantar suavemente, observando seus olhinhos pesados se fecharem gradualmente.

Com eles finalmente adormecidos, permiti que as lágrimas silenciosas escorressem. Como manteria meus filhos seguros e alimentados? Como...

Me levantei e comecei a recolher os pratos do chão, e os coloquei sobre a bandeja que estava na cômoda.

Quando me arrastava de volta para a cama, uma batida forte na porta interrompeu meus pensamentos sombrios. Meu coração disparou.

"Quem é?" Sussurrei, tentando não acordar as crianças, me aproximando devagar.

"Amber, abra a porta." A voz grave e familiar de Leonardo Martinucci enviou arrepios por minha espinha.

'O que ele faz aqui?' Meu estômago se contraiu em um nó de ansiedade. Aquela voz... a mesma que há poucos dias havia me confrontado sobre meu passado, jurando que Peter mentira sobre tudo que eu acreditava ser verdade. O homem que, apesar de sua postura intimidadora, havia tentado me proteger de Peter. Mas agora, depois do que aconteceu com Martina, depois de fugir de sua casa... qual seria sua real intenção? Lancei um olhar rápido para as crianças adormecidas, meu único porto seguro nesse mar de incertezas.

Com dedos trêmulos, girei a maçaneta. Ali estava ele, completamente encharcado, seus olhos escuros queimando com uma intensidade que me fez recuar instintivamente. Apoiado no batente da porta, sua presença dominava o pequeno espaço, trazendo consigo o cheiro de chuva e poder.

"Senhor Martinucci..." sussurrei, meu coração trovejando mais alto que a tempestade lá fora.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Os Gêmeos inesperados do CEO