Leonardo
A chuva castigava impiedosamente quando o carro parou em frente ao hotel decadente. Minha irritação, que já estava no limite desde as afirmações de Lucius, apenas aumentou ao ver a fachada descascada do estabelecimento. As luzes piscavam irregularmente, como se até mesmo a eletricidade hesitasse em permanecer naquele lugar.
"Tem certeza de que é aqui?" Questionei Lucius através da janela do carro, já encharcado pela chuva torrencial.
"Sim, senhor. Foi o que ela pôde pagar com o dinheiro que tinha." Ele respondeu, evitando meu olhar furioso. "Sugeri levá-la para um lugar melhor, mas ela..."
"Deveria tê-la levado para meu hotel, mesmo contra a vontade dela." Cortei-o, passando a mão pelo cabelo molhado.
"Com todo respeito, senhor, a senhora Amber é... determinada." Lucius escolheu as palavras com cuidado. "Especialmente depois do incidente com a senhorita Martina."
Engoli a raiva que subiu pela minha garganta ao lembrar do que Martina havia feito. "Vá para a mansão com Magnus. Mantenha Martina ocupada, ela vai fazer um escândalo quando perceber que não estou com vocês. Quando eu conseguir convencer Amber, ligo para me buscar."
"Como quiser, senhor. Mas não assuste ainda mais a menina." ele olhou feio para mim, e o encarei de volta.
"Eu tenho cara de quem vai assustar alguém?" Magnus riu do outro lado e o encarei.
"Você não parece nem um pouco confiável, nesse momento." bufei me afastando deles, e ignorando seus comentários.
O hall do hotel estava iluminado apenas por velas, criando sombras dançantes nas paredes manchadas de umidade. A proprietária, uma senhora de cabelos grisalhos, me observava com desconfiança por trás de um balcão gasto pelo tempo.
“boa noite, senhora." falei rápido, olhando para fora, que tinha alguns pontos de luz e outros não.
“boa noite, senhor, buscando por um quarto para pernoitar?" ela me questionou já olhando as chaves.
"Na verdade, procuro uma mulher," falei, tentando suavizar meu tom naturalmente autoritário. "Cabelos curtos, pretos. Está com duas crianças pequenas. Louis e Bella."
Seus olhos se estreitaram. "E o senhor seria...?"
"Sou o marido dela." A mentira saiu fácil, necessária. "Acabei de chegar em Aspen e quero entender por que ela não está em nossa casa."
"Ah senhor, não sei se posso acreditar em suas palavras. A menina chegou tão assustada... acho que..."
"Me questione o que quiser. Estou disposto a responder todas as suas perguntas apenas para ter um minuto com ela." Aquilo pareceu acalmar o coração da mulher.
Após um interrogatório que testou minha já escassa paciência, ela finalmente cedeu sob minha promessa de partir se Amber não quisesse me ver. "Quarto 105, primeiro andar."
Subi os degraus rangentes de dois em dois, guiado pela luz do celular pelos corredores escuros. Quando encontrei a porta certa, bati com mais força do que pretendia.
"Quem é?" Sua voz suave atravessou a madeira.
"Amber, abra a porta." Ordenei, meu coração inexplicavelmente acelerado.
Me inclinei lentamente, observando seus olhos oscilarem entre meus lábios e meus olhos, sua respiração ficando mais pesada. Por um momento, senti sua resistência vacilar, seu corpo amolecendo contra o meu. Mas então ela me empurrou. Sua mão pequena contra meu peito molhado.
"Por que faz isso? Por que se importa?" sua voz tremeu, e não pude deixar de notar como seu peito subia e descia rapidamente, denunciando que ela também sentia essa eletricidade entre nós.
"Amber..." sussurrei seu nome como uma carícia, vendo-a estremecer novamente. "Eu te trouxe para cá para te manter segura, eu não..." ela se virou bruscamente, mas não antes de eu notar o rubor em suas faces.
"É isso que você chama de segurança?" sua voz era baixa, mas feroz. "Se ela tivesse chegado perto dos meus filhos.... hoje você estaria enterrando sua noiva." ela falou e sorri.
"E eu pagaria os melhores advogados do mundo para te livrar da pena." seus olhos se arregalaram e ela deu um passo para trás.
"Eu não te entendo." ela mordeu o lábio e depois me olhou de cima a abaixo. " E você está encharcado," falou, quebrando o momento.
Ri baixo, observando-a buscar uma toalha úmida no banheiro. "Desculpe, é a única que temos..." Ela começou a secar meu cabelo com cuidado, sua mão delicada roçando ocasionalmente em minha nuca, enviando arrepios por minha espinha. A proximidade dela, o calor de seu corpo, estava me deixando louco. Segurei seu pulso delicadamente, interrompendo seus movimentos.
"Não se preocupe com isso," minha voz saiu grave, carregada de desejo contido. Nossos olhares se encontraram na penumbra, e por um momento o ar ficou denso com a tensão entre nós. "Venha comigo. Para um lugar melhor que isso."
"Pelo menos aqui a dona foi gentil comigo, diferente de..."
A puxei para mim novamente, precisando que entendesse. "Nunca mandei Martina fazer aquilo. Peter..." Engoli em seco. "Ele entrou com pedido de guarda das crianças. Me acusou de sequestro. Fui impedido de sair da cidade até hoje."
Seus olhos se arregalaram com a nova informação, e pela primeira vez naquela noite, vi um lampejo de compreensão substituir o medo.

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