Leonardo
A sensação de controle escorria pelos meus dedos como areia fina.
Eu tentava segurá-la, tentava manter a ilusão de que ainda podia proteger minha família, mas a vida parecia determinada a me mostrar o contrário.
Quando o segurança voltou com o rosto fechado e tenso, eu já sabia que nada de bom sairia de sua boca.
"Senhor Martinucci," ele começou, mantendo um tom profissional, mas firme. "Temos confirmação visual. Martina foi vista novamente em Roma."
O silêncio no quarto ficou pesado, sufocante.
Amber não reagiu de imediato, mas eu senti seus dedos apertarem os meus com força.
Respirei fundo, controlando o impulso de socar a parede mais próxima.
"Quero um reforço de segurança imediato neste andar." Minha voz saiu mais dura e controlada do que eu esperava. "Quero guardas na porta do quarto da Amber e no quarto do Magnus. Se alguém chegar perto sem autorização, eliminem antes de perguntar. Nada passa por vocês, me entendeu?"
O segurança assentiu de imediato. "Vou providenciar isso agora mesmo, senhor."
Ele se retirou, e então me virei para Amber.
"É por isso que temos que partir," soltei, minha voz carregada de exaustão e raiva. "Isso não tem fim, Amber. Toda vez que achamos que conseguimos respirar, alguma coisa acontece. Algum inimigo reaparece. Isso nunca vai acabar."
Ela ergueu o olhar para mim, desafiante, mas também compreensiva.
"Então vamos voltar para casa," disse com suavidade. "De lá, resolvemos tudo."
Minha expressão endureceu.
"Amber, você acha mesmo que lá estaremos seguros?"
"Eu acho que Colorado Springs é a melhor opção agora." Seu tom não era de dúvida, e sim de convicção. "Aqui, estamos em território desconhecido. Lá, temos aliados, temos recursos. A polícia já conhece nossos inimigos. Eles sabem do que Martina é capaz. Aqui é a casa dela. De alguma forma, ela está sempre um passo a frente."
Passei as mãos pelos cabelos, tentando racionalizar sua lógica, mas o medo ainda estava dentro de mim, queimando.
"É arriscado," murmurei.
"É," ela concordou, segurando minhas mãos com firmeza. "Mas desde que estejamos juntos, desde que continuemos nos apoiando, vamos sobreviver a isso."
Aquela frase quebrou algo dentro de mim.
Fechei os olhos e, antes que pudesse pensar, a puxei para um beijo profundo e intenso.
Ela suspirou contra meus lábios, e senti sua tensão se dissolver por um momento.
"Eu nunca vou me perdoar se algo acontecer a você," murmurei, roçando minha testa na dela.
"Nosso foco agora são as meninas," ela sussurrou. "Eu prometo que vou ficar quietinha em casa. Sem sair para nada, sem me expor. Dentro de casa, nada pode acontecer."
Eu quis argumentar, mas ela estava certa.
"Assim que o médico liberar você e Magnus, voltamos para Colorado Springs."
Ela sorriu cansada, mas satisfeita.
"Ótimo," respondeu baixinho.
"Espero não me arrepender disso."
"Não vai, ficaremos bem." ela falou passando a mão pela barriga.
"Está sentindo alguma coisa?" ela negou com a cabeça.
"Apenas medo. Não sei como consertar o problema que nossa filha está enfrentando. Queria obrigar meu corpo a dar mais nutrientes para ela, mas não consigo e isso é frustrante." Alisei os cabelos dela, entendendo perfeitamente seu medo.
"Os médicos darão um jeito, você vai ver." falei tentando acalmá-la.
"Espero que sim,"
Então, de repente, sua expressão mudou.
"Você já ligou para Gabi?"
Travei imediatamente.
"Não," admiti. "Ainda não tive coragem."
Amber engoliu seco.
"Ela precisa saber, Leo."
Soltei um longo suspiro.
"Eu sei."
Sem hesitar, peguei o celular e entreguei para ela. Amber discou o número de Gabriela.
O telefone chamou três vezes antes de a voz dela surgir, animada e despreocupada.
"Leonardo? Que grande honra ter o senhor Martinucci me ligando, Amber está bem?"
Amber fechou os olhos por um momento, como se precisasse de força para falar.
"Gabi, sou eu."
"Amber?" Gabriela riu suavemente. "Ah que bom que é você, por um momento achei que tivesse acontecido alguma coisa. Eu estava tentando falar com o Magnus, mas o celular dele só dá caixa postal."

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