Gabriela
O silêncio do quarto era interrompido apenas pelo som das máquinas monitorando cada batida do coração de Magnus. O ritmo constante e mecânico me dava esperança, mas ao mesmo tempo, cada bipe ecoava como um lembrete cruel de que ele ainda não havia despertado.
Haviam se passado sete dias. Sete dias vendo-o imóvel, preso a fios e tubos, incapaz de me ouvir. Eu falava com ele todos os dias, segurava sua mão, implorava para que ele voltasse para mim. Cada dia que passava, minha esperança oscilava entre o desespero e a fé cega de que, em algum momento, ele abriria os olhos e tudo voltaria ao normal.
Mas nada era normal agora.
Minhas costas doíam por dormir naquela poltrona desconfortável ao lado dele, meu corpo estava exausto, e minha mente, um caos. Eu não queria sair de perto. E se ele acordasse e eu não estivesse ali?
Eu não suportaria.
Suspirei, ajustando minha posição ao lado da cama. Minha mão acariciava lentamente os dedos de Magnus, como se aquele simples toque pudesse guiá-lo de volta para mim.
Foi quando senti.
Um movimento.
Minhas sobrancelhas se franziram e, por um momento, achei que estivesse imaginando coisas. Mas então, seus dedos se moveram de novo, fracos, mas reais.
Minha respiração travou.
"Magnus?" Minha voz saiu quase num sussurro, carregada de esperança.
Seus cílios tremeram. Suas pálpebras se moveram lentamente.
E então, ele abriu os olhos.
Um soluço de alívio escapou da minha garganta. As lágrimas brotaram antes que eu pudesse contê-las.
"Meu amor, você voltou!" Minha mão apertou a dele com força, a felicidade me invadindo com uma força avassaladora. "Eu sabia que você voltaria! Eu estou aqui, Magnus, estou aqui com você."
Ele piscou algumas vezes, parecendo tentar focar. Seus olhos estavam desfocados, nublados pelo tempo em que permaneceu inconsciente. Eu sabia que ele precisaria de um momento para se situar, mas não me importei. O mais importante era que ele estava acordado.
Mas então, tudo começou a desmoronar.
Magnus franziu o cenho de repente, sua respiração acelerou, e ele tentou levantar o braço. O pânico tomou conta de sua expressão, e sua mão voou até os tubos em seu rosto.
"Magnus, não!" Gritei, tentando impedir quando seus dedos agarraram a mangueira do oxigênio, como se estivesse sufocando. "Por favor, calma! Você precisa—"
Mas ele não me ouvia.
Os monitores começaram a apitar em alerta, o batimento cardíaco dele acelerando.
A porta se abriu bruscamente, e os médicos e enfermeiros entraram às pressas.
"Ele está agitado!" Um dos médicos gritou. "Segurem-no antes que ele arranque o tubo!"
"Não!" Eu tentei intervir, mas fui afastada pela equipe. "Ele acabou de acordar! Ele precisa me ouvir!"
Um dos enfermeiros me segurou pelos ombros e me afastou da cama enquanto a equipe tentava acalmá-lo. Minha visão ficou borrada pelas lágrimas, e o pânico tomou conta de mim.
"Magnus, por favor, me escuta!"
Mas ele não me via.
Ele não me ouvia, apenas reagia por instinto. Ele achava que estava em perigo.
Eu estava paralisada. O choque tomava conta do meu corpo enquanto os médicos o desentubavam e realizavam os primeiros exames. O quarto agora parecia um campo de batalha, mas tudo que eu via era Magnus, perdido, olhando ao redor como se não soubesse onde estava.
A porta se abriu novamente, e Leonardo entrou.
Ele parou no meio do quarto, observando a cena com os olhos carregados de tensão. Não precisou perguntar nada, pois sua expressão dizia que ele já sabia que as coisas não estavam bem.
Minha garganta queimava, e quando olhei para ele, vi a mesma exaustão que estava em mim. Mas sua presença ali me deu algo que eu nem sabia que precisava naquele momento.
Força.
"Como ele está?" Leonardo perguntou ao médico, mas sua atenção permaneceu em Magnus.
"Conseguimos estabilizá-lo. Ele está desorientado, mas isso pode ser um efeito do trauma. Precisamos fazer exames neurológicos mais aprofundados," o médico explicou, ainda observando Magnus com cautela.
Foi então que Magnus finalmente falou.

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