Leonardo
O quarto estava silencioso, mas não era um silêncio confortável. Era o tipo de silêncio pesado, sufocante, que antecede uma tempestade. Gabriela ainda estava parada na porta, sem conseguir se mover, como se esperasse que, a qualquer momento, Magnus se lembrasse dela. Mas ele não se lembrava. Eu vi nos olhos dele.
E aquilo me destruiu.
Eu sabia exatamente o que Gabriela estava sentindo. Eu já passei por isso. Já vi Amber me olhar sem saber quem eu era, sem reconhecer nosso amor, sem lembrar da nossa história. Sei como é implorar por algo que deveria ser natural. E sei que Gabriela estava sentindo esse desespero agora.
Magnus, por outro lado, estava claramente confuso. Sua respiração ainda estava acelerada, os dedos inquietos sobre o lençol, os olhos vagando entre Gabriela e eu como se estivesse tentando decifrar um código que não fazia sentido.
Ele não entendia por que aquela mulher estava chorando por ele.
Ele não entendia por que eu estava olhando para ele com tanta tensão.
"Preciso falar com você," sua voz saiu rouca, trêmula. "A sós."
Gabriela avançou um passo, desesperada para não ser afastada dele. "Magnus, por favor, eu—"
"Gabriela," interrompi suavemente, colocando a mão em seu ombro. Eu não queria pedir aquilo, mas precisava. "Me dá um tempo com ele."
Ela piscou algumas vezes, sem saber o que dizer. Seus lábios tremeram e eu vi quando ela engoliu o choro que estava a ponto de explodir.
Os médicos intervieram. "Cinco minutos," um deles disse. "Depois precisamos levá-lo para mais exames neurológicos."
Gabriela hesitou, olhou para Magnus uma última vez e, então, saiu do quarto sem dizer mais nada.
Meu peito pesou ao vê-la daquele jeito.
Os médicos também saíram, deixando apenas eu e Magnus no quarto.
Soltei um longo suspiro antes de puxar um banco e me sentar ao lado dele. Sabia que essa conversa não seria fácil.
Magnus passou a língua pelos lábios secos e olhou para mim, visivelmente tenso e desconfortável.
"Quem é essa mulher?"
Fechei os olhos por um segundo antes de responder. "Antes de tudo, me diz uma coisa," minha voz saiu controlada, mas firme. "Qual é sua última lembrança?"
Ele franziu o cenho, claramente tentando buscar memórias na névoa da sua mente.
"Amber," ele murmurou. "O problema com os sistemas da empresa. Ela hackeou as informações da MGroup…" Sua testa se franziu ainda mais. "Mas se eu a salvei, significa que tudo se resolveu, certo?"
Meu maxilar travou. Merda.
Ele estava quatro anos atrás.
"Magnus…" esfreguei o rosto, sentindo a pressão da realidade pesar ainda mais. "Quem dera fosse só isso."
Ele me olhou confuso. "Como assim?"
Respirei fundo. "A sua última lembrança tem quase quatro anos," falei devagar, dando tempo para ele absorver cada palavra. "Amber ficou desaparecida por três anos. Peter sequestrou ela e a manteve presa todo esse tempo."
Magnus arregalou os olhos. "O quê?"
"Ela estava grávida na época," continuei, sem pausa. "Hoje, temos gêmeos, Bella e Louis. Eles já têm três anos."
Ele passou as mãos pelo rosto, sua respiração ficando cada vez mais rápida. Eu podia ver a confusão e o choque crescendo dentro dele.
"Isso… não pode ser verdade," ele murmurou.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Os Gêmeos inesperados do CEO