Gabriela
O mundo ao meu redor parecia ter desaparecido. Tudo o que existia era a forma como os olhos de Magnus me prendiam no lugar, como se me desafiassem a me lembrar do que já foi nosso. Seu olhar, a forma como seu corpo parecia querer me reconhecer, como se tentasse se agarrar a algo invisível, mas profundamente familiar…
E então, eu me inclinei.
Eu queria senti-lo de novo. De verdade.
Mas, antes que nossos lábios se tocassem, a porta do quarto se abriu.
"Magnus, os médicos disseram que—"
A voz de Leonardo soou como uma bomba no quarto.
Meu corpo travou instantaneamente.
Me afastei de Magnus tão rápido quanto se tivesse sido pega fazendo algo errado. Minhas mãos tremiam, meu rosto estava quente, meu coração disparado.
Leonardo parou na entrada, o olhar oscilando entre mim e Magnus, a sobrancelha arqueada com uma mistura de surpresa e constrangimento.
"Desculpem… não queria interromper nada," ele disse, mas seu tom deixava claro que ele sabia exatamente o que havia acontecido.
"Não tem problema," murmurei, afastando-me dos dois com pressa.
Magnus, por outro lado, parecia irritado.
"Tem problema, sim," ele resmungou, o olhar estreito, claramente frustrado.
Eu não olhei para ele. Não conseguia.
"Eu preciso ver a Amber… com licença," falei rapidamente antes de sair do quarto quase correndo, antes que meu corpo traísse tudo o que eu tentava segurar.
Com o coração na boca, andei apressada pelo corredor, tentando controlar a respiração, abanando o rosto como se pudesse dissipar o calor que ainda queimava minha pele.
Meu corpo inteiro tremia.
Eu sentia Magnus em cada célula minha.
Mesmo sem lembranças, ele ainda tinha poder sobre mim. Sobre meu coração. Sobre meu desejo.
"Respira, Gabriela," murmurei para mim mesma, tentando recuperar o controle.
Meu destino já estava traçado. Eu sabia para onde meus passos me levariam, mesmo que eu tivesse dito apenas como uma desculpa.
Amber era a única pessoa que podia me ajudar agora.
Abri a porta do quarto dela devagar. Ela ergueu os olhos para mim no mesmo instante.
Ela não precisou perguntar nada.
Ela viu.
"Você está com essa cara porque alguma coisa aconteceu," disse, com um tom carregado de curiosidade e diversão.
Eu parei encostada na porta, ainda sem conseguir falar.
Amber arqueou a sobrancelha e bateu a mão na cama. "Vem aqui e me conta tudo direito."
Suspirei e fui até ela. Sentei na cadeira ao lado da cama, e passei a mão pelos cabelos, tentando organizar os pensamentos.
"Magnus está diferente hoje," comecei, mordendo o lábio ao relembrar. "Mesmo sem lembrar de mim, ele está mais intenso."
Amber inclinou-se um pouco para frente. "Como assim?"
"Ele viu nossas fotos," confessei. "E parece que, de alguma forma, tudo começou a fazer sentido para ele. Ele não se lembra… mas sente."
Os olhos de Amber brilharam.
"Isso é maravilhoso," ela disse, empolgada. "Se ele já sente, logo ele vai lembrar. O corpo dele já reconhece você."
Suspirei e balancei a cabeça.
"Eu não quero sobrecarregá-lo. Eu sei como pode ser difícil…" Mas…
Amber sorriu de lado. "Mas?"
Me levantei e comecei a andar pelo quarto.
Eu sentia Magnus.
O cheiro dele. O calor da sua pele. O toque da sua mão segurando meu pulso.
Cada detalhe estava impresso na minha alma.
Passei as mãos pelos braços, sentindo um arrepio percorrer minha pele.
A lembrança do olhar dele sobre mim me deixou alarmada.
Eu parei na frente da janela do hospital, olhando para o horizonte, tentando encontrar um foco que não fosse o caos dentro de mim.

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