Leonardo
Observei Amber se afastar, processando minhas palavras sobre Peter. A luz da vela dançava em seu rosto, criando sombras que acentuavam sua expressão confusa. Quando ela se virou novamente para mim, seus olhos buscavam respostas.
"Como posso acreditar em você?" sua voz era apenas um sussurro.
Puxei meu celular do bolso, abrindo rapidamente o processo. "Veja por si mesma."
Entreguei o aparelho a ela, observando seus olhos percorrerem as linhas do documento. O juiz havia aprovado a audiência preliminar, exigindo sua presença. Peter alegava que eu a havia manipulado, usando minha influência para sequestrar as crianças.
Amber deslizou pela parede até se sentar no chão, absorta em cada palavra. Acompanhei as emoções atravessarem seu rosto como ondas: incredulidade, raiva, fúria, tudo em silêncio absoluto. Me sentei ao seu lado, próximo o suficiente para sentir o calor de seu corpo, como um viciado buscando sua dose.
"Obrigada," ela murmurou, me devolvendo o celular enquanto olhava para os gêmeos. Encostou a cabeça na parede, fechando os olhos. "Estou tão cansada disso tudo. Às vezes só queria... desaparecer no mundo com eles. Ir para onde ninguém pudesse nos encontrar."
Uma lágrima solitária desceu por seu rosto quando ela voltou a olhar as crianças. "Eles são tão pequenos para passarem por tudo isso."
Tomado por um impulso, segurei seu queixo delicadamente, virando seu rosto para mim. "Se você confiar em mim, posso ajudá-la a se livrar disso. Posso até ajudá-la a desaparecer por um tempo, se quiser." Meus olhos percorreram seus cabelos escuros.
"E seria o suficiente? Não tenho como mantê-los. Nunca trabalhei em nada, só sei cuidar de meus filhos." ela parecia derrotada.
"Isso é mentira. Suas contas continuam ativas, e sua renda passiva é mais do que suficiente para mentê-los." falei soltando seu queixo.
"Renda passiva? Do que está falando. Peter sempre me deixou a par de tudo. Eu não tenho nada em meu nome." sua boca se curvou para baixo. "E isso me incomoda, pois parece tão errado."
"Por que é." falei passando meus dedos por seus cabelos, ondulados. "Realmente, no nome de Amber Kane não existe nada, já no nome de Amber Bayer, a coisa é bem diferente. Posso te provar que você era uma das funcionárias mais bem pagas do MGroup."
"Continua a pensar que sou essa mulher?"
"Eu tenho certeza que você é ela, se quiser, amanhã mesmo vamos até o banco onde você é correntista, e terá acesso a sua conta bancaria novamente." ela parecia indecisa sobre isso.
"O mundo que você pinta parece tão perfeito, onde a eu do passado parecia pronta para algo como o que está acontecendo agora." sorriu de lado
"Só não acredito que sua eu do passado teria pintado o cabelo de preto. Ela era apaixonada pelo vermelho e eu concordo com ela. Te deixava muito mais bonita."
Na recepção, a senhora Thompson ainda mantinha sua vigília à luz de velas.
"Gostaria de um quarto ao lado do dela," pedi, tentando manter minha voz neutra.
"Deu tudo certo?" ela sorriu, maternal.
"Sim, mas está tarde e a chuva está forte. Partiremos pela manhã." Puxei minha carteira. "Quanto devo pelos dois quartos?"
"Da menina eu não ia cobrar," ela disse com firmeza. "Mas já que as coisas se resolveram, e percebo que você pode pagar pelos dois, vou cobrar, por que não está fácil. O valor é de 200 dólares."
Olhei ao redor do hotel desgastado. "A senhora não teria interesse em vender este lugar?"
Seu rosto endureceu instantaneamente. "Não, não tenho. Sei que o senhor é um figurão e pode comprar, mas não quero que meu hotel vire um desses lugares da MGroup." Ela me encarou diretamente. "O senhor acha que se sua mulher chegasse daquele jeito em um desses hotéis, ela seria acolhida? Lugares como aqueles só se importam com dinheiro. Nós nos importamos com pessoas. Nem todos que vêm a Aspen podem pagar por luxo."
Suas palavras me atingiram como um soco. Ela claramente não sabia quem eu era, mas havia exposto uma verdade dolorosa: em meus próprios hotéis, Amber teria sido rejeitada na porta. A ironia amarga dessa realização pesou em meu peito como chumbo.

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