Leonardo
O jato pousou suavemente na pista privada, mas o aperto no meu peito só aumentava. Eu deveria me sentir aliviado por finalmente estar de volta a Colorado Springs, longe de Positano e dos riscos que aquela cidade carregava para nós. Mas, no fundo, eu sabia que a guerra ainda não havia acabado.
Assim que o avião parou completamente, soltei o cinto e passei a mão pelo rosto, tentando afastar a tensão que dominava meu corpo. Olhei para o lado, vendo Amber ajeitar-se no assento. Suas mãos repousavam sobre a barriga, um gesto inconsciente de proteção às nossas filhas. Seus olhos encontraram os meus e, mesmo que ela tentasse esconder, eu conseguia ver a preocupação refletida ali.
"Finalmente em casa", murmurei, mais para mim do que para ela.
Amber assentiu, mas não disse nada. Apenas deslizou os dedos suavemente pela pele esticada da barriga, como se estivesse tentando se acalmar.
Atrás de nós, Magnus soltou um suspiro pesado, claramente exausto. Embora estivesse longe de uma recuperação completa, sua mente continuava afiada como sempre. A perna e o braço enfaixados restringiam seus movimentos, mas nada parecia diminuir sua determinação. Quando nossos olhares se encontraram, trocamos um aceno silencioso, um entendimento mútuo sem a necessidade de palavras.
Nos outros assentos, Nonna estava sentada com uma postura firme, como se quisesse deixar claro que não nos abandonaria naquele momento delicado. Ao seu lado, as babás cuidavam dos gêmeos, que dormiam profundamente, exaustos pela longa viagem de volta para casa.
Assim que a porta se abriu, os seguranças rapidamente organizaram a saída. Um deles abriu a porta da SUV blindada, e Amber e eu entramos primeiro. Nonna e Magnus seguiram no carro de trás, enquanto as babás e as crianças foram acomodadas em um terceiro veículo. O caminho até a mansão foi percorrido em um silêncio denso e desconfortável, cada um de nós imerso em seus próprios pensamentos, processando tudo o que ainda estava por vir.
Eu estava processando a informação que Hobbins havia me passado antes do embarque.
Martina estava livre.
O trajeto de volta para casa deveria ser reconfortante. O cheiro do ar fresco da nossa cidade, as estradas já tão conhecidas, o caminho de sempre até a mansão. Mas, em vez de alívio, tudo parecia mais pesado. Como se uma sombra invisível nos cercasse, como se o perigo ainda estivesse nos observando, mesmo que estivéssemos a quilômetros de distância da Itália.
Amber permaneceu calada ao meu lado, olhando pela janela, seu semblante carregado. Magnus, no outro carro, provavelmente estava processando tudo à sua maneira, sua mente sempre estratégica tentando encontrar uma solução para um problema que parecia não ter fim.
E eu? Eu queria explodir.
Meu maxilar estava travado, meus punhos cerrados. Cada músculo do meu corpo gritava com a necessidade de ação. Martina estava brincando com o sistema mais uma vez.
Ela tinha sido interrogada. E liberada.
Os advogados alegaram que ela estava em tratamento psiquiátrico para depressão pós-trauma, alegando que sua obsessão comigo vinha de um colapso emocional causado pelo rompimento e pela "humilhação pública". Eles estavam transformando aquela louca em vítima.
Era revoltante.
Eu sabia que isso poderia acontecer, mas ouvir a confirmação foi como levar um soco no estômago.
"Ela sempre escapa", murmurei, sentindo o ácido da raiva subir pela garganta.
Amber olhou para mim, sua expressão suavemente preocupada.
"O que foi?"
Respirei fundo, tentando controlar a fúria antes de falar. Mas falhei.
"Martina", minha voz saiu carregada de veneno. "Hobbins me disse antes do embarque. Ela foi interrogada e liberada."
Amber arregalou os olhos.
"O quê?! Como assim? Depois de tudo que aconteceu?"
Soltei um riso sem humor, cheio de ironia amarga.
"O advogado dela alega que ela sofre de depressão pós-trauma por conta da traição e do fim do nosso 'relacionamento'. Segundo eles, ela está em tratamento, vulnerável, e foi coagida pela situação." Cuspi as palavras com puro desprezo. "Estão tentando transformar aquela psicopata em uma vítima."
O silêncio dela foi mais alto do que qualquer palavra. Amber sabia tão bem quanto eu que isso não acabaria assim.
Ela mordeu o lábio inferior, deslizando as mãos sobre a barriga como se quisesse proteger nossas filhas do caos ao redor.
"Isso quer dizer que ela já está pronta para o próximo passo." Sua voz saiu quase em um sussurro.
"Não vou deixar que ela chegue muito longe. Tenho meus contatos assim como ele. Se ela quer jogar sujo, nós iremos também."

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