Amber
As ligações começaram no meio do caminho. O celular vibrava insistentemente no banco do passageiro, a tela brilhando com o nome de Leonardo.
Ele sabia.
Meu coração se apertou, e a culpa se enroscou na minha garganta como um nó sufocante. Eu queria atender, queria ouvir sua voz, mas sabia o que aconteceria se fizesse isso. Ele me impediria. Mobilizaria todas as forças possíveis para me encontrar, e Uria… Ela simplesmente desapareceria com Bella para sempre.
Respirei fundo, os dedos trêmulos deslizando pela tela antes de rejeitar a chamada. A dor daquele simples gesto foi insuportável. Logo depois, outra ligação veio. E outra. Cada vez que eu recusava, sentia como se estivesse cortando um pedaço de mim mesma.
"Me desculpa, Leo…" murmurei, a voz embargada.
Mas eu tinha que fazer isso. Minha filha estava lá fora, e eu era a única que poderia trazê-la de volta.
O local indicado por Uria não era tão afastado quanto eu imaginava, mas isso não significava que era seguro. Estacionei o carro a uma curta distância, analisando os arredores. Era um prédio velho, de tijolos escuros e paredes desgastadas pelo tempo. Nenhuma movimentação aparente, nenhuma janela iluminada.
Tudo dentro de mim gritava para eu dar meia-volta.
Mas eu não podia.
Bella estava lá dentro.
Antes de sair do carro, deslizei a mão dentro da bolsa e toquei o pequeno cabo da faca dobrável. Peguei também o dispositivo de choque e o posicionei de maneira estratégica. Eu não sabia o que encontraria ali, mas não estava indo de mãos vazias.
Peguei o celular e, rapidamente, tirei uma foto da fachada do prédio, enviando para Gabriela junto com uma curta mensagem:
"Esse é o local do endereço."
Minha melhor amiga ainda não tinha respondido nenhuma das mensagens anteriores. Mas eu não podia esperar mais.
O medo rastejava pela minha pele, tornando cada movimento mais pesado do que deveria. Minhas pernas estavam bambas, e minha respiração curta. Cada passo em direção à entrada parecia um caminho sem volta, como se eu estivesse caminhando diretamente para dentro de uma armadilha evidente demais para ignorar.
Antes mesmo que eu pudesse bater na porta, ela se abriu sozinha.
O ar ficou preso na minha garganta, e meu estômago revirou violentamente.
"Uria?" Minha voz ecoou pelo espaço escuro.
Silêncio.
O único som era o pulsar forte do meu próprio coração.
Minhas mãos deslizaram automaticamente pela barriga quando senti um leve movimento das gêmeas. Elas estavam reagindo ao meu estado de tensão.
Respira, Amber.
Você precisa se manter firme.
Dei um passo hesitante para dentro. O ambiente era grande, um galpão mal iluminado, com o cheiro de poeira e ferrugem impregnando o ar. Meus sentidos estavam em alerta máximo, meu corpo pronto para reagir a qualquer sinal de perigo.
E então…
"Mamãe!"
O som da voz de Bella rasgou o silêncio, um grito abafado e choroso.
O mundo ao meu redor sumiu.
Meus pés se moveram antes mesmo que eu pudesse raciocinar. Corri em direção à voz da minha filha, o coração martelando tão forte contra o peito que parecia prestes a explodir.
"BELLA!"

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