Martina
O sangue latejava em minha cabeça.
Não era para acontecer daquela forma.
Não era para eles terem achado aquela vadia.
Não era para Leonardo me ver assim.
O choque reverberava pelo meu corpo enquanto eu observava a cena diante de mim. Amber caída no chão, ofegante, segurando o estômago como se lutasse contra a própria vida. A pirralha encostada contra a parede, os olhos arregalados, chorando. Minha tia—Amélia, Uria—sangrando no chão, o rosto contorcido em dor.
Isso não estava nos meus planos.
Eles não deviam estar aqui.
E então meus olhos encontraram os dele. Leonardo.
Meu coração bateu forte. Eu sempre sonhei em ter esse olhar sobre mim, mas não daquela forma. Ele não me olhava com desejo. Não me olhava com carinho.
Era puro ódio.
Engoli em seco, forçando um sorriso cínico para esconder o desespero que subia pela minha garganta.
"Se você não abrir mão delas agora," minha voz saiu mais hesitante do que eu queria, mas continuei, "elas nunca sairão daqui vivas."
Leonardo soltou uma risada seca, sombria, carregada de desprezo. Ele deu mais um passo à frente, o olhar afiado como uma lâmina prestes a cortar minha pele.
"Com qual exército você acredita nessas palavras, Martina?"
Minha mandíbula trincou.
"Amber já está morrendo," cuspi, tentando recuperar o controle da situação. "Assim como as bastardas na barriga dela. O veneno que dei a ela é potente. Dentro de poucos minutos, ela estará apagada para sempre. Você nunca mais verá sua esposa nem suas filhas."
Os olhos de Leonardo brilharam com uma fúria assassina. Meu estômago revirou quando ele avançou para cima de mim. Tentei reagir, mas tudo aconteceu rápido demais. O impacto me jogou ao chão e o ar foi arrancado dos meus pulmões, minha cabeça girando.
Mas ele não olhou para mim.
Ele me ignorou completamente e foi direto para Amber, puxando-a nos braços como se nada mais importasse.
"Fica comigo, amor. Fica comigo."
Meu coração se despedaçou. Não era para ser assim.
Então, no meio do caos, meus olhos encontraram minha tia.
Ela não se movia.
O sangue ao redor dela se espalhava pelo chão, denso e escuro.
"O que…?" murmurei, tentando me erguer.
O cheiro metálico do sangue era forte. Minha tia… Minha única família…
O desespero subiu pela minha garganta, engolindo qualquer resquício de racionalidade.
"Não!" gritei, tentando me arrastar até ela, mas meu corpo estava dolorido, o medo me corroendo.
Então vi a pirralha encostada na parede, chorando, frágil.
Se eu a pegasse, talvez eles fossem forçados a ajudar minha tia primeiro e não Amber.
Minha mente girou, minha visão turva pelo pânico.
Minha tia não podia morrer.
Ela era tudo o que eu tinha.
Forçando meu corpo a se levantar, cada músculo gritando em protesto, foquei na garotinha.
Eu ainda tinha uma chance.
Eu só precisava pegá-la.
Dei um passo vacilante, pronta para me mover—
E então fui puxada para trás brutalmente.
Senti a dor antes mesmo de entender o que estava acontecendo.
Meu couro cabeludo queimou quando fui puxada pelos cabelos com uma força que me fez perder o equilíbrio.
Antes que pudesse reagir, um golpe explodiu contra o meu rosto.
Minha cabeça chicoteou para o lado e o gosto de sangue inundou minha boca.
Minha visão tremia.
Alguém estava me batendo com tudo o que tinha.
"Você…! M*****a…! Miserável…!" Eleonora gritava em italiano, sua fúria um furacão incontrolável.
Tentei reagir, tentei me livrar, mas cada tentativa era recebida com outro soco, outro golpe.
"Pare!" minha voz saiu fraca, quase um sussurro.
Mas Eleonora não me ouviu.
Tentei cobrir o rosto, mas era inútil.
"Você tocou nas minhas netas!" ela cuspiu.

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