Leonardo
O interior da ambulância era um caos. O som dos equipamentos médicos, os paramédicos gritando códigos e instruções, o bip contínuo dos monitores—tudo parecia se misturar em um turbilhão de sons que zuniam na minha cabeça, mas nada me atingia tanto quanto o sangue.
O sangue de Amber.
Ele estava por toda parte. Nas luvas dos paramédicos, nos lençóis da maca, escorrendo de sua boca entreaberta enquanto sua respiração enfraquecia.
"FAÇAM ALGUMA COISA!" minha voz saiu mais alta do que pretendia, quase um grito de desespero.
Um dos paramédicos, um homem de meia-idade com expressão concentrada, tentou me acalmar sem desviar os olhos da paciente. "Estamos estabilizando, senhor, mas ela perdeu muito sangue! Precisamos chegar ao hospital o mais rápido possível!"
"ENTÃO DIRIJAM MAIS RÁPIDO, PORRA!"
Minha mão apertava a dela com tanta força que meus dedos doíam, mas eu não me importava. Eu não ia soltá-la. Eu não ia deixá-la ir.
"Amber, meu amor, fica comigo," minha voz saiu rouca, desesperada. Me inclinei para perto de seu rosto, sentindo a pele dela fria contra meus lábios enquanto beijava sua testa. "Nós estamos quase lá, só mais um pouco. Você tem que aguentar, você me ouviu? Você TEM QUE AGUENTAR!"
Seus olhos se abriram um pouco, pesados, desfocados. Sua boca se moveu, mas nada saiu.
"Não fala nada, amor, só segura firme. Eu tô aqui. Eu sempre vou estar aqui."
O paramédico ao meu lado injetou algo na veia dela. "Pressão está caindo!" ele avisou ao outro. "Acelera, agora!"
O veículo balançou quando o motorista ultrapassou um farol vermelho, as sirenes gritando em uma última tentativa de cortar o tráfego. Meu peito parecia prestes a explodir. Eu já tinha enfrentado muita merda na vida, mas nada, absolutamente nada, me preparou para a possibilidade de perder Amber e nossas filhas.
"Fica comigo, meu amor, pelo amor de Deus," sussurrei, minha testa encostando na dela, o medo paralisando cada músculo do meu corpo.
Então, a ambulância freou bruscamente.
"Estamos chegando!"
A porta traseira se abriu antes mesmo do veículo parar completamente. Uma equipe de emergência já esperava na entrada do hospital, e em segundos, Amber foi retirada da ambulância em uma maca e levada às pressas pelos corredores.
Corri atrás deles.
"Eu vou com ela!"
"Senhor, não pode passar daqui!" Uma enfermeira se colocou à minha frente, as mãos estendidas, tentando me barrar.
"SAI DA MINHA FRENTE!" gritei, tentando empurrá-la, mas outro enfermeiro me segurou pelos ombros.
"Você precisa esperar aqui, senhor!"
"EU NÃO VOU ESPERAR PORRA NENHUMA, MINHA ESPOSA ESTÁ MORRENDO!"
Minha voz ecoou pelo hospital, chamando a atenção de todos ao redor. Mas eu não me importava. Eu não me importava com mais nada.

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