Leonardo
Observei Amber adormecendo, seu rosto finalmente relaxado depois de tanta tensão. Seus cabelos escuros espalhados pelo travesseiro me incomodavam, não combinavam com ela, não eram dela. Assim como aquela vida que Peter construiu não era dela. Como eu não percebi antes? Os sinais estavam todos ali.
Saí do quarto silenciosamente, encostando a porta com cuidado. O corredor do hospital estava quieto àquela hora, apenas o som ocasional de passos e monitores ecoando pelas paredes brancas. Me apoiei na parede, deixando escapar o ar que nem percebi que estava segurando.
Louis e Bella... meus filhos? A ideia fazia meu coração disparar de uma forma que eu não queria admitir. Suas risadas, seus olhares, até mesmo o jeito como Louis franzia a testa quando estava confuso, tudo parecia gritar uma verdade que eu estava com medo de encarar.
Puxei o celular do bolso, discando rapidamente.
"Magnus, preciso que vá para o hotel agora."
"O que houve?" sua voz soou alerta. "Martina apareceu por lá?"
"Não, mas não quero arriscar. Quero que fique com as crianças. Não confio em mais ninguém além de você nesse momento."
Houve uma pausa significativa do outro lado. "Está pensando em fazer um teste de DNA, não é?"
"Ainda não," passei a mão pelo rosto, sentindo o peso das últimas horas. "Primeiro preciso afastar Peter e Martina. Se essas crianças forem realmente minhas..." engoli em seco. "Já são alvos suficientes por minha causa. Um teste agora só pioraria tudo."
"Ah, o preço do sucesso," Magnus riu sem humor. "Quanto mais alto você sobe..."
"Não tem graça nenhuma," rosnei, começando a andar pelo corredor. "Eles são apenas crianças, Magnus. Não pediram para estar no meio dessa merda toda."
"Por isso mesmo estou dizendo," seu tom ficou sério. "Não se apegue tanto, chefe. Até que se prove o contrário, eles são filhos do Peter. E você sabe como ele é, vai usar qualquer coisa contra você."
"Só faça o que eu mandei," cortei bruscamente. "Me mande uma foto assim que estiver com eles."
"Leonardo..." ele hesitou. "Já pensou que talvez seja exatamente isso que Peter quer? Te envolver emocionalmente?"
"Magnus," minha voz saiu como um aviso.
"Tá, tá bem. Estou indo para lá. Mas pense no que eu disse."
Desliguei a chamada, irritado. As palavras de Magnus ecoavam em minha mente, misturando-se com as ameaças de Martina. E se eles não fossem meus? A ideia doía mais do que eu gostaria de admitir.
"Depois que assumi a empresa, não pensei mais nisso, mas agora, tenho certeza de que tudo foi um plano. Calton estava me investigando, só esperando o momento certo para agir. Ele causou tudo, tenho certeza, inclusive esse acidente com Amber. E eu juro que vou descobrir."
Ele bateu sua mão em meu ombro e o apertou.
"Agora você tem responsabilidades maiores. Se ele fez isso com ela, por vingança a você, como ela vai receber essa notícia? E se..." ele foi interrompido pelo vibrar do meu celular.
A foto mostrava Louis e Bella na suíte presidencial, ele fazendo uma careta engraçada e ela abraçando um urso maior que ela própria. Algo dentro de mim se aqueceu com a imagem. O mesmo sorriso, os mesmos olhos...
"O que acha, doutor?" virei a tela para ele. "São parecidos comigo?" eu não queria pensar no que ele tinha a dizer. Eu iria protegê-la, de um jeito ou de outro.
Harrison estudou a foto por um momento, seu rosto assumindo uma expressão que me fez prender a respiração. "De quem são essas crianças, Leonardo?"
O bipe insistente de uma máquina no quarto dela interrompeu nossa conversa. Harrison correu para dentro, e eu o segui, meu coração na garganta. O que ele tinha achado? Será que era apenas loucura da minha cabeça?
Amber se contorcia na cama, murmurando algo em seu sono agitado. Harrison checava seus sinais vitais enquanto eu me aproximava devagar.
"Não... os bebês... Leo, não deixa ele levar os meus bebês..."

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