Amber
Acordei lentamente, minha consciência flutuando entre o sono e a vigília. O quarto estava mergulhado em penumbra, exceto pela luz suave de um abajur que criava sombras dançantes nas paredes. Meus olhos pesados escanearam o ambiente até encontrarem a silhueta de Leonardo recortada contra a janela. Ele observava a cidade noturna, suas mãos nos bolsos, os ombros tensos sob o tecido fino da camisa.
Tentei me mover, mas cada músculo do meu corpo protestou. O movimento fez o colchão ranger levemente, e ele se virou. Seu rosto estava tão sério, tão intenso, que senti um arrepio de apreensão percorrer minha espinha. Notei que minha mão estava mais enfaixada que antes, e um acesso com medicamentos serpenteava por meu braço.
Leonardo se aproximou com passos deliberadamente lentos, sentando-se na beirada da cama. Seus olhos escuros me estudavam como se procurassem algo.
"Como está se sentindo?" sua voz estava baixa, quase um sussurro.
"Não sei bem... tudo dói," confessei, extremamente consciente de sua proximidade.
"A febre está sendo persistente," seus dedos roçaram levemente o curativo em minha mão, mas mesmo aquele toque suave fez meu pulso acelerar. "O médico aumentou a dose de antibióticos para combater a infecção."
Seu olhar encontrou o meu, e havia algo diferente nele. Uma vulnerabilidade misturada com algo mais profundo, mais perigoso.
"Me desculpe," as palavras saíram graves, carregadas de emoção.
"Pelo quê?" a surpresa me deixou atordoada.
"Por Martina. Por tudo isso," ele se levantou, e senti falta imediata de seu calor. "Se eu soubesse que ela estaria lá... deveria ter encontrado outro lugar seguro para você e as crianças. Foi uma falha que eu não pretendia cometer."
Estendi minha mão boa até ele, segurando seus dedos. O contato enviou uma corrente elétrica por meu braço. "Não tem pelo que se desculpar. Você foi o único que tentou algo por mim e meus filhos, mas..." hesitei, lutando contra a sensação de pertencimento que seu toque provocava, "preciso ir embora. Me afastar. Preciso de paz para criar meus filhos, sem medo, sem pessoas más...se você puder me ajudar a fugir..." a súplica em minha voz, fez algo dentro dele se mover.
Ele bufou, soltando minha mão e se afastando como se meu toque o queimasse. "A culpa é minha. Nunca deveria ter me envolvido com você."
"Sua?" falei sem entender. "Como assim? Como a culpa pode ser sua?"
"Estávamos juntos quando seu acidente aconteceu," ele revelou, sua voz carregada de amargura. "Você virou alvo deles por minha causa."
"Mas... você é noivo da Martina há anos? Não é?" as palavras saíram confusas.
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