Amber
Acordei lentamente, meus lábios ainda formigando com a lembrança dos beijos da noite anterior. Era como se cada célula do meu corpo tivesse despertado de um sono profundo com o toque de Leonardo. Mesmo agora, horas depois, podia sentir o calor de suas mãos, o sabor de sua boca, a forma como meu corpo respondia instintivamente ao dele.
"Para de pensar nisso," murmurei para mim mesma, tentando afastar as sensações que faziam meu coração disparar.
Me virei na cama, esperando encontrar todos ainda dormindo, mas minha mão tocou apenas o espaço vazio. Abri os olhos completamente, o pânico começando a se instalar quando percebi que Bella não estava ali. Nem Leonardo. Apenas Louis repousava sereno.
"Calma," respirei fundo, tentando controlar a ansiedade que começava a subir por minha garganta. "Eles devem estar..."
Um som de risada atravessou a porta fechada, a risada da Bella. Aquele som cristalino que sempre aquecia meu coração. Saí da cama num pulo, ignorando a tontura repentina e o quanto estava desarrumada.
Corri para fora do quarto, meu cabelo todo bagunçado e a roupa que saí do hospital completamente amassada. Parei abruptamente na entrada da sala de jantar, a cena à minha frente roubando meu fôlego.
Leonardo, impecavelmente vestido em um terno que provavelmente custava mais que tudo que já possui, estava sentado à mesa com Bella. Ele cortava panquecas em pequenos pedaços enquanto minha filha tagarelava sem parar, seus olhinhos brilhando de adoração para ele.
"E aí o monsto fugiu?" ela perguntou, pegando um pedaço de panqueca com os dedinhos.
"Não, principessa," ele riu, limpando um pouco de calda do rosto dela. "O cavaleiro espantou todos eles."
Algo dentro de mim se contraiu. Era tão natural, tão... certo. O jeito como ele cuidava dela, como se...
Não. Não podia me permitir esses pensamentos. Não ainda. Não até termos certeza.
Olhei para minhas roupas amassadas e meu reflexo distorcido no vidro da janela. Que figura eu devia estar! Tentei recuar silenciosamente para o quarto, mas esbarrei em algo, ou melhor, alguém.
"Ai!" O choro de Louis preencheu o ambiente. Meu pequeno tinha acabado de levar um encontrão da própria mãe.
"Desculpa, meu amor!" O peguei no colo rapidamente. "A mamãe não te viu!" Mas seu choro parecia aumentar ainda mais, me deixando apavorada por tê-lo machucado. "Mostre para mim onde está doendo, meu amor. Me diga?" tentava achar qualquer coisa errada, mas o meu menino só chorava.
Não percebi Leonardo se aproximando até sentir sua mão quente em minha lombar. O toque, mesmo sobre o tecido da blusa, enviou arrepios por minha espinha.
"Ei, campeão," ele se inclinou, ficando na altura do rosto de Louis. "Sabe o que temos para café? Panquecas, com calda de chocolate. A Bella adorou, não quer provar?"
Como mágica, as lágrimas cessaram. "Com chocolate?"
"Muito chocolate," Leonardo piscou, sua mão ainda em minhas costas, seu corpo próximo demais do meu. "Mas primeiro, que tal um abraço para começar bem o dia?"
"Mamãe!" a voz de Bella me alcançou. "O tio Léo tá fazendo caletas!"
As risadas das crianças ecoaram pelo corredor, e me peguei sorrindo também. Vesti o vestido azul que encontrei entre as roupas que ele providenciou, tentando não pensar muito no quanto queria agradá-lo.
Quando voltei para a sala, porém, o ambiente tinha mudado completamente. Leonardo estava ao telefone, sua postura tensa, o maxilar travado. Não era mais o homem doce que brincava com meus filhos minutos atrás, agora era o CEO da MGroup em toda sua intimidante presença.
"Resolva isso," sua voz saiu cortante. "Agora."
Um arrepio desagradável percorreu minha espinha. Era o mesmo tom que ele tinha usado na festa de caridade, quando nos reencontramos. Frio. Controlado. Como se pudesse destruir alguém apenas com palavras.
Ele desligou, seus olhos encontrando os meus por um momento antes de desviar. "Tenho que sair," disse secamente, ajustando o paletó. "Magnus ficará com vocês."
"Mas tio Léo..." Louis começou, mas Leonardo já caminhava para a porta.
"Depois, piccolo," sua voz suavizou minimamente para o pequeno, mas quando olhou para mim novamente, estava frio como gelo. "Não saiam da suíte."
A porta fechou atrás dele, deixando apenas o silêncio e a dúvida, qual dos Leonardos era real? O homem que me beijava como se eu fosse seu mundo, ou este que acabara de sair como se eu não significasse nada?

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