Leonardo
Não deveria ter saído daquele quarto. Não depois da noite que tivemos, não com Amber começando finalmente a confiar em mim, não com as crianças sorrindo daquele jeito. Mas quando a primeira mensagem chegou alertando sobre os planos de Martina, sabia que precisava me afastar. Tinha aprendido da pior forma que minha raiva podia ser devastadora, e Amber e as crianças já carregavam traumas demais.
Agora, parado neste escritório improvisado onde Magnus mantinha nossa operação em andamento, eu tentava controlar a fúria que crescia a cada nova informação. Como se não bastasse Peter e suas ameaças, Martina parecia determinada a tornar minha vida um inferno.
"Senhor Martinucci, sobre o casamento em Positano..." a voz da cerimonialista soou animada demais no telefone. "A senhorita Ricci já reservou o local para daqui a dois meses e..."
"Que merda é essa?" cortei bruscamente, entrando no escritório improvisado que Magnus estava usando.
"A capela é linda e..."
"Em Positano?" minha voz saiu como gelo. "Desde quando esse casamento está marcado?"
O silêncio do outro lado da linha foi quebrado pelo som do meu punho contra a parede. A dor irradiou por minha mão, mas não era nada comparada à fúria que corria em minhas veias.
"Cancele tudo," ordenei. "Não vai haver casamento nenhum."
"Mas senhor, a noiva já..."
"A 'noiva' cometeu um equívoco ao não me consultar," cuspi as palavras. "Não haverá casamento. Em lugar nenhum."
"Eu... talvez seja melhor eu falar com a senhorita Ricci..."
"Não precisa. Estou dizendo que não vou aparecer. E se ela prometeu que eu pagaria por algo, pode esquecer. Nem um centavo sairá da minha conta."
"Me... me desculpe pelo incômodo," ela gaguejou antes de desligar.
Minha ira só aumentava cada vez que pensava nas artimanhas de Martina. Era sempre assim, ela manipulava tudo e todos ao meu redor, construindo sua teia de mentiras com perfeição. Meus pais a adoravam, a sociedade a idolatrava, todos acreditavam na doce e devota noiva que ela fingia ser.
Mas eu sabia a verdade. Tinha visto do que ela era capaz, o preço que outros pagaram por suas obsessões. A queimadura na mão de Amber era apenas a ponta do iceberg, Martina tinha um histórico muito mais sombrio que poucos conheciam.
Fechei os olhos, tentando afastar as memórias daquela noite. Algumas cicatrizes nunca fecham completamente, e aquela... aquela eu carregaria para sempre. Assim como a culpa.
"Pelo barulho," Magnus apareceu na porta de sua sala, "acho que temos problemas."
Me joguei contra a parede, exausto. "Peter e Martina querem me enlouquecer."
"E isso é novidade?" ele riu, voltando para sua mesa.
"Claro que não, mas quando eu tinha apenas que me cuidar era mais fácil. Agora eu penso o tempo todo no que eles podem fazer contra..." não terminei a frase.
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