Amber
O silêncio que seguiu a pergunta de Bella pesou como chumbo em meus ombros. "Sim, meu amor," respondi, tentando manter a voz firme. "Mas vamos ficar em outra casa por alguns dias."
"Por quê?" seus olhos curiosos alternavam entre nós dois, e senti meu coração apertar.
Leonardo se ajoelhou ao lado dela. "O que você quer, principessa?" sua voz era suave, quase hipnótica. "Onde você gostaria de ficar?"
"Não quero voltar pra casa do papai Peter," ela respondeu sem hesitar, seus pequenos dedos brincando com o pingente que acabara de ganhar.
"E se..." Leonardo pausou, seus olhos encontrando os meus por um momento. "E se você morasse na minha casa?"
Bella franziu a testa, pensativa. "A mamãe também vai?"
Me abaixei na frente dela, ignorando o tremor em minhas pernas. "Vou fazer apenas o que você e seu irmão quiserem, meu amor," segurei suas mãozinhas nas minhas. "Se vocês não quiserem voltar para Colorado Springs, podemos ir para outro lugar."
Senti a tensão emanando de Leonardo, mas ele permaneceu em silêncio. Bella olhou para ele, depois para mim.
"Eu gosto do tio Léo," ela disse baixinho, como se compartilhasse um segredo. "Quero ficar perto dele." ela se aproximou de mim. "Ele é forte, pode cuidar de você, mamãe." suas palavras sussurradas ao meu ouvido, apertaram meu coração.
Engoli em seco, assentindo. "Tudo bem, meu amor, vamos ficar com o tio Léo, por alguns dias. Agora vai ficar com seu irmão enquanto conversamos sobre os detalhes, está bem?"
Quando ela saiu, tentei me levantar, mas minhas pernas bambas protestaram. Leonardo estendeu a mão em minha direção, seus olhos estudando cada uma das minhas reações. Hesitei por um momento, mas quando nossos dedos se tocaram, aquele calor familiar percorreu meu corpo inteiro.
"Não me compare a ele," sua voz saiu baixa, quase uma súplica. "Nunca te machuquei, nunca fiz nada contra você." Seus dedos apertaram os meus suavemente. "Ao meu lado, você sempre foi forte, determinada. Em Colorado Springs, poderá recuperar suas finanças, suas posses. Ir ao banco, retomar sua vida."
Suas mãos subiram para meu rosto, seus olhos escuros transbordando desejo. Me afastei, ignorando o protesto silencioso do meu corpo.
"Não estou feliz em voltar para perto de alguém que me fez tanto mal," as palavras saíram trêmulas. "Mas farei qualquer coisa pelos meus filhos."
Em um movimento rápido, ele me puxou de volta, uma mão em minha cintura, a outra em meu rosto. O calor de seu toque atravessou o tecido fino do vestido, me fazendo tremer.
"Você não está sozinha dessa vez," seus dedos traçaram minha mandíbula. "Não vou deixar nada acontecer com vocês."
Seu hálito quente contra meus lábios me fez lembrar da noite anterior, do sabor de seus beijos, do modo como meu corpo respondia ao dele. Era perigoso, tão perigoso...
"Me dê uma chance de provar isso," ele sussurrou, seu polegar acariciando minha bochecha. "Me deixe proteger vocês."
Fechei os olhos, dividida entre o medo e a vontade avassaladora de confiar nele. De me entregar àquele sentimento que crescia em meu peito toda vez que ele estava por perto.
"Eu não posso falhar com eles," falei o medo que sentia, ainda de olhos fechados. "Eles são tudo o que eu tenho."
"Você não está falhando. Os está protegendo da forma que pode. Me deixe ajudar com isso." meu corpo continuava a responder a seu toque, quente e firme. Seu polegar agora se arrastava lentamente por meu lábio inferior.
"Léo..." supliquei, tentando não me entregar aquele momento.
Senti mais que vi seu sorriso, e quando abri os olhos, o alívio em seu rosto era quase palpável.
"Mas o tio Léo disse que comprou para a gente." Louis falou com os olhos molhados.
"Mas ainda são dele." falei firme, para que ele entendesse.
"Então não temos nada, mamãe?" mordi o lábio, e confirmei.
De repente, um flash. O saguão de mármore de um hotel. Meus saltos ecoando contra o piso polido. Uma secretária tentando me impedir, seguranças me cercando. *"Senhorita, não podemos deixá-la entrar."* A porta de uma sala fechada à minha frente, minha mão na barriga enquanto era escoltada para fora. A sensação de impotência, de traição...
"Mamãe?" a voz de Bella me trouxe de volta. "Você tá cholando?"
Não tinha percebido as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. As sequei rapidamente.
"Por enquanto não temos nada, mas vocês sabem que a mamãe bateu a cabeça e esqueceu algumas coisas, não é?" os dois concordaram. "O tio Léo vai ajudar a mamãe a lembrar de tudo. Ele disse que conhecia a mamãe de antes, e que eu tenho muitas coisas, então assim que voltarmos, e tudo estiver resolvido, vamos morar na casa que era só da mamãe."
Os dois vibraram e os puxei para um abraço, mas minha mente estava presa naquela memória. Na sensação de desespero, na porta fechada, na mão protetora sobre minha barriga...
"Amber?" Leonardo chamou da porta. "Está tudo pronto para partirmos."
Nossos olhares se encontraram pelo reflexo do espelho. Ele estava parado exatamente onde, na minha memória, havia uma porta fechada. Uma porta que me impedia de alcançar o que eu queria.
Por que essa lembrança específica voltou agora? E por que, mesmo sem ver seu rosto na memória, eu tinha certeza de que era ele quem eu tentava alcançar naquele dia?

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