Amber
O mármore polido do saguão fez minhas pernas tremerem. Era exatamente como na lembrança, o piso branco refletindo a luz dos lustres de cristal, as colunas douradas com o emblema da MGroup...
A mão de Leonardo em minhas costas me estabilizou. Era frustrante como seu toque me acalmava, mesmo ele sendo a fonte da minha inquietação. Ele me encarou com uma sobrancelha erguida, mas me virei, ignorando seus questionamentos.
"Senhorita Bayer!" um funcionário sorriu. "Bem-vinda de volta!"
"Que bom tê-la conosco novamente, senhorita!"
"Sentimos sua falta!"
As saudações vinham de todos os lados, como se eu fosse algum tipo de celebridade. Olhei para Leonardo, que caminhava altivo ao meu lado, claramente em seu território. Aqui ele era rei, e aparentemente, eu já tinha feito parte desta corte.
As portas do elevador se abriram e uma mulher morena surgiu, derrubando todas as pastas que carregava ao me ver.
"AH SENHORITA AMBER, NÃO ACREDITO QUE VOLTOU!" ela praticamente pulou em mim, me abraçando forte. Retribuí automaticamente, lançando um olhar confuso para Leonardo.
"Nadia," ele chamou em tom de advertência.
"Quem é ela, mamãe?" Bella puxou minha blusa. "É sua amiga?"
A mulher se afastou com os olhos marejados. "Sonhei tanto com sua volta! A SC não é a mesma sem você, sabe? Todos sentem falta do seu raciocínio afiado, das suas decisões certeiras..."
Fiquei sem palavras. Ela fazia parte da minha equipe?
"Você vai voltar para o trabalho essa semana?" seus olhos de expectativa me atingiram.
"Farei uma reunião com a equipe assim que Amber se ambientar novamente," Leonardo interveio, sua voz controlada.
Nadia finalmente notou as crianças, seus olhos se arregalando. "São seus? Foi por isso que se afastou?" ela riu. "Não precisava, todos teriam adorado acompanhar o nascimento deles!"
"Nadia," Leonardo cortou, sua paciência claramente se esgotando.
Tive que conter um sorriso. Havia algo reconfortante na forma expansiva dela, na sua falta de filtro.
"Me dê alguns dias," toquei seu braço. "Logo te visito e conversamos sobre... tudo."
Ela sorriu radiante, me abraçando novamente antes de se abaixar para recolher as pastas.
No elevador panorâmico, mal registrei a vista impressionante da cidade. Minha mente estava nas reações das pessoas, no modo como falavam comigo. Não eram sorrisos falsos ou cordialidade profissional, eles realmente pareciam me conhecer, me respeitar.
A suíte presidencial era absurdamente grande, com uma vista ainda mais espetacular. Duas mulheres de branco nos esperavam, paradas como sentinelas.
"Contratei duas babás," Leonardo explicou. "Para que você possa recuperar sua vida, agora que voltamos. Mas a decisão final é sua, precisa avaliar se são adequadas para as crianças."
"Acha necessário?" torci a boca. Sempre cuidei de tudo relacionado a eles. Peter só permitia babás temporárias.
"Acho que você quer descobrir quem é e não vou mandá-los a escola, ou a qualquer lugar, até que tudo se resolva. Então, você terá que deixá-los aqui ou em minha casa."
"Isso tudo é muito repentino, Leonardo." falei enquanto as crianças eram entretidas pelas mulheres.
"Roubei um beijo seu, em uma festa da empresa. Me desculpe, mas não resisti. Você sempre me fez perder o juízo." ele se levantou se afastando. "Quando você sumiu, fazia um ano que estávamos juntos."
"E a Martina?"
"Continua como um contrato." suas palavras não faziam sentido. Algo dentro de mim continuava a criar resistência. "Amber, eu quero te devolver tudo o que Peter te roubou, mas você precisa confiar em mim se quiser que isso dê certo."
Respirei fundo me levantando e analisando todas as informações que ele estava me dando e então uma ideia brilhou em minha mente.
"Quando podemos ir ao banco?"
Ele ergueu uma sobrancelha, surpreso com minha urgência.
"Não quero mais depender de ninguém," sustentei seu olhar. "Se eu era alguém antes, quero me lembrar dessa pessoa. Não quero ser mais aquela mulher que Peter moldou, que depende das migalhas dos outros para sobreviver."
Seu maxilar travou por um momento, como se minhas palavras o tivessem atingido de alguma forma.
"Você não é um projeto de caridade, Bayer. Aquelas crianças podem ser minhas. Acha mesmo que eu não vou prover o que eles precisam?"
"Eu quero prover o que eles precisam, até me lembrar exatamente de tudo. Cada passo nosso e o que eu realmente sentia por você."
"E se você não gostar do que lembrar?" sua voz saiu baixa, quase um sussurro.
Antes que pudesse responder, um grito de Bella nos alcançou da sala. Saímos apressados, mas minha mente continuava nas palavras dele.
O que poderia ser tão ruim nas minhas memórias que até Leonardo temia?

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