Os Gêmeos inesperados do CEO romance Capítulo 54

Leonardo

O silêncio de Amber durante todo o trajeto com Magnus me consumia. Seus olhos estavam fixos na janela, mas eu sabia que ela não via nada além de seus próprios pensamentos.

Entramos no hotel pelos fundos, evitando qualquer possibilidade de mais confrontos. No saguão, porém, ela parou abruptamente diante de um dos espelhos ornamentados. Seus dedos tocaram uma mecha do cabelo negro, um negro que nunca combinou com ela.

"Existe um salão aqui?" sua voz saiu baixa, mas firme.

"Sim," respondi, estudando sua expressão pelo reflexo. "O que está pensando em fazer?"

"Estou cansada," ela se virou para mim, um brilho diferente em seus olhos. "Cansada de ser essa boneca que Peter moldou. Quero ser a Amber que todos conhecem... quero meu cabelo ruivo de volta."

Senti meu coração falhar uma batida. Seu cabelo vermelho... aquele tom único que sempre a destacou na multidão. Aquele que em dias de sol, radiava e em dias nublados, se aproximava do castanho. Uma cor única, assim como a dona dele.

"Tem certeza?" perguntei, mesmo já sabendo a resposta.

"Absoluta. Chega de me esconder." me aproximei lentamente, com medo de assustá-la.

"Não quero que faça nada do que se arrependa. Se quiser, pode pensar..."

"Estou farta de pensar Martinucci. Farta de todos direcionarem a minha vida. Você, Peter, sei lá mais quem vai aparecer, mas o controle sempre é de vocês e não meu. Chega!" ela se virou me encarando e concordei.

A levei pessoalmente ao salão, apresentando-a a Sophie, minha cabeleireira de confiança.

"Sophie, lembra-se da Amber?" questionei e a mulher sorriu.

"Mas claro! Ah querida, o que você aprontou nos cabelos?" ela falou analisando e a puxando para se sentar na cadeira."

"Eu...eu quero voltar a ser como antes, tem como?" a expectativa em sua voz, vibrou algo dentro de mim.

"Podemos tentar, mas não garanto que de primeira, a cor ficará exatamente como era, mas...não será esse preto desbotado que carrega." Amber concordou, com um sorriso tímido, brincando em seus lábios.

"Quer que eu fique?" Questionei, já me preparando para assistir.

"Não," ela falou, sem me olhar. "Vou para o quarto quando terminar."

Saí do salão sentindo uma mistura de orgulho e frustração. Era a primeira vez desde que a reencontrei que a via tomar uma decisão tão definitiva sobre si mesma, me tirar daquele momento, me deixou inquieto.

Eu queria ver a mulher de antes ser trazida a tona. Queria ser o primeiro a pôr os olhos nela. Queria estar ali para aplaudir a sua realização, mas eu respeitava sua decisão.

"Magnus," chamei-o assim que voltei para a recepção, seguindo direto para meu escritório. "Quando essas notícias começaram a circular?"

"Há menos de uma hora, senhor," ele me seguiu, tablet em mãos. "Está em todos os jornais do país. Calton está se fazendo de pai dedicado, transformando vocês nos vilões da história."

"Maldito," rosnei, pegando meu celular. Três toques depois, Hobbins atendeu.

"Já sei por que está ligando," ele se antecipou. "Entrei com pedidos de remoção de conteúdo em todos os veículos."

Meu celular voltou a tocar, e vi o nome de Martina brilhando na tela. Novamente a ignorei, sabendo que ela tinha visto as manchetes e agora sabia que havia uma história por trás daquela mulher e daquelas crianças. Eu teria que redobrar os cuidados para que ela não chegasse tão perto novamente. Ainda mais agora com as acusações de Calton.

"Senhor?" Magnus chamou da porta. "As babás ligaram novamente. As crianças viram o pai na TV."

"Merda!" murmurei. "Vamos para a suíte."

Assim que entramos, Louis correu em minha direção, seus olhinhos marejados. "Tio Léo, o papai tá bravo com a gente?"

O peguei no colo, sentindo seu pequeno corpo tremer. "Não, piccolo. Ele só está... confuso."

"Mas ele falou que a mamãe roubou a gente," Bella se aproximou, abraçando minhas pernas.

"Venham cá," sentei no sofá, acomodando os dois em meu colo. "Às vezes os adultos ficam confusos e dizem coisas que não deviam. Mas o que importa é que vocês estão seguros aqui."

"Com você e a mamãe?" Louis perguntou, brincando com minha gravata.

"Sim, com a mamãe e comigo."

Ficamos assim por um tempo, eu tentando distraí-los com histórias sobre dragões e princesas, até que a porta da suíte se abriu.

"Mamãe?" a voz de Bella saiu num sussurro.

Ergui os olhos lentamente, e meu coração parou.