Amber
Era estranho ver o ruivo voltando gradualmente ao meu reflexo. Como se uma máscara estivesse sendo removida lentamente, revelando alguém que conheci há muito tempo.
"Olha só isso," Sophie surgiu com um aplique nas mãos. "Que tal alongar? Deixar o CEO com a cara no chão?" olho para ela interessada, mas não posso falar isso.
Rindo, balanço a cabeça. "Não é nada disso. Só preciso me sentir eu mesma de novo. Se achar que o comprimento trará mais de mim, pode colocar."
"Ah, não precisa mentir," ela piscou, aplicando mais um produto. "Todo mundo sempre viu como o sr. Martinucci olha pra você. Desde sempre."
Não confirmei nem neguei, apenas pedi que continuasse. Mas suas palavras ecoaram em minha mente enquanto ela trabalhava. Como ele me olhava? Como me olha agora?
"Ele é noivo. Não quero que tenham uma impressão errada, por ouvirem essa conversa." falo olhando para minha mão, não querendo imaginar o que ela faria com esse boato.
"Ninguém gosta daquela modelo chata." ela riu. "Já você sempre foi a estrela do hotel. É assustador pensar que você não se lembra de nada."
"Pois é. Eu me sinto uma impostora nesse momento. Como se a vida que estou sendo apresentada, não pudesse ser minha. Meu noi... Calton me manipulou de uma forma que..." respirei fundo tentando afugentar todo o medo que eu ainda carregava.
"Não se preocupe. Farei você se achar novamente, assim seu cérebro vai começar a reconhecer a pessoa que você sempre foi, não há que ele tentou te transformar."
"Obrigada por fazer isso por mim." falei olhando os cabelos tomando uma nova forma.
Sophie não se contentou apenas com o cabelo. Trouxe roupas, maquiagem, até um par de sapatos. "Se é pra voltar, vamos voltar com tudo."
Quando terminou, fiquei sem palavras. A mulher no espelho... ela me parecia tão familiar. O vestido verde esmeralda abraçava minhas curvas de forma elegante, o cabelo ruivo caía em ondas suaves pelos ombros, e havia um brilho diferente em meus olhos.
Foi como ela disse, como se meu cérebro reconhecesse não apenas a aparência, mas a essência daquela mulher.
"Obrigada," sussurrei, ainda hipnotizada pelo reflexo.
"Não por isso." ela apertou meus ombros, me passando segurança. "Não se esqueça de vir me visitar regularmente, para que a gente mantenha os retoques e manutenções corretas." concordei e me levante, me virando para ela e a abraçando.
"De verdade. Não sei como agradecer." ela se afastou me encarando.
"Só vai lá, e dobra aquele homem." gargalhamos juntas, sabendo que aquilo era impossível. Ninguém dobraria o senhor Martinucci.
No caminho até a suíte, percebi os sorrisos de reconhecimento dos funcionários. Não eram sorrisos educados ou forçados, eram genuínos, como se saudassem o retorno de uma velha amiga.
"Que loucura." fiquei hipnotizada pela minha imagem dentro do elevador, controlando a minha ansiedade pela forma que todos iriam me receber.
Assim que a porta da suíte se abriu, meu coração quase parou. Leonardo estava sentado no sofá, os gêmeos aninhados em seu colo, contando alguma história que os fazia rir. Eu sempre era pega de surpresa por essa atenção que ele dedicava a eles. Algo que não era comum em nossos dias.
"É mesmo?" sorri, grata pela distração, mesmo que a tenção continuasse a percorrer meu corpo.
"De todos os sabores!" Louis completou animado.
Mas enquanto as crianças tagarelavam sobre sorvetes e sabores, eu só conseguia sentir o peso do olhar de Leonardo. Era como se cada vez que nossos olhos se encontrassem, mais memórias ameaçassem vir à tona.
"Mas eu não deixei que comessem tudo." ele se defendeu, afrouxando a gravata de forma despretensiosa.
"Não mesmo, eu queria mais." Louis falou fazendo beicinho, mas Leonardo apertou o nariz dele.
"Já conversamos sobre isso." ele o repreendeu e Louis se desculpou.
"Depois de janta, eu vou pode come mais um pouquinho." ele fez com os dedos a quantidade, e dei risada.
"Nada de doces depois do jantar, sabe disso que pequeno." passei a mão por seus cabelos.
"Olha só. Você tentou me enganar..." Leonardo o acusou, e todos rimos da carinha de espertinho que ele fez.
"Só hoje mamãe, pofavorzinho." Bela se aliou ao irmão e ambos começaram a implorar e olhei para o CEO que estava focado em mim, sem se importar com a cena a nossa frente.

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