Leonardo
"Você está errada." repeti, observando seu peito subir e descer rapidamente sob meu corpo.
"Como posso estar errada? Você tem um relacionamento com ela, não importa se é contrato ou não." seus olhos me desafiavam, mesmo quando seu corpo respondia ao meu toque.
"Primeiro," rocei meus lábios em seu pescoço, sentindo-a estremecer, "Martina não me traz qualquer sentimento a não ser repulsa."
"Mas..."
"Segundo," minha mão deslizou por sua cintura, "Peter tentou usurpar sua identidade, forçando-a ser quem nunca foi. Essa imagem de ratinha assustada não combina com você."
"Leonardo..." sua voz falhou quando mordisquei seu pescoço.
"E terceiro," ergui o rosto para encará-la, "a única mulher que já importou nessa história toda está bem aqui, debaixo de mim, tentando encontrar desculpas para fugir novamente."
"Não estou fugindo," ela protestou, mas suas mãos já subiam por minhas costas. "Só não quero ser a outra."
"A outra?" não contive o riso. "B, você sempre foi a única. Por que acha que nunca me casei? Por que acha que Martina está tão desesperada para fazer esse casamento acontecer?"
Seus olhos se arregalaram levemente. "Tem algo que não fecha...eu sinto...minha mente quer me mostrar, mas..."
"Vamos deixar que as coisas fluam novamente," deslizei meus dedos por seu rosto, "mas sem pressa. Cada memória no seu tempo."
"Não sei como você pode pensar assim. Eu não consigo tirar da cabeça que você está me escondendo algo." prendi suas mãos sob sua cabeça a encarando mais de perto.
"Não estou te escondendo nada. Eu te disse desde o começo que queria as informações que você hackeou, mas depois que descobrimos o que realmente está acontecendo, nossa relação também está voltando..."
A frustração estava me consumindo. Como fazê-la entender que o passado não importava mais? Que o que começou como uma busca por informações tinha se transformado em algo muito maior?
"Leonardo," sua voz me alcançou, mais suave agora. "Me desculpe, eu só..."
"Só o quê?" me virei para encará-la. "Só está procurando motivos para não confiar em mim? Para manter essa parede entre nós?"
"Não é isso," ela se sentou na cama, seus cabelos vermelhos bagunçados emoldurando seu rosto. "É que... cada vez que começo a me entregar, algo me puxa de volta. Como se minha mente estivesse me alertando."
"Te alertando sobre o que exatamente?" me aproximei novamente, incapaz de manter distância.
"Sobre..." ela franziu o cenho, aquela expressão de concentração que eu conhecia tão bem. "Sobre algo importante. Algo que descobri antes de..."
"Antes de Peter te sequestrar?"
Ela assentiu, mordendo o lábio. "Por que você não me conta? Por que não me diz o que eram aquelas informações?"
"Porque preciso que você se lembre sozinha," me ajoelhei na sua frente. "Se eu te contar, você pode bloquear a memória real. E precisamos da verdade, B. Toda ela."
A deixei ir, mesmo quando cada fibra do meu corpo gritava para impedi-la. Porque no fundo, eu sabia que ela estava certa. Havia algo errado, e esse algo era minha incapacidade de ser completamente honesto.
"Boa noite, Leonardo," ela parou na porta, me lançando um último olhar.
"Boa noite," respondi, observando-a partir.
Quando a porta fechou, me deixei cair na cama, passando as mãos pelo rosto em frustração. Como contar a ela sobre Martina sem perder sua confiança novamente? Como explicar que eu precisava manter aquele contrato só mais um pouco?
Mas mais importante: como fazê-la entender que nada disso importava agora?
Porque a verdade é que ela e as crianças voltaram para minha vida em um momento decisivo, e que agora eles seriam tão alvos dos planos de Martina como Francesca foi.
O pensamento me fez sentar abruptamente na cama, o gosto amargo da memória me sufocando. Não. Não permitiria que história se repetisse. Não deixaria Martina chegar perto deles como chegou da minha...
Era por isso que precisava manter alguns segredos. Não para proteger a mim mesmo, mas para protegê-los.
Por enquanto.
Até que pudesse destruir Martina completamente.
E dessa vez, faria direito.

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