Amber
A luz suave da manhã atravessava as cortinas quando abri os olhos, sentindo minha cabeça ainda pesada das discussões da noite anterior, além do sonho... um sonho perturbador que ecoava em minha mente.
Eu estava furiosa, meus dedos voando pelo teclado enquanto códigos e mais códigos surgiam na tela. Havia descoberto algo, algo que me deixou em um estado de fúria que nunca tinha experimentado antes. As imagens eram confusas, fragmentadas, mas a sensação de traição era tão real que fez meu estômago revirar mesmo agora.
Balancei a cabeça, tentando afastar aquela memória, ou seria apenas um sonho? Era frustrante não conseguir distinguir entre realidade e imaginação. Cada fragmento de memória que voltava parecia mais um pedaço de um quebra-cabeça impossível de montar.
Depois de me vestir com uma blusa de seda azul e calças pretas, meus pés me levaram automaticamente ao quarto dos gêmeos. Ao abrir a porta, fui recebida por dois pares de olhos brilhantes e sorrisos idênticos.
"Mamãe!" Bella foi a primeira a pular da cama, seus cachos castanhos balançando com o movimento.
Louis, mais cauteloso como sempre, desceu devagar, mas seu sorriso não era menos radiante. "Tô com fome, mamãe."
"Podemos i come?" Bella já puxava minha mão, enquanto Louis se aproximava do outro lado.
Sorri para as babás que já estavam arrumando os quartos. "Podem ir tomar seu café, eu cuido deles agora."
"Não se preocupe com isso, senhora, podemos ajudá-la." mas neguei com a cabeça.
"Quero esse momento com eles, não se preocupem. Quando eu precisar novamente, eu aviso vocês." ela concordaram.
"Vamos ver o que tem pra comer hoje?" perguntei, segurando uma mãozinha de cada lado.
"Quelo panqueca!" Bella declarou.
"Eu quelo leite com chocolate," Louis completou, sua pronúncia ainda infantil me fazendo sorrir.
Assim que entramos na sala, meu coração falhou uma batida. Leonardo estava lá, impecável em seu terno cinza, a barba perfeitamente aparada realçando seu maxilar forte. Ele se abaixou, abrindo os braços, e foi como se o tempo parasse.
"Tio Leo!" os gêmeos gritaram em uníssono, correndo em sua direção.
Ele os pegou com uma naturalidade que me surpreendeu, levantando-os como se fizesse isso todos os dias. Os dois se penduraram em seu pescoço, rindo, enquanto ele fingia que iam derrubá-lo.
"Vocês estão pesados! Andaram comendo pedras?" ele brincou, fazendo-os rir ainda mais.
"Não, tio Leo! A gente comeu comidinha de vedade!" Bella respondeu.
"Comida aqui da sua casa," Louis falou, pontuando.
Algo dentro de mim se aqueceu ao ver aquela cena. Era como se... como se fosse assim que as coisas deveriam ser.
Na mesa do café, as crianças se sentaram entre nós, criando um caos organizado de risos e comida.
"Bella, a panqueca não vai fugir," Leonardo riu, cortando um pedaço menor para ela.
"Mas tá tão gotosa!"
"Meu Deus, Leonardo. Eles são tão perigosos assim?" falei sentindo minha mão tremer, e me afastei dele.
"São. Não podemos dar espaço para eles."
"Mas Martina também é italiana." falei e ele concordou.
"Mas não é bem vista no país, diferente da minha família. Não se preocupe. Com essas medidas, nada vai acontecer a vocês."
"Com a intervenção do consulado, teremos como impedir que eles fraudem o exame?"
"Vai dificultar muito," ele se inclinou para frente. "E ainda faremos um terceiro teste, fora de Colorado Springs. A parceria com o consulado só será revelada na audiência."
Senti um peso saindo dos meus ombros. "Você realmente pensou em tudo."
"Eu prometi que ia proteger vocês," sua voz estava mais baixa, mais intensa. "E vou cumprir essa promessa."
"Tio Leo!" a voz de Bella quebrou o momento. "Vem ver o que eu desenhei!"
Nos olhamos por alguns segundos, aquela eletricidade familiar vibrando entre nós. Me levantei primeiro, indo até as crianças e me sentando no chão com elas. Seus abraços eram como âncoras, me mantendo firme quando tudo mais parecia incerto.
Quando olhei novamente para Leonardo, ele estava ao telefone, suas costas tensas sob o terno. Algo em sua postura tinha mudado completamente. Sem dizer uma palavra, ele saiu da sala, me deixando com mais perguntas do que respostas.
"Mamãe, olha!" Louis me mostrou seu carrinho favorito, e me forcei a sorrir, empurrando para longe a sensação de que havia muito mais nessa história do que ele queria me contar.

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