Amber
A manhã tinha sido divertida, quase me fazendo esquecer dos problemas que nos cercavam. Mas assim que entramos no laboratório e vi Peter Calton sentado na sala de espera, senti como se todo o ar tivesse sido sugado do ambiente.
Louis apertou meu pescoço com mais força, escondendo o rosto em meus cabelos. Bella, nos braços de Leonardo, fez o mesmo. O silêncio das crianças era ensurdecedor, elas, que minutos antes tagarelavam no carro, agora estavam mudas de medo.
"Vem, vamos sentar aqui," Leonardo guiou-nos para o canto oposto da sala, enquanto Magnus e outros dois seguranças formavam uma barreira discreta entre nós e Peter.
"Mamãe..." Louis sussurrou tão baixo que mal pude ouvir. "Ele vai me leva embola?"
Meu coração se partiu. "Não, meu amor. Ninguém vai te levar."
Do outro lado da sala, Peter nos encarava com um olhar que me fez estremecer. Leonardo deve ter percebido, porque sua mão encontrou a minha, apertando-a levemente.
"Principessa," ele falou suavemente com Bella, que ainda tremia em seus braços. "Quer ouvir uma história sobre quando eu era pequeno na Itália?"
Ela assentiu contra seu ombro, ainda sem erguer a cabeça.
"Tinha um gato na nossa villa," ele começou a andar de um lado para outro com ela. "Um gato muito esperto que adorava roubar as linguiças que minha nonna fazia..."
Vi um pequeno sorriso se formar no rosto de Bella.
"Sr. Calton?" uma enfermeira chamou, e senti meus músculos relaxarem um pouco quando ele saiu da sala.
"Magnus," Leonardo chamou baixo. "Como ele está aqui? Não deveria estar preso?"
"Pagou fiança, senhor," Magnus respondeu. "Está sendo processado por tentativa de assassinato e lesão corporal dolosa, mas conseguiu liberação provisória."
Leonardo soltou um palavrão em italiano que preferi fingir que não entendi.
"Como esse bastardo pode conseguir tantos privilégios? Mande Hobbins dar um jeito nisso, não o quero perto de nós. Poderiam ter marcado em horário diferente." ele estava frustrado, e eu também.
"Família Martinucci?" a enfermeira chamou, e meu estômago deu uma volta.
"NÃO!" o grito de Peter ecoou pela sala assim que ele voltou. "Eles não são uma família! Aquelas crianças são MINHAS!"
Louis começou a chorar, e Bella se agarrou ainda mais a Leonardo.
"Vou arrancar até o último centavo seu por isso, Martinucci!" Peter avançou, mas os seguranças o contiveram. "Como ousa tentar roubar meus filhos?" ele tinha uma necessidade de provar isso, que não existia nos anos que passamos juntos. Antes as crianças eram meros problemas, agora pareciam que elas eram sua prioridade.
"Vamos," Leonardo formou uma barreira com seu corpo enquanto passávamos. "Não olhe para ele."
"Pelo visto voltou a ser a prostituta do CEO, não é, Amber?"
Leonardo finalmente se acalmou, pegando Bella de volta dos braços de Magnus. Ela ainda chorava baixinho.
"Tio Leo..." ela soluçou. "Quelo i embola."
"Já vamos, principessa," ele beijou sua testa. "Só mais um pouquinho."
Enquanto seguíamos a enfermeira pelo corredor, ainda podia sentir o olhar de Peter em minhas costas. As palavras dele ecoavam em minha mente, me fazendo questionar cada decisão que tinha tomado.
"B," Leonardo chamou suavemente quando entramos na sala de coleta. "Não deixa ele te abalar. É isso que ele quer."
"Eu sei," respondi, tentando sorrir enquanto ajudava Louis a se sentar na maca. "Mas as crianças..."
"Elas vão ficar bem," ele garantiu, sentando ao meu lado com Bella. "Nós vamos ficar bem."
Olhei para ele, para as crianças assustadas, e então para a porta onde sabia que Peter esperava. Um fragmento de memória tentou surgir, um teste em minhas mãos, um sorriso brilhante no meu rosto, refletido pelo espelho de um banheiro. Eu sabia da gravidez, e estava feliz com ela. Não foi como descobrir na casa de Peter, essa sim foi um presente.
"Senhora?" a enfermeira me trouxe de volta ao presente. "Podemos começar?"
Assenti, abraçando Louis mais forte enquanto ela preparava o material. Tinha que ser forte. Por eles. Por essa família que, mesmo que Peter negasse, já éramos.

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