Amber
"Mamãe, acoda!" a voz doce de Bella invadiu meu sono. "Já é dia!"
"Muito dia!" Louis completou, pulando na cama.
Abri os olhos devagar, sentindo o peso do corpo ainda pedindo mais algumas horas de descanso. Depois de falar com Leonardo, tinha finalmente conseguido relaxar um pouco, mas parecia que tinha dormido apenas alguns minutos.
"Que horas são, meus amores?" perguntei, puxando os dois para um abraço apertado.
"O sol já nasceu!" Bella declarou como se isso explicasse tudo.
"Cadê o tio Leo?" Louis perguntou, seus olhinhos curiosos me encarando.
Engoli em seco, lembrando da promessa que tinha feito. "Ele está muito ocupado na empresa, amor. Mas assim que puder, vem ficar com a gente."
"Mas eu piciso falar com ele!" Bella bateu o pé na cama. "É muito impotante!"
"É mesmo?" ajeitei seu cabelo bagunçado. "E que assunto tão importante é esse?"
"É seguedo!" ela cruzou os braços, fazendo biquinho.
Ri, sentindo meu coração mais leve com sua seriedade infantil. "Então tá bom. Vamos tomar café e depois mandamos uma mensagem para o tio Léo e descobrimos que horas ele vem para cá."
Eles correram animados para a sala enquanto eu ficava para trás, precisando de alguns minutos para me recompor. No banheiro, joguei água fria no rosto, tentando afastar as olheiras que denunciavam a noite mal dormida. Troquei o pijama por uma calça jeans e uma blusa solta, e por fim passei um pouco de creme no rosto, tentando parecer mais apresentável do que me sentia.
No espelho, meu reflexo mostrava o cansaço que eu tentava esconder. Respirei fundo várias vezes, lembrando que precisava manter a serenidade, as crianças eram sensíveis demais para não perceberem quando algo estava errado.
Quando voltei para a sala, notei que o segurança da noite anterior tinha sido substituído por um rosto desconhecido. Meus dedos encontraram o celular no bolso da calça, coçando para discar o número que já tinha decorado. Será que poderia ligar do meu próprio número? Leonardo atenderia?
Ao olhar para o relógio me surpreendi, já passava das 10 da manhã. O corpo ainda pesado do sono recém-interrompido dava sinais de que tinha conseguido descansar mais do que imaginava, mesmo que não parecesse suficiente.
"Bom dia, senhora," Magnus entrou na sala, seu rosto sério como sempre.
"Magnus," chamei baixinho, me afastando das crianças que brincavam no tapete. "Como estão as coisas? O hotel?"
Ele olhou ao redor antes de responder. "Detectamos algumas movimentações suspeitas. Acreditamos que os homens de Calton estão tentando se infiltrar no local."
Meu coração gelou. "E agora?"
"Leonardo ordenou a transferência de vocês para a casa dele."
"Casa dele?" franzi a testa. "Por quê?"
"Isso apenas ele poderá explicar," Magnus respondeu diplomaticamente. "Mas precisamos ir agora."
"Agora?" arregalei os olhos. "Mas como..."
"Surpresa!" tentei soar animada. "Mas primeiro precisamos arrumar algumas coisas, okay?"
Enquanto ajudava as babás a organizarem o essencial, minha mente vagava para um quarto de hospital do outro lado da cidade. Como Leonardo estaria? Seus pais já teriam chegado? E por que essa mudança repentina para sua casa?
"Senhora?" Magnus chamou da porta. "Os carros estão prontos."
Assenti, pegando Louis no colo enquanto Bella segurava minha mão. Saímos do quarto que tinha sido nosso refúgio nas últimas semanas, cada passo ecoando no corredor silencioso do hotel.
"Mamãe," Bella apertou minha mão, sua voz pequena. "Por que o tio Leo não veio buscar a gente?"
Meu coração apertou. Como explicar para uma criança de dois anos que o príncipe dela estava em um leito de hospital? Que tinha levado um tiro para nos proteger?
"Ele mandou o Magnus," respondi suavemente. "Para nos levar até a casa dele."
"A casa do pincipe?" seus olhinhos brilharam. "É um castelo?"
Sorri, sentindo as lágrimas querendo brotar. Mesmo em meio ao caos, eles conseguiam ver magia em tudo. Era por isso que Leonardo tinha levado aquele tiro, por proteger essa inocência, essa pureza.
Nossa casa? A dele?
Não importava. O que importava era que pela primeira vez desde que acordei sem memória, eu sabia exatamente onde pertencia: ao lado dele, criando um lar seguro para nossas crianças. Porque sim, tinham que ser dele - não apenas pela forma como os olhava, ou como seu rosto se iluminava quando eles corriam em sua direção, mas porque em algum lugar dentro de mim, nas memórias que ainda lutavam para voltar, eu sabia que não havia pessoa melhor para aqueles pequenos do que Leonardo Martinucci.
E talvez fosse esse o verdadeiro motivo da minha angústia: não era só medo pelo homem que estava em um leito de hospital, era medo de perder essa chance de sermos, finalmente, uma família.

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